Arquitetura contra a sorte

O teu projeto cativa o meu ser maluco e fortuito

De mil maneiras, sim, que não sei mais dizer

Com três pontas traçaste a união do meu ser outrora em luto

Ao teu vívido projeto de vida e poder

O mancebo aprecia as cores do campo

Lincencia-se a idea da tenra juventude

A íris dos teus olhos enche o arco da minha história, no entanto,

Com a premissa de viver contigo, pleno, na plenitude

Tirei a borboleta e o parafuso da caixa, já estão prontas

As ferramentas da minha singela amorosa oficina

Pós expediente busco-te, onde te encontras?

Venha, completemos enfim a nossa sina

Um modelo desenvolvido na tardia revolução

Fez-me pensar nos testes do acaso, às portas fechadas

Com classe, aproximo do teu rosto, arcaico em ascensão

Lindo e jovem, expressões arqueadas

A caneca transporta o líquido dinâmico e efêmero

O meu ser evita a existencial crise, de Janeiro a Janeiro

Importa-te brincar comigo? Sou eu o teu isômero

Sólido o bastante para abraçar-te por inteiro

Antes de pular de uma pedra, lembre-se da terapia

Afinal, os sólidos também sofrem impacto, suponho

Minha viscoelasticidade migra para um sentimento que se adia

Não negue hoje, meu amor, aquilo que te proponho...

Construa, sem vergonha de ser feliz

As plantas do nosso projeto, do nosso castelo, num passo consorte

Racional somos, somos o nosso próprio país

Democracia de uma arquitetura sincera contra a sorte

Ni Scruton
Enviado por Ni Scruton em 08/12/2022
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