Mar de Rosas
Título: " Mar de rosas."
texto ficção
Olá caros leitores, eu me chamo Alberto Costa e vou dividir um pouco com vocês sobre uma época na qual eu realmente fui feliz ...
Ainda me recordo como se fosse ontem do ano de mil novecentos e oitenta e dois, a estação do ano, era primavera e na televisão passava uma novela de Janete Clair, chamada: Sétimo Sentido.
A vida era excelente, andávamos pelas ruas sem ter medo da violência e eu tinha ao meu lado o grande amor da minha vida, porém hoje vejo que tudo não passou de uma grande ilusão porque a própria vida me levou aquele amor, que havia me presenteado e essa se tornou uma ferida que até hoje nunca cicatrizou...
Eu tinha 17 anos de idade e estava no último ano do colegial, então conheci uma jovem chamada Amanda, foi amor à primeira vista e daí em diante iniciamos uma amizade e por fim engatamos um namoro. Ela foi a minha primeira namorada, mas até do que isso Amanda era minha alma gêmea, se ela ainda estivesse viva eu tenho certeza de que o destino iria nos propiciar muita felicidade!Nós dois vivemos aquele ano de oitenta e dois, intensamente, mas mesmo com tudo isso eu não sei explicar ... mas parecia que um dia eu iria perde-la ou para o tempo ou mesma para a morte, sempre quando olhava dentro de seus olhos via ali a minha alma refletida nela, tínhamos muitos sonhos incomuns e nunca amei uma mulher como amei aquela menina que marcou a minha juventude ... quando estávamos juntos ambos se sentiam completos.
Eu era um jovem inocente que adorava ouvir Renato Russo e ler as obras de Umberto Eco, estava vivendo um sonho em forma de amor verdadeiro, era o que me fazia não ter medo do futuro...
Planejavamos nos casar, no final de oitenta e cinco, eu filho de um militar do exército, convivia com muita rigidez dentro de minha casa, onde meu pai fez durante muito tempo parte da censura que regia os dias duros da ditadura militar, eu podia sentir o sofrimento das pessoas que ele perseguia ... mas infelizmente nada eu podia fazer pois ainda era um moleque e estava sobre o julgo de meu pai, minha mãe também sofreu muito nas mãos dele: um homem, extremamente frio que não sabia demonstrar amor. Todo esse amor que ele não sabia demonstrar para nossa família, explodia em meu peito por Amanda, a garota do colegial!
Nos casamos e após um longo namoro seguido de um noivado, o fruto máximo do nosso amor foi a nossa filha Ana Laura, que hoje em dia ocupa o lugar de sua mãe em meu coração, eu sei que eu era feliz e não sabia...
Acredito ter sido vítima do tempo, pois cada dia de sorriso é um dia menos na nossa existência, a vida passa tão depressa que nos leva para a morte a passos curtos ... minha esposa Amanda engravidou de nossa filha em oitenta e sete e um ano e meio depois foi descoberto um câncer no útero dela, na qual Amanda foi tirada do nosso seio perdendo essa batalha, hoje em dia sou ateu não acredito mais em Deus porque se ele me amasse de verdade, jamais teria tirado aquela que foi a mulher da minha vida e levado para junto dele, se é que ele existe...
Minha felicidade foi destruída, a minha família desmembrada de uma maneira irreparável, hoje tenho medo de amar novamente e ser roubado outra vez...
Eu segui os mesmos passos de meu pai no exército mesmo sabendo que meu sonho nunca foi aquilo, não gostava de pegar em armas nem mesmo de rigidez...
Na verdade o meu grande sonho sempre foi um ser um artista: adorava desenhar mas optei por enterrar esse sonho junto com a Amanda que era sempre quem adorava ver os meus desenhos, após a morte dela, fiquei completamente sem rumo... o chão deixou de existir abaixo dos meus pés, eu não sabia para onde ir... fiquei cego para o Futuro e foi como que um tiro no peito que não me matou mas me deixou inválido na arte de amar! Amanda se foi e vida nunca vou encontrar uma mulher com ela, só queria olhar para ela pela última vez e ver aquele olhar que até hoje busque muitas mulheres mas que eu sei nunca vou encontrar em mais ninguém, porque a doçura do seu olhar ela levou consigo...
Após todo sofrimento que passei acabei de criar minha filha sozinho até que conheci Clarice no ano de mil novecentos e noventa e dois, que na verdade era a professora de minha filha e acabamos desenvolvendo um carinho mútuo, nos casados e sentia que ela era como uma amiga e sentia também no íntimo de minha alma, que nunca poderia amá-la de verdade, se Clarice se estiver lendo este desabafo gostaria que não me levasse a mal ... porque você sabe da minha história sabe também de tudo que eu sofri para chegar até aqui, em minha vida eu provei o doce e o amargo! O pior sentimento que pode existir é encontrar um grande amor e perdê-lo.
Hoje em dia a minha filha têm 34 anos e é uma réplica fiel de Amanda! Ela está é casada com meu genro Tomás ... eu sei que pode ter ser egoísmo de minha parte, mas senti uma enorme dor em meu peito ao dar a sua mão para outro homem e ficar sozinho...
Hoje sou separado de Clarice, porque ela não aguentou o fato de eu ser um alcoólatra, que me acabei de tanto sofrer...
A razão do meu viver ficou lá dentro daquela lápide fria que soltou a minha mão e desceu para o seio do universo me deixando aqui ... estou vivo e ao mesmo tempo morto por dentro, me apoio em goles amargos de wisk e solidão...
Ainda domino os meus atos, mas os meus pensamentos infelizmente não ...
Amanda aonde quer que esteja, eu sei que eu também fui o teu grande amor e peço que um dia tu me leve contigo e acabe com esse terrível sofrimento que me abateu a trienta e quatro anos atrás...
Por que roubaram o meu tesouro?
Aprendi que o grande pecado do tempo é que: ele passa e a gente não sabe o que deixou ou o que ainda pode vir a conquistar, mas quando diante do presente sabemos o que perdemos...
E essa é a minha declaração de amor para Amanda Gonçalves a mulher que eu espero vim buscar a minha alma o dia que Deus resolvi acabar com esse sofrimento se é que Deus existe...
Só agora me dei conta de que escrevo ainda marejado de bebida, que eu vivi durante muito tempo em um mar de rosas, mas que as rosas a vida levou embora e só deixou um mar de sofrimento e dor.
Fim?