Reticências...
... mas são breves os laivos de dor e intensos os borboleteios nos sentidos. A suavidade da vinda assemelha-se à da ida e então os meus passos não poderiam estar sós nas noites libertas de sonhos frementes.
Há um tempo que não é só de esperas. É de rumos e de pedaços de histórias nossas sempre vindo a bailar, escrevendo desejos em braile na flor da pele.
Meus dias, tosca fotografia de um mormaço misterioso, mas sonhos trazem a calmaria de um dever cumprido por não obrigar-se a acontecer. Desde que pus meu coração nas mãos e mandei que seguisse o curso que o sangue descrevia rápido em minhas veias, sinto mais que vivo. Sonho mais que pude.
Na fumaça que eu sinto menos densa, limpo meus pulmões para sentir mais vivo o seu cheiro que ficou impregnado em minhas narinas, meus poros, nos meus sentidos.
Eu sempre tive certeza de quando era a hora e mesmo agora eu sei que ainda há páginas sendo escritas com reticências assumindo um que de interrogações, mas ao mesmo tempo exclamando amor com lucidez imperativa.
(As noites tórridas, os acordes mais calmos, os passeios furtivos, os beijos furtados, nós e a pouca preocupação por muito sentir felicidade em respirar o mesmo ambiente... tudo isso está entre parêntesis, esperando que algumas aspas venham dar conta de excertos de nossa autoria, de algum traço que venhamos a desenhar em braile na flor da pele, num arrepio tangível, para então ler com a ponta dos dedos um perfume de flores e um novo capítulo do livro de nossos dias).
...porque esta é uma história que não concebe o que seja fim, sem antes poder colher de algum descuido os traços de um sim.