REENCONTRO

O telefone tocou bem cedo. Do outro lado da linha a mesma voz, agora mais madura se identificou. Nem precisaria, pois reconheci de imediato. Causou-me arrepio ao aceitar uma visita rápida, afinal me encontraria com uma paixão antiga, daquelas que me fez sofrer muito. Tentei imaginar como seria o encontro, como estaria pessoalmente, como me comportaria diante de alguém tão importante no passado.

Passei a amanhã toda tentando adivinhar qual seria minha reação pensando como tudo voltaria nas nossas lembranças. De um relacionamento conturbado, cheio de ciúmes e brigas, de encontros e desencontros, de momentos felizes, de amizade sincera, de um amor paternal, de um amor possessivo. Quanto sofrimento com sua imaturidade, com as suas traições, ou talvez, nem tocar-mos-ia nesses assuntos e relembraríamos somente os momentos felizes que por sinal, também foram muitos.

As horas estavam passando rapidamente, uma ansiedade ameaçava tomar conta de mim. Precisava relaxar e demonstrar que aquele momento não me abalaria. Chega mensagem pedindo minha posição, dou o endereço e meu coração já começa a disparar, fico irrequieto, ando pra lá e pra cá, passo as mãos no cabelo, respiro fundo, precisava demonstrar que sua presença não me faria ficar agitado. Abro a porta, acompanho seus passos em minha direção, meu coração quer sair pela boca. Sorrio, tento parecer normal, pergunto coisas desconexas, peço para se sentar e ofereço uma água ou um café e diante de suas negativas me sento também.

Agora já mais calmo encosto-me à poltrona, fito seus olhos, faço perguntas do passado, relembro pessoas que nos foram comuns na época. Estranhamos como nossos destinos se cruzaram, parecia que eu passaria a vida inteira ao seu lado e hoje ao meu lado, senti que nada é para sempre e que tomei a decisão certa.

Se consegui tirar você do coração... Sim,

Se consegui tirar você da minha cabeça... Aí eu já não sei.