O SHEIKE E AS ESPOSAS GÊMEAS

 

A irmã gêmea de Shadia, estava prometida desde bebê, para ser a primeira esposa do Sheik herdeiro Zain e ele não tinha olhos para outra pessoa, muito embora desde sempre, Shadia o amava mais que tudo, e em segredo.

Desde a primeira refeição que Sheik fez em sua casa, e Shadia fitou aqueles olhos negros inquietos, logo se apaixonou.

Rejeitou o sentimento, mas quanto mais refutava, sua mente, mas ele se aprofundava cada vez mais.

Ambas eram belas, mas a irmã Shamila era mais alta, mais esbelta e mais culta. Versada em várias línguas e formada em Linguística.

Shadia se interessava mais pelas coisas espirituais, Poesia, Música, Dança e Filosofia. Desde menina iniciou-se em música erudita tocava bem as cordas da harpa e do violino. Dominava todas as danças árabes, desde a dança do ventre, até a dança das espadas, as do punhal e outras. Tudo com uma graça encantadora com seu corpo miúdo e flexível.

Logo chegou o Dia das Núpcias e enquanto todos se voltavam para as festividades do casamento mais falado, Shadia se enclausura na casa de sua avó paterna, fingindo estar com o pé quebrado. Disseram que o acidente aconteceu na Universidade e que lá mesmo no Centro Médico ataram seu pé.

Mas, não suportou guardar seu segredo e se confidenciou com sua Avó querida, que tentou lhe consolar pois ela mostrava que estava sofrendo muito.

O tempo foi passando e um belo dia a irmã chamou Shadia para uma conversa. Para surpresa dela a irmã pediu que ela se escalasse para ser uma das esposas que seu marido estava a procurando. Ela se anunciaria como voluntária, pois preferia que fosse ela a outra estranha. E ambas fariam o possível para afastar qualquer outra mulher do harém do Sheik .

Shadia aceitou e para surpresa doSheik, a esposa Shamila justificou que aceitaria de bom grado, pois sentia muito a falta da irmã gêmea e que seria também uma ótima companhia para vencer o tédio toda vez que ele viajava.

O casamento aconteceu para felicidade de Shadia, embora o Sheik Shain não se mostrava tão interessado assim, deixando-a triste e frustrada.

Na noite de núpcias a irmã preparou todo o ritual com banho de pétalas de rosa, sândalos, e aromas afrodisíacos. Mas o Príncipe disse que iria dormir com Shamila pois ainda a via como uma irmãzinha mais nova e precisava de tempo para se acostumar a vê-la como mulher.

Shadia entristecida, a tardinha, resolveu se distanciar do palácio e para a irmã não entender o que acontecia em sua alma, enclausurou-se em uma área distante no sótão e foi tocar seu violino.

O Sheik havia saído para cavalgar com Shamila e aproximando-se ouviu aquela linda melodia e indagou para a primeira esposa. Ela prontamente falou orgulhosa dos atributos da irmã e solicitou que logo após o jantar, o Sheik a chamasse para dançar.

Shadia dançou radiante. Uma, pela arte majestosa de sua dança, depois pela tristeza que sua alma irradiava conseguindo concentrar tudo em seus gestos. E assim, com os olhos presos nos olhos do Sheik surpreso, ela despertou sussurros entre todos os presentes, incluindo os aplausos de Sua majestade , o Rei.

Terminada a dança Shadia desapareceu do recinto e sendo solicitada falou que estava levemente indisposta. Isso não se classificou como uma rejeição ao noivo desde que antes ele já havia dito que ficaria com a primeira esposa.

Ela pensava consigo: só ficarei com ele quando tiver certeza que ele a ama.

Logo no outro dia, recebeu um comunicado para comparecer ante sua majestade para receberem uma candidata que viera da Libia para ser escolhida como a terceira esposa pelas duas primeiras.

As gêmeas combinaram como iriam se comportar. E para surpresa do Sheik e da Corte, elas puseram tantos defeitos na candidata que logo as visitas se foram. O Sheik, irônico entendendo a manobra das duas chamou-as para passear e, portanto conversa sobre tudo, nos jardins. Mas, antes que Shamila terminasse de se vestir adequadamente, Sheik e Shadia, que haviam se distanciado um pouco do palácio, foram raptados por bandoleiros locais, driblando a guarda do Palácio.

Ambos amarrados foram jogados em um celeiro, um frente ao outro, pelos encapuzados audaciosos.

Após os primeiros momentos de surpresa, o Sheik pediu perdão a Shadia por não a ter protegido. Depois de ambos gritarem e entenderem que estavam distantes e sós, tentaram em vão se desamarrarem.

Nessas tentativas fracassadas que os deixam exaustos, renderam-se. O Sheik reclamava ansioso enquanto ameaçava demitir toda sua guarda. Mas seus gritos e ameaças foram em vão. Viram pelo tempo que galopavam que estavam muito distantes do palácio..

Deitados no chão, nesta altura com fome e sede, viram um pouco de água numa moringa e pedaços de pão em um vasilhame. Arrastando-se e se ajudando mutuamente conseguiram se alimentar. Depois sentaram próximos um ao outro, e o Sheik falou:

- Fiquei fascinado com a sua dança e o tocar de seu instrumento ainda ressoa em meus ouvidos.

-Como é possível que dance tão bem e eu nunca a tenha visto, nem ouvido você tocar?

- Foi a primeira vez que eu dancei para alguém. E você nunca me olhou como uma pessoa mas sim como sua irmãzinha, lembra?

Ele aproximou-se aos supetões até chegar mais perto de Shadia, que devido a viagem havia rasgado parte de suas vestimentas.

Olhou-a nos seios meio descoberto a qual e ela desviou-se.

Ele reclamou: - Sou seu marido, lembra?

- Não, respondeu ela. Lembro que sou sua irmãzinha, e que você precisa de um tempo para se acostumar com essa ideia recente de esposa.

- Não me importa o que eu disse antes. Importa-me o que sinto agora. Estou queimando de desejo por ti, desde o momento que te ouvi tocar e te vi dançar. Quero que sejas minha mulher, o mais tardar que essas cordas se rompam.

O coração de Shadia disparou e uma onda de desejo lhe invadiu o corpo. Virou o rosto rapidamente mas o Sheik entendeu que era retribuído com o mesmo ardor.

Aproximou-se mais e jogou seu corpo sobre o dela que se desviou. Ele cheirou seus cabelos e foi lhe beijando a testa, a face e ela ainda resistindo, até ele tocar-lhe os lábios e sugar sua língua. Olhou-a e vendo seu rosto enrubescido, o coração disparado disse-lhe:

- Pareces me amar de verdade? Sinto tanta emoção em teu semblante e em tua boca inexperiente. Já fostes beijada antes?

- Isso não interessa agora. Não vê o nosso estado? Fomos sequestrados.

- Ah, me interessa isso sim. Mais que tudo em minha vida agora. És minha Princesa! Por escolha da tua própria irmã...Conferes?

- Pois sim. Escolha de minha irmã. Não é tua escolha. Ao contrário, me rejeitaste! Desde muito tempo me rejeitaste a primeira e segunda vez. Escolheste sempre Shamila .

- Estou a ver uma reclamação enciumada, Shadia? Tu já me amavas antes? Diz-me a verdade . Ficarei imensamente feliz! - -

-Estou a me apaixonar por ti, entendes?

Ela não acreditava no que ouvia. Passou anos de sua vida ouvindo essas mesmas palavras em seus sonhos.

Deixou-o colocar os ombros sobre seus ombros, olhá-la nos olhos e aproximar seus lábios para um longo beijo.

Ali era um momento único. Apenas aquela respiração ofegante de um sobre o rosto do outro e o toque de pele de ambos já era uma sensação incrível.

Ficaram neste estado de encantamento e beijos, até o amanhecer. Até que acordaram com um chamado breve. Ouviram atrás da porta: - Tomem essa chave e fujam. Corram sempre para o norte, atravessem o rio para os cães não farejarem seus cheiros e fiquem numa cabana abandonada a léguas daqui, e sempre em frente. Mais adiante, vão encontrar uma casa abandonada . Enquanto isso vou dar um jeito do rei saber o paradeiro de vocês . Quanto a mim, sei me virar não se preocupem pois depois irei cobrar o que me devem. Quem os colocou aqui, só virão amanhã pela manhã, portanto corram...

A senhora cortou-lhes as cordas e eles seguiram em frente. Atravessaram sem dificuldade o rio e quando pensaram que não iriam mais aguentar de tanto andar, encontraram a palhoça abandonada. Foi aí que o Sheik lhe adiantou uma esperança:

- Caso aguente, vamos até nossa casa de caça que não fica tão distante daqui. Lá estaremos seguros. Temos uma chave dela enterrada no pé de um Carvalho logo à sua frente. Teremos provisões por até uma semana, e será tempo suficiente para meu pai nos achar.

Ao chegarem encontraram tudo como esperavam. Exaustos conseguiram descansar sem ao menos tomarem banho. Comeram frutas e enlatados. Acenderam a lareira e ficaram sentados agarradinhos junto ao fogo. Não se falavam. Olhavam-se longamente e depois se beijavam.

Á noite, enquanto faziam amor, ela lhe disse baixinho: - Sempre te amei. Pensava em ficar contigo assim, ao mesmo tempo que sabia que amavas minha irmã. Mas não havia remorso, pois este sentimento chegou sem que eu quisesse, ou o controlasse! Veio assim como vem esse vento frio e a gente não sabe de onde ele vem... Vem de uma força maior!

No outro dia acordaram com o barulho dos cães. Foram encontrados. Shamila correu, abraçando ambos.

Viveram juntos em harmonia dividindo amor, filhos e filhas que ao mesmo tempo eram sobrinhos e sobrinhas... conforme a cultura árabe permite!

 

 

 

 

 

Tânia de Oliveira
Enviado por Tânia de Oliveira em 25/08/2022
Reeditado em 12/09/2022
Código do texto: T7590208
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