Te Amo
Minha mudança estava quase toda pronta, a maioria das malas já haviam sido entregue no apartamento, as contas acertadas, compras feitas e até mesmo os presentes que ganhei já estavam a caminho. Só faltava a parte mais difícil da história, que era a despedida. Para algumas pessoas escrevi cartas, eram aqueles que eu me importava o suficiente para não ir embora sem dizer adeus, mas que as circunstancias me impediam de me despedir pessoalmente. Outras eu tive a chance de me emocionar e ver a felicidade estampada no rosto de quem torce pelo meu sucesso.
Mas de todas elas, uma era a mais especial. Eu tinha planejado todo o meu discurso, tudo o que eu tinha para dizer, chorei com o espelho ao treinar e senti minhas pernas bambearem quando estava chegando onde deveria me encontrar com aquela pessoa tão especial. Já ouviram aquela expressão “Dar com a cara na porta”? Pois foi exatamente o que aconteceu. Ele não estava, o porteiro me disse que saíra de manhã cedo com a família e pelo visto não voltaria por agora. Agradeci e já estava me virando para ir embora quando tive uma pequena ideia e perguntei se por acaso ele não teria um papel e uma caneta.
Com aquela folha em mãos me dirigi até um velho banco de ferro que tinha perto da portaria, me apoiei e comecei a escrever ali a carta de despedida mais sofrida que havia escrito. Foi ali que eu me despedi do amor da minha vida, no mesmo lugar que a tantos anos atrás havia sido nosso cantinho, o local onde havíamos dado nosso primeiro beijo. Não nos falávamos com tanta frequência mais, mas eu sabia que onde quer que fossemos, estaríamos juntos sob a lua e as estrelas, mesmo que não estivéssemos mais juntos, ainda éramos o pedaço preferido da terra um do outro.
Escrevi com todo o meu coração, dizendo coisas que a muito não dizia, desabafei palavras que estavam entaladas a um tempão na minha garganta. Consegui dizer pelo menos uma parcela do quanto eu sentia por não poder dar um último abraço antes de partir, desejei também em carta que não fosse um adeus e sim um até logo, mas independentemente do que acontecesse nunca perderíamos o contato, fosse até mesmo por sinal de fumaça. Eram as últimas palavras, e também o ultimo pedaço em branco que restou da folha, mas era suficiente para dizer o que eu precisava: “Eu te amo, sempre te amei e sempre vou te amar, em todas as variações da palavra amor! ”.
Se eu pudesse naquele momento saber onde estaríamos agora, eu esperaria mais um pouco, atrasaria minha viagem, mas esperaria você chegar. Não deixaria aquelas palavras escritas com tanto esmero para você ler sozinho, eu esperaria e veria seu sorriso maravilhoso, ouviria sua resposta, sentiria seu abraço e você economizaria a passagem que gastou quando leu minha carta e em vez de me escrever de volta, simplesmente apareceu na minha porta. Te ouvir dizer as mesmas palavras que escrevi no papel foi como um sopro de borboletas no meu estômago, mas eu estou feliz que esteja aqui comigo agora e que aquelas palavras ainda continuam fazendo sentido para nós dois. Te Amo.