SOMBRAS DE UM AMOR

Essa não é uma história de amor.

Essa é uma história de paixão e perda.

O ano era 1978, eu era jovem, ingênuo, deslocado no mundo. Alisha era a garota que todos queriam. Apaixonei-me assim que meus olhos a fitaram.

Eu era novo na cidade, estava perdido; e, contra todos os prognósticos, Alisha se interessou por mim. A ligação foi instantânea. Fui me enturmando em seu círculo de amigos, todos de famílias ricas.

Quando eu estava com Alisha, era como se uma parte minha despertasse, uma parte livre, que queria desbravar o mundo, fazer loucuras.

— Eu te amo, Alisha! — nunca me cansava de dizer isso a ela.

— Eu te amo, caipira! — ela repetia carinhosamente. Eu era chamado de caipira por ter vindo do Texas.

Ter Alisha era como um sonho, e eu pedia aos céus para jamais despertar desse sonho. Porém, eu não era rico, o mundo de Alisha não era o meu. Éramos como duas crianças brincando de amar.

Os pais dela tinham planos para ela, e nesses planos não havia espaço para um caipira. Na verdade, sabíamos que nosso tempo era limitado. Mas éramos jovens, estávamos dispostos a correr o risco; e o preço foi alto, extremamente alto.

Antes de Alisha ir embora, ela se despediu de mim com uma noite de amor, de paixão e de dor. Ficamos juntos a noite toda. Nós não conseguimos dormir, ficamos a noite inteira nos amando. Cada segundo que escorria era precioso. Não queríamos que terminasse, fomos retardando até o último momento. Quando nosso tempo se esgotou, Alisha simplesmente disse:

— Preciso ir!

— Tudo bem. — Eu fui sucinto.

Não dissemos adeus, já estava implícito desde o princípio. Ela se foi com lágrimas nos olhos e eu fiquei com o coração sangrando.

Hoje, após vinte anos, ainda me recordo daqueles tempos da minha juventude. Ainda sinto falta de Alisha. Depois daquela noite, nunca mais a vi pessoalmente, agora apenas a vejo pela televisão. Ela se tornou uma grande cantora, sucesso nacional e internacional.

Toda vez que vejo uma apresentação dela, eu sussurro:

— Vou sempre te amar, Alisha.

Em seguida desligo a televisão e tento seguir em frente.

Felipe Pereira dos Santos
Enviado por Felipe Pereira dos Santos em 11/08/2022
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