Eu queria mais tempo para sorrir com ele
Nós saímos há um tempo, ele encontrou o caminho para o meu coração logo no primeiro momento e foi conquistando pedaço por pedaço aos poucos. Eu estava cansada, exausta mentalmente de tal maneira que subi no elevador pedindo em silêncio para que ele gostasse de mim sem que eu precisasse usar uma máscara. E ele gostou, me abraçou e riu comigo. Prestou atenção em mim e nos meus assuntos aleatórios que fui abordando em uma falação nervosa. Ele encostou no meu ombro durante o filme e dividimos risadas durante todo o tempo até as luzes ligarem. O beijo de despedida foi como se uma cereja encontrasse o topo de um bolo de festa, aqueceu meu peito e trouxe um sorriso ao meu rosto que me acompanhou até em casa. Então nos vimos novamente quando eu nada tinha a oferecer senão minha companhia, coxinhas e risadas. Nos vemos outra vez e ele segurou minha mão, trocamos comentários sobre o filme e curiosidades sobre mitologias. Conversamos em presença, texto e voz. Saímos então uma quarta vez, o mal pressentimento quase me fez recuar, mas insisti e fui. Eu fui. Eu não queria ter ido. Quis ir embora e então não fui. Foi o primeiro sinal de que estávamos pensando coisas diferentes, mas eu vi que era mais sobre ele que nós. Mais sobre mim que nós. Então fiquei e ele me deu um beijo, brincou com minha mão até que as nossas estivessem entrelaçadas e nós dois tão grudados que passariamos por um casal. Mas não éramos realmente, repeti essa frase na minha cabeça enquanto chorava em casa, na segunda quando tudo estava tão confuso e um pouco na terça quando me conformei que era isso. Eu achei que não achei que o veria novamente, pensei que só restaria um contato onde minhas mensagens não fossem chegar mais, mas ele me chamou pra sair novamente. Ontem eu estava na rua e queria vê-lo, perguntei se poderia e ele comemorou. Foi lindo de ver o sorriso quando me viu em frente a sua casa. Foi intenso nossos beijos dentro do carro, e sua surpresa toda era encantadora. Meus olhos queimaram quando dirigi pra casa, e uma lágrima escorreu pelo meu rosto instigando as outras a participarem da corrida. Nós vamos nos ver amanhã e eu sinto aquela coisa na boca do meu estômago, algo feio espremendo as borboletas para que elas forssem a passagem para fora. Eu sinto que vai ser uma despedida e que juntar os cacos será um processo.