No meio da praia tinha um começo, tinha um re-começo no meio da praia...

Inevitavelmente, o fim chegou para eles. Naquela tarde, eles não sabiam, mas os braços se tocariam pela última vez, e aquela conversa regada a gargalhadas e carinhos logo passaria o bastão para um eterno silêncio cinza.

Amargando a saudade da última conversa, assim ela seguia. As lembranças daquele amor feito fantasma a assombrava, e nada conseguia fazê-la livre. Parecia que ele ainda vivia em cada cantinho daquela cidade, e a qualquer instante a encontraria para continuar de onde pararam, porém isso era impossível, pois não havia a mínima chance de acontecer, simplesmente não era e nunca foi para ser eles dois.

Quando se lembrava da impossibilidade do reencontro ela chorava, e o salgado de suas lágrimas se fundia ao sal das águas da praia das Pedrinhas.

Assim ela viveu, por muito tempo, entre a culpa de não conseguir salvar aquela história, e a saudade de tudo aquilo que o capítulo “L” representou na sua vida, até que um dia...

Diante do mar, aquele que sempre abrigava suas lágrimas, ela se deu conta que a vida era muito mais do que seus erros juvenis, e que nenhuma de suas tentativas fariam aquela história dar certo, era injusto demais carregar a culpa toda sozinha, pois do outro lado da equação o outro elemento tinha suas próprias razões para não seguir o enredo. (Daquele dia em diante, ela entendeu que estava tudo bem com aquele “fracasso”).

No meio da praia tinha um começo, tinha um re-começo no meio da praia...

Depois daquela tarde, sua vida jamais foi a mesma, finalmente ela conseguiu exorcizar suas memórias, e tudo que antes fazia lembrar dele ganhou um novo significado, até o nome já não lhe despertava sentimentos. Tudo aquilo se tornou em cicatriz de uma ferida desconhecida.

A vida foi mais tranquila desde então, ela se vestiu de leveza, seu sorriso era um raio de sol, brilhante, intenso e iluminado.

A praia que antes era o cenário de seus dissabores, agora era testemunha do seu florescer. E quando se fez uma flor radiante e colorida, o amor verdadeiro a abraçou. No meio da praia das Pedrinhas, o seu coração foi capturado e condenado a viver a doce sentença de um final feliz.

Sobre a Rocha fizeram uma aliança, e as rochas eternizaram aquela feliz lembrança.

No meio da praia das Pedrinhas havia um começo, havia um re-começo no meio da praia das Pedrinhas ...

“E quando vejo o mar

Existe algo que diz

Que a vida continua e se entregar é uma bobagem

Já que você não está aqui

O que posso fazer é cuidar de mim

Quero ser feliz ao menos...”(Legião Urbana)

Be Hurricane
Enviado por Be Hurricane em 07/07/2022
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