12 de Junho

Já tinha um tempo que Amélia gostava de Marcelo, gostava daquele jeito que o coração chegava saltar quando o via, ela com 28 anos parecia uma adolescente, seu sorriso era imediato, imediatamente não sabia como agir direito. Amélia era tímida porém, não sabia como se aproximar, então só respondia o cumprimento dele e agitada, morrendo de ansiedade, sumia da frente dele. Os dois trabalhavam num prédio, ela a recepcionista e ele o simpático porteiro. Via-o sempre porém se escondia atrás dos seus óculos de grau, de lentes escuras, com um monte de papel na mão quase sempre, ele só sabia que era ela porque o "oi" que ela lhe dava saia meio falhado, ela gaguejava, quase derrubava os vasos de plantas que adornavam a entrada e seguia em frente com passos rápidos, raramente parava para responder, ele só a via correndo nos corredores ou na sua mesa, digitando freneticamente no computador.

Algumas vezes os dois se encontravam nos corredores, Amélia quase o derrubava nesses momentos, sempre apressada, era até engraçado de se ver. No mês de junho, Fernando, que era o presidente da empresa quis um clima mais descontraído para os funcionários e resolveu junto com sua assistente Miranda distribuir flores ao fim de uma reunião com todos os funcionários. As flores tinham um bilhete romântico fixado em suas pétalas, rindo, Fernando disse ao microfone que os funcionários deveriam trocar entre si e não era para fugir da brincadeira, todos deveriam participar.

Amélia quis passar longe de Miranda mas uma colega foi mais rápida e antes que ela pudesse escapar se viu com uma flor na mão, ficou desesperada, tinha que entregar para alguém e ela preferia sumir antes de fazer isso, preocupada leu a frase: "Posso ser teu feliz para sempre?". Amélia riu de nervoso, com aquela frase ela estava muito bem arranjada, veio então uma surpreendente vontade de entregar a flor para o Marcelo, o coração acelerou e ela aflita, não queria levar um fora, também não tinha coragem de mostrar para ele seu interesse tão sincero.

Enquanto ela pensava no que fazer, viu Marcelo entre um grupo de pessoas, ambos se olharam, mas ia ficar somente nisso, porque ela não iria até ele nem se a empurrassem. O presidente observava o movimento dos funcionários de longe e se divertia, tinha sido agradável criar aquela dinâmica para que todos interagissem, quem sabe assim houvesse mais alegria no dia a dia, percebia muita distância entre seus colaboradores. Fernando era um bom observador e Amélia chamou sua atenção, não viu sua recepcionista perto de nenhum dos colegas e se preocupou, "pobre jovem, ainda não aprendeu a vencer seus receios". Mas não podia intervir, todos ali eram pessoas adultas, cada uma com suas experiências.

Amélia queria ir embora, ia fazer isso sem entregar a flor, resolveu que isso não daria certo, decidida pegou suas coisas e como já terminara a reunião, ninguém notou que ela estava indo, todos conversavam entre si, riam felizes com a situação que Fernando criara. Com a flor escondida ela saía discretamente e sem olhar muito bem, acabou se esbarrando em alguém, atordoada percebeu que era Marcelo e com uma coragem que nem ela conhecia pediu--lhe desculpa e falando rápido disse que queria entregar-lhe a flor, o rapaz bem-humorado sorriu, pegou a flor da mão de Amélia, suas mãos se encontraram por breves instantes, suficientes para que o coração de Amélia sentisse uma pontada, o jovem agradeceu e ela se despediu antes que ele pudesse dizer algo mais, deixou-o ali sorrindo, a frase era significativa e ele sentiu que era tudo que ela queria dizer -lhe naquele dia. Respondendo dentro do seu coração ele então disse "sim".

Fim

Rita Flor
Enviado por Rita Flor em 01/07/2022
Código do texto: T7550434
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