O cântico do amor

Há poemas que só podem ser aprendidos no vale da dor. Nenhuma arte pode ensinar melhor do que o exercício do amor. Que pode nos fazer cantar perfeitamente. A música que está no coração. São cânticos que a lembrança nos traz, são experiência de não esquecer jamais. Que trazem marcas do passado, do que passamos e aprendemos no presente mencionado. O poeta diz que, mesmo no teu céu, haverá um cântico que só pode ser revelado plenamente cantado pelos filhos da terra — o cântico da redenção de quem luta e conquista a sua guerra. Sem dúvida é um cântico de triunfo, um cântico de vitória que nunca se encerra, que nos libertou. Para a vida que a destinou. Mas a consciência do triunfo virá pela lembrança das palavras. Nenhum outro verso ou poesia pode cantá-lo tão docemente como nós podemos. Para entoá-lo como nós, de cantar com a nossa voz o poema do amor. Ninguém pode aprendê-lo senão os que aprendem na sua dor de um momento de dessabor. Por isso estamos recebendo do Poema um verso da canção. Ensaiando para vida o canto do encanto. Há partes na sinfonia que ninguém pode executar, senão o amor. Há acordes menores, que a dor não sabe interpretar. Pode haver agudos na sinfonia, que estejam além da escala normal — agudos que só a expressão pode alcançar; mas há baixos que pertencem a confiança, tons graves que só nós podemos alcançar. O amor está-nos treinando, para a parte que o coração vai cantando, e na escola do sofrimento. Muitos dizem que a vida envia os sofrimentos para provar-nos; mas o amor envia as dores para ensinar-nos e preparar-nos para o coro da harmonia de outro lugar. Na noite da aflição está preparando o nosso cântico. No jardim o amor está afinando a nossa voz. Na nuvem o amor está dando maior sonoridade aos acordes que devemos tocar. Na chuva o amor está suavizando a melodia. No frio o amor está moldando a expressão. Na transição brusca da esperança para o temor, o amor está aperfeiçoando a sonoridade. Não desprezemos a escola do sofrimento; ela nos dará uma parte única no cântico universal do amor revelador. Onde o sol é o teu brilho de seu pleno esplendor.

Poeta Mbra