Palco Nu - Inspiração - XII
Ele é apenas um menino com sonhos esquecidos e com uma mente cheia de ventanias, embora ele mesmo não perceba isso.
Eu o abracei e não tive medo de abraçar também seus vazios, loucuras e dores. Eu morri um pouco em mim mesma e isso me fez maior, porque ser mestre também é calar - se quando se faz necessário.
Não sei se isso tudo é muito para quem sonha em viver apenas, viver como aqueles que apenas gozam da vida sem sabedoria alguma; e que por assim fazerem são os mais sábios.
O menino nem desconfia do retrato que dele faço, isso também pouco importa; o que me é imprescindível é poder chegar cada vez mais perto de seu templo e adentrá-lo, não desejo possuí-lo,mas amá-lo como os deuses ensinaram até despertar a sagrada serpente.
Seu corpo é para mim um santuário sagrado onde me faço deusa e compreendo todas as magias dos velhos livros escondidos.
Enquanto o menino toca outras almas por aí, eu cá permaneço, zelando-o à distância. Tornando - o prosa surreal.
É preciso se permitir, ensinou-me ele; e eu me permito me libertar das minhas próprias prisões e voar.
Meninos, por vezes, são sábios!