EXPLOSÃO DE AMOR

Meu coração deu um pulo quando eu vi Delma passando pela rua onde eu morava, fiquei imaginando o que ela poderia estar fazendo por aqui. Atônito e ao mesmo tempo feliz não tive outra alternativa senão segui-la. Apressado vesti uma camisa e mais que depressa ganhei a rua, ela já ia a uma certa distância. Meu primeiro passo era descobrir para onde ela ia e depois de alguns minutos a constatação, ela entrou em uma casa, numa rua transversal mais adiante. A casa eu sabia que estava desocupada, pronta para alugar, certamente seus pais haviam alugado o imóvel e isso me deixou mais feliz do que já estava. Não quis abordá-la, preferi uma outra ocasião.

   Voltemos um pouco no tempo para que o leitor possa entender o motivo da minha euforia. Delma era uma garota que estudou comigo ano passado, éramos bastante amigos, mas eu não aceitava muito como uma simples amizade, eu queria mais que isso, eu a desejava, ela sabia disso, mas ela fazia tudo para me provocar, para me deixar louco de ciúmes quando ela flertava com outros rapazes tanto da nossa turma quanto das outras. E eu feito um bobão deixava meu coração sofrer sabendo que ela não era de ninguém. Uma certa manhã quando saímos da aula ela seguiu junto comigo para o ponto de ônibus, estava sorridente e feliz, aliás como sempre se comportava. Em certo trecho parou e me esperou, eu vinha mais atrás admirando o seu belo corpo. Sem que nem mais me abraçou e me tascou um beijo na boca. Puxa! Isso foi demais, sem resistência me deixei beijar, estava dentro dos meus planos. Após isso ela correu e pegou o ônibus que já estava vindo. No dia seguinte conversamos na escola e pedi-a em namoro, ela riu e disse que ia pensar. O tempo passou e nada dela decidir, já estávamos bem próximo do final do ano letivo e Delma me confirmara que no próximo ano deixaria a escola e iria se matricular em outra. O ano acabou e ela cumpriu o que havia me dito, pois não mais a vi e nem sabia sequer onde morava e nem onde estudaria. Para mim foi o fim de tudo, aquele beijo roubado por ela acendeu a minha paixão e meu pensamento se concentrava só nela.

   Estava decidido, eu iria procurá-la em sua nova residência, bem pertinho da minha casa. E assim foi feito. Quando lá cheguei, numa bela tarde ensolarada, ela me recebeu com certa surpresa, pois morávamos no mesmo bairro. Foi um abraço não muito gostoso como eu desejava, pois ela afastou-se um tanto nervosa. Depois de um bom papo tentei insistir com um novo pedido de namoro, mas Delma simplesmente me disse que estava namorando. Ao ouvir isso meu coração disparou e entrou naquele processo de sofrimento, me senti na "fossa", termo muito usado na época. Mesmo assim passamos um bom tempo papeando e eu estudando aquele seu olhar provocante como se quisesse me dizer algo. Na saída ela pegou minha mão e eu senti que ela queria me dizer algo, mas não teve coragem. Fui para casa um pouco decepcionado e triste, mas não desistiria dela, eu tinha absoluta certeza que Delma mais cedo ou mais tarde cairia em meus braços, era só uma questão de tempo.

Certa manhã de um domingo lindo resolvi passar na frente da casa de Delma, aliás eu sempre procurava um motivo para por ali circular e em algumas ocasiões realmente eu a vi com o namorado e para me provocar ela o abraçava e discretamente me olhava. Brincou com o meu coração e fez dele bolinha, mas eu continuava resistindo. Tentei esquecê-la arranjado uma namorada e durante esse período, em torno de uns seis meses mais ou menos, até que certa noite quando passava por lá ela me chamou. Meu coração deu um pulo de alegria e eu fiquei sem saber como reagir, no entanto fui ao seu encontro e conversamos, ocasião em que ela me revelou que estava rompida com o namorado e que ultimamente vinha pensando em mim. Fiquei na dúvida se dizia a ela que estava namorando ou se omitia essa informação, mas ela disse já saber que eu tinha uma namorada. Diante disso apenas sorrimos. Ela teve o ímpeto de me abraçar, o mesmo ímpeto que eu sentia, não podíamos despediçar essa oportunidade, momento em que a abracei e beijei ardorosamente. Estava consumado o nosso desejo, eu e Delma estávamos ali um pro outro, sem dúvidas, sem coisas que pudessem atrapalhar o nosso amor, que nesse momento explodiu com toda fúria e rompeu tudo que fazia com que fôssemos apenas amigos. Uma explosão de amor tomou conta de nossos corações e eu não tive outra escolha senão dar vazão ao meu sincero desejo.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 05/05/2022
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