Sabor da Maçã 3: Redenção Tardia
"Quem não sabe o que procura, não percebe quando encontra." (Claude Bernard)
O ano de 2021 chegou com muitas surpresas e reviravoltas, agora prestes a me casar, lembrei do que minha sogra disse no dia do noivado " Se eu fosse vocês, não esperava muito para casar e que seja o mais rápido possível, vai que aparece uma sem vergonha da vida para destruir o caminho de vocês", parecia que ela estava se referindo a Mary, minha Moana. Sabia que era sim de forma indireta, no trabalho estava tudo tão estranho apenas fazia minha parte e depois fazia minhas atividades noturnas e casa.
Aquela pequena o mesmo, com poucas interações, já Ludmila era só alegria contava para todos que estava prestes a se casar, ficamos vendo salões, vestidos, serviços e além dos padrinhos. Não entramos em acordo para muitas coisas houve estresses muitas vezes mas no fim tudo se resolvia. Até que resolvemos não fazer mais festa de casamento e sim realizar no civil, foi o ano onde minha aproximação com Ludmila foi aparentemente se desenvolvendo melhor até mesmo nas relações íntimas de forma surreal, ela me apoiava em tudo tentava me agradar de todas as formas possíveis, estava de frente nos projetos que tinha em mente, realmente ela se entregou de corpo e alma para nós. Até que uma certa noite em sua casa sentados no seu quarto ela disse:
- Posso te falar uma coisa?
- Claro.
- Sei que vacilei muito com você mas estou disposta e me retratar fazendo o melhor pela gente.
- Você, por incrível que pareça tem me surpreendido muito nesses meses e isso foi abaixando minha guarda.
- Sabe quando você tem certeza daquilo que quer? De querer novamente formar uma família, e ter momentos assim? Você me ensinou que isso é possível e estou mais certa do que nunca.
- Sei muito bem o que é isso.
- Se pudesse guardava você num potinho - disse ela rindo.
- Vai precisar de um maior.
Estávamos tendo momentos muito bons que me fizeram duvidar se era ela mesma ou estava comigo por ego. Em relação a Maria, passou a ter um ódio mortal e um ciúme excessivo a ponto de me privar de tudo que envolvia ela, inclusive de gostar de seu signo. Todas as vezes que ia me buscar no trabalho para almoçar era aquela tensão pois ambas se chocavam em certos momentos e tinha aquele rixa silenciosa. Uma amiga de trabalho foi almoçar com a gente e fez amizade com Ludmila, nos apoiou muito e não era muito fã da morena, ela me disse assim que terminamos de comer:
- Meu filho, gosto muito de você mas a Maria não é pra ti, dê muito valor a essa menina que está ao seu lado.
- E gosto dela mas sabe de quem eu gosto mesmo, só que não vou ferir os sentimentos dela.
- Olha, a Maria não é o que parece tenho ficado aqui nos dias que não está vejo ela se insinuando para alguns pacientes.
- Não acredito nisso é o jeito dela.
- Me escuta caramba, sou mulher e sei quando tem algo estranho.
Mais uma vez fiquei pensativo, como não tinha mais nada com ela deixei quieto, via seu ex de nome Wally indo buscar e levar ao trabalho, logo pensei que estariam se reconciliando. Até que um dia na hora do almoço acabamos de estar na cozinha almoçando por lá a vejo chorando e quieta. Logo perguntei:
- O que houve, Mary?
- Nada, sou uma idiota mesmo que fica chorando assim sem segurar.
- E fiz alguma coisa, além do ocorrido?
- Não sei, acho porque soube que iria casar, estava indo tudo bem voltando a seguir minha vida, mas isso mexeu comigo.
- Desculpa, sempre tomei cuidado para isso não te afetar.
- Afeta de certa forma.
Depois disso deu um abraço nela depois de muito tempo, como era gostoso sentir aquela sensação de tempos atrás, dei um beijo em sua testa e fiquei tentado em beijá-la mas me afastei, estávamos vulneráveis a um novo erro e isso veio nos perseguindo novamente durante dias e semanas. Até que um mês depois antes de irmos embora estávamos buscando nossas mochilas e nos esbarramos teve aquele choque mas nos afastamos, fui ajudá-la a recolher o lixo e no momento em que abaixamos para pegar o saco nos olhamos, eu com o coração ofegante e trêmulos tentei escapar novamente mas dessa vez não resistimos, acabamos nos beijando novamente depois de muito tempo e a sensação era a mesma assim como a química e a interação de nossos corpos. Nos afastamos sem jeitos e fomos embora, levei-a até o ponto de ônibus e segui meu caminho, fiquei com a música " Goodbye Happyness" da Utada Hikaru na minha mente até chegar em casa.
Estava eletrizado pois foi bom mas ao mesmo tempo me senti culpado por minha noiva e nesse mesmo dia comemoraríamos o dia do nosso primeiro encontro e beijo também, a sensação foi horrível quando a encontrei depois de chegar em casa, ela tinha feito um bilhete se declarando feliz, me senti o pior dos homens e ela percebeu dizendo que eu estava estranho.
Depois disso Mary e eu, tentamos mas foi difícil não falar sobre no dia seguinte, ela ficou mais aberta e me disse escondido:
- Nada mudou, a ligação não desapareceu.
- Não mesmo, eu fiquei todo eufórico uma sensação diferente
- Não quero viver de momentos, pois depois fiquei triste pois ainda está lá e eu aqui sem você.
- Eu sei...
Voltamos ao trabalho e na hora do almoço, só estávamos nós na sala e pedi para a mesma fazer um procedimento no meu ombro direito, notei que ao tirar a camisa ela ficou inquieta e desviando sempre o olhar, minha respiração estava ficando ofegante, até que ela terminou e botou o aparelho no tablado. Foi quando perguntei:
- Aconteceu alguma coisa? Estava meio distraída.
- Não, apenas estava pensando em como era sem camisa
- E então, é como esperava?
- Melhor...
Foi quando ela veio para cima de mim e nos beijamos ardentemente como fogo em brasa, nosso toque e sintonia era acima do normal, de outro mundo e ficava me perguntando como isso era possível. A medida que nos beijávamos era uma luta constante entre nosso corpos se atracando no tablado, ali aconteceu a mais bela ousadia desde quando nos envolvemos, os hormônios estavam realmente enfurecidos. Até que ela disse:
- Posso não ser tão boa nisso como você.
- Com certeza é mais do que imagina.
- Quero ser sua, somente sua.
- O que é meu ninguém encosta e protejo como um leão.
- Agora sim, senti o rugido do leão.
Passaram-se os minutos e ficamos deitados abraçados e fazendo carinho um no outro, ela deitou no meu peito como sempre quis fazer e depois nos recompomos. Como fazia artes marciais após o expediente, sempre pegávamos o mesmo ônibus para ir embora e secretamente nossos beijos continuou em toda viagem até eu descer no meu destino, e foi assim durante muito tempo. Até que contraí a Covid-19 e ficamos afastados um do outro por 20 dias, ela sempre preocupada me mandando mensagem e eu sempre ligando para ela depois que todos dormiam onde ficávamos horas e horas conversando onde era muito boa vibe.
Até que no dia em que recebi alta, se comemorava aniversário de namoro com Ludmila, escrevi algumas coisas falando sobre o dia e a mesma postou minha mensagem em print, foi um verdadeiro inferno pois viram e mandaram para Mary que automaticamente veio como uma fera, me questionando com razão:
- Me explica isso?
- Eu não sei porque ela fez isso.
- Você ama as duas, seu canalha? - disse em tom enfurecido
- É você quem amo e sabe disso e quem foi que te mostrou isso? Eu mesmo ia te contar pois sabia que iria dar problema e a Ludmila faz questão dessas coisas mas não esperaria que aprontasse isso.
- Não importa quem falou, porque você fez isso me fala? Eu já estava ficando bem e estava melhorando.
- Não diga isso, por favor.
- A culpa é minha por achar que iria largar ela e viver nossa história.
- Como vou fazer isso agora, me diz?
- Não sei, a otária aqui tá caindo fora.
Esse dia foi um dia nebuloso, pois briguei com Ludmila a noite e fez questão de ver meu telefone querendo saber o motivo de ter ocultado nossa foto de comemoração para algumas pessoas, ela se enfureceu e não quis conversar. O mais estranho é que no dia seguinte em sua casa, eu vi algo em seu celular e pedi para ver também, foi aí que me acendeu um alerta de que tinha algo estranho. Com muito custo ela me deu e vasculhei foi aonde eu vi coisas horríveis que me encheu de ódio. Conversas paralelas na época em que começamos a namorar, fotos íntimas para alguns contatos antigos e recentes assim que reatamos. Foi quando ela disse:
- Você quer dizer alguma coisa? - disse preocupada.
- Não quero!
- É melhor nós conversarmos, ficar calado não é bom.
- Eu vou embora, e não encosta em mim, por sua causa eu fui taxado como embuste, canalha e todos ficaram ao seu lado te apoiando, você fez minha família ficar contra mim fazendo achar que eu era o errado criando cena de menina abandonada.
- Por isso que não queria que visse antes, não iria querer voltar comigo.
- É claro que eu não iria voltar, eu estava seguindo Ludmila como me pediu, estava feliz e encontrei uma pessoa que fez isso como queria também e você estragou tudo, por sua culpa Maria e eu não estamos juntos, sua intriga que fez tudo ir por água abaixo.
- Mas eu não sabia que gostava de você.
- Mentira, com essas mensagens, eu fui bom pra você o tempo todo e o que foi que eu fez, me fala? Só tive pedrada enquanto fazia tudo pra te agradar e assim me apunhalou.
- Eu não queria que seguisse, fiz tudo por amor a nós.
- Você é tóxica e possessiva, isso não é amor, a Maria passou por tudo isso achando que eu não gostava dela que só queria usá-la, tem noção do que causei ? Ela ficou com traumas, não dormiu direito por várias noites, nem queria voltar a trabalhar.
- O que você vai fazer?
- Vou consertar isso tudo.
- Não faça nada que vá se arrepender.
- Pode ter certeza que não vou me arrepender... - Disse em tom raivoso.
Foi o que fiz, no dia seguinte falei com Mary e esclareci tudo onde ela ficou perplexa com tamanha canalhice vindo por parte dela e disse que estava dizendo a verdade o tempo todo e só tinha uma pessoa que ocupava meu coração e era ela. Peguei sua mão e coloquei no meu peito onde ela sentiu as batidas vindas , falei que tinham coisas que podem até enganar mas aquilo não, logo em seguida nos beijamos, estávamos a um passo de reacender nossas vidas, pois terminei meu noivado e voltamos a nos envolver até que se firmasse nossa relação. Até que Ludmila apareceu na minha casa chorando numa noite de Sábado, meio assustada e chorando me dizendo:
- Acho que você vai ser pai.