TRÊS CORAÇÕES EM CONFLITO

Nadir era um encanto de mulher, tivemos um namorico quando éramos ainda crianças, coisa sem futuro mas que nos ensinou muitas coisas. Ela me deixou, porém meu pensamento ficou com ela. O tempo passou mas nunca deixamos de nos falar, namorei outras garotas, ela outros rapazes, no entanto nossos olhares estavam sempre se encontrando. A minha impressão era de que ela me atiçava, me provocava, mesmo namorando o Lauro, um rapaz muito calmo que se mostrava apaixonado, não mais do que eu. Na verdade eu tinha vontade de chegar até ela e acabar com essa peitica, já que eu gostava mesmo dela era colocar tudo em pratos limpos e assumir esse romance sem indecisão. Mas ela gostava do Lauro, não mais do que a mim e aí morava o conflito. Nossos corações batiam fortes, eu sentia esse clima entre nós, o Lauro não saía do cós dela, era um grude danado, eu querendo me aproximar e sem chance, eu querendo conversar a sós e ela se esquivando, porém naquele estilo, um olho no padre e outro na missa.

Um certo, dia quando voltava do trabalho, encontrei a Nadir no meu caminho, sozinha, do jeito que eu queria e também do jeito que ela queria. Não perdi tempo, fui logo abraçando-a. Ela não reagiu. A rua estava deserta e eu a beijei. Ela adorou. Consentiu que nos tornássemos um do outro, pelo menos aparentemente. Eu queria tê-la para mim, ela também confirmou esse desejo, mas estava indecisa, gostava do Lauro. Marcamos para nos encontrarmos num barracão que ficava ali próximo, uma espécie de "ninho do amor" onde vários casais costumavam namorar às escondidas. Ela disse que ia ver se criava coragem para esse encontro.

Na tardinha combinada eu estava lá no barracão a sua espera, nada de Nadir e a hora se passando. Eu já estava desistindo quando ela apareceu, estava já para escurecer. Meu coração palpitou, a minha amada cumpriu a promessa. Nos abraçamos, nos beijamos e nos embolamos num monte de capim. Foi a primeira vez que pude tirar a sua blusa e beijar intensamente seus seios. Uma vontade louca de possuí-la, de acabar logo com isso e torná-la somente minha. E realmente aconteceu, ela tirou a roupa junto comigo e fizemos amor. Pronto, eu disse, agora você é toda minha. Depois de muitos amassos ela se vestiu e saiu sem dizer nada quando eu ainda me vestia. Sumiu rapidamente e me deixou só. Mas vibrei porque foi gostoso demais.

No dia seguinte eu a vi com o Lauro, fiquei morto de ciúme, mas me contive. Para me provocar, talvez sim, talvez não, ela o beijou ardentemente. Aquilo me sufocou, tentei me afastar mas aquela cena era muito forte, eu precisava ver até onde iam. Esperei que ele a largasse, queria saber de suas reais intenções com ele, com esse meu desafeto. Me convenci de que realmente ela o amava, não mais do que eu, assim esperava. Fui embora cabisbaixo, coração partido, quase chorando. Soube depois que eles também se encontravam no barracão abandonado, que também faziam amor naquele local. Ela mesma me confessou. O tempo foi passando, a gente nessa indecisão, ela comigo e com o Lauro dizendo que o amava também. Até quando não sei.