Primazias do Amor Perfeito - PerfeBleu
"O corpo reage, mas a alma está morta. E de segunda até sábado, tudo o que quero saber é onde você está..."
Era como se o universo conspirasse contra William, pelo menos era o que ele sentia. Evitar Alessandra estava se tornando uma tarefa estranhamente difícil. Quando ele trocava os corredores ou os assentos para evitar ficar por perto, ou até mesmo, atrasava os passos para fugir do campo de visão dela tudo parecia controlável.
O problema parecia ser uma vontade dentro de seu coração que William lutava com todas as forças para minar. Estava se apaixonando, ele sabia muito bem dessa realidade. Uma vontade irremediável de se aproximar de Alessandra, que não se calava de forma nenhuma. Gritando como um alto falante, durante suas noites de sono ou toda vez que ele se dava a oportunidade de tentar pensar em algo diferente. Era como se ele não fosse ter paz.
"Eu não entendo, quando foi que deixei isso acontecer? Eu prometi para mim mesmo nunca mais gostar de ninguém, não posso permitir que uma menina aleatória estrague isso. Alessandra precisa ir embora da minha mente, a todo custo." Era o que pensava William vez ou outra, totalmente decidido na ideia de se afastar de Alessandra.
Quando se fez um mês desde que ela se matriculou, numa quarta feira durante o intervalo. William estava caminhando por um corredor alternativo quando passou pela porta da biblioteca, e num instante de segundos ele reconheceu uma silhueta sentada perto dos livros. Ele gelou, se fosse com outra pessoa ele nunca teria sequer notado, mas seus olhos insistiam em enxergar Alessandra em todos lugares. Deu dois passos para trás a fim confirmar sua suspeita.
Acabou se esgueirando com cuidado, porém baixou a guarda pois Alessandra estava de costas e dificilmente o veria ali. E mesmo se ela o visse, não haveria problema algum contanto que ele disfarcasse o olhar.
Alessandra parecia concentrado lendo a metade de A Montanha Mágica, feito impressionante para o terceiro dia de leitura. Tão concentrada, não houve nenhuma possibilidade dela perceber que em direção a ela olhava um garoto hesitante, prensado imóvel pela vontade de se afastar ou se aproximar.
"Essa menina... Não tenho chances com ela. Esqueça William, você não é o suficiente. Ela é muita areia para o seu caminhão. Se não bastasse ter um nível tão alto de beleza, também é super inteligente e culta. É como se eu não tivesse nada a agregar para ela. Vá, vire de costas e não a incomode. Você estará atrapalhando ela." Ponderou William para si próprio, num contorcionismo grotesco para se convencer a ir embora.
Uma sensação de frustração o tomou, era sempre aquela mesma história. Ele sempre acabava gostando da garota que nunca daria chances para ele. Por um minuto, aquela sensação permanecera com ele como uma coleira lhe puxando de volta ao canil. Alessandra se mantivera intacta na sua leitura. Não esboçou nenhum sinal corporal que tiraria sua atenção do livro que a cada hora parecia estar ficando mais fino.
Foi num último lampejo que ele tomou uma decisão. Ao perceber a tolice que era ter esperança em algo com Alessandra, jurou por Deus que nunca mais cogitaria a abordar novamente. Dessa vez iria fazer de tudo para abandonar esse sentimento de paixão, nem que lhe custasse o ano letivo inteiro. Deu as costas e saiu andando, um aperto lhe antigiu o coração mas ele não cedeu. Não havia mais volta, se livrar da paixão era sua maior prioridade.
Saiu pela porta da biblioteca. Um pouco triste e um pouco vitorioso. Ainda precisava remover o resíduo sentimental de dentro de si mesmo, como uma mancha amarelada em sua blusa branca. Para isso sabia que demandava tempo, sendo otimista em três meses a paixão já haveria sumido por completo e ele poderia voltar a ficar em paz.