A CABOCLA QUE MEXEU COM MEU CORAÇÃO

   Eu estava a serviço da empresa quando fui visitar com alguns colegas de trabalho uma pequena e atrasada cidade do interior, teria que me apresentar ao prefeito e junto com seus assessores traçar um plano para elaboração de um projeto para construção de casas populares de baixo custo que pudesse atender aos anseios daquele povo pobre que morava em casas feitas de barro e cobertas com palhas de coqueiro. Seria um investimento para melhorar o sistema precário de habitação de pequenos plantadores e produtores rurais dessa cidade para servir de exemplo para outras, já que esse era o berço do diretor da nossa empresa, pois deixou-a quando partiu para a capital e nela de instalou definitivamente. Queria ele, como recompensa para a sua cidade natal, mostrar que, como dono de uma empresa de construção civil, poderia fazer algo em prol de um povo que nem sabia ler e escrever. Depois de uma cansativa viagem de carro que durou mais de doze horas chegamos e nos instalamos numa pequena propriedade que fôra da família do diretor e que havia sido vendida na época. Já era noite e todos precisavam descansar.

   No dia seguinte fomos até a prefeitura, eu e mais três companheiros, para nos entendermos com o edil. Numa pequena sala nos instalamos para darmos início aos trabalhos, era uma questão de honra para o nosso diretor fazer com que tudo desse certo no projeto para que a construção tivesse logo início. O projeto foi iniciado com a ajuda do corpo técnico da prefeitura, era meu desejo também que essas casas fossem logo construídas. Passamos toda a manhã e tarde na execução do projeto, pelos nossos cálculos em menos de uma semana estaríamos com tudo concluído para que nosso chefe pudesse autorizar a construção com o aval do prefeito. Seguimos no final da tarde para o nosso alojamento, onde tomamos um banho e depois nos dirigimos para um pequeno restaurante onde jantamos. Por volta das sete da noite resolvi dar uma volta pelos arredores, meus colegas ficaram no descanso alegando cansaço, eu também estava um pouco cansado mas fui assim mesmo. Parei em uma pracinha típica do interior, bem limpinha e com bancos coloridos. Ali fiquei apreciando a lua cheia e as casinhas simples do local. Em uma delas vislumbrei uma moça bonita de cor morena e cabelos pretos que me olhava. Fiquei curioso, mas fiquei na minha. Ela me olhava insistentemente e despertou a minha atenção. Conversando com algumas pessoas ali me informaram que ela era descendente de índios. Ela veio até a praça com outra moça que depois soube que era sua irmã. Conversamos um pouco mas ela entrou logo, pois sua mãe a chamou e quase não nos despedimos.

   Na noite seguinte depois dos trabalhos na prefeitura lá fui eu para a praça, na janela ela estava e quando me viu veio ao meu encontro. Pense numa morena linda, pele marrom e lindos olhos negros! Me apaixonei pela menina que tinha em torno de uns dezoito para vinte anos, dona de um belo sorriso. No auge dos meus 21 anos gamei por ela, toda noite lá estava e começamos um namoro que esperava que desse certo. Seu nome era Jandira. Seus pais eram descendentes de índios e moravam ali há muitos anos. Contei-lhe sobre o projeto de construção das casas e a família ficou muito interessada. E numa certa noite quando seus pais não estavam e nem a sua irmã, ela me chamou para conhecer a sua morada. Pense numa pobreza! Fiquei tão emocionado e sentido que resolvi ajudar a família financeiramente.

   Decorreram alguns dias, o projeto no qual eu trabalhava junto com um engenheiro foi aprovado e a construção das casas foi autorizada. Foi providenciada a compra dos materiais necessários como areia, cimento e tijolos e também o recrutamento de pessoal da cidade, mesmo sem experiência. O pai de Jandira foi um dos contemplados para trabalhar na obra que tinha previsão de um ano para a conclusão. Tudo ia bem até que certa noite fui surpreendido com a presença de Jandira no alojamento, justamente numa hora em que meus colegas não estavam, pois precisaram ficar em um outro alojamento instalado para servir de base para os trabalhos da empresa. Seu olhar me cativou, sua sensualidade me deixou louco de tesão e aquele lindo corpo moreno me chamava para se unir ao meu. Não resisti a tentação e ali mesmo transamos numa volúpia incontrolável. Essa cabocla mexeu com meu coração, me seduziu, me deixou louco de vontade de possuí-la, até que isso aconteceu nessa noite. Mais que depressa a levei em casa para não despertar suspeitas e quando lá chegamos seus pais ainda não tinham chegado, então respirei aliviado. Mesmo com os pais em casa a cabocla Jandira passou a freqüentar o alojamento, pois sabia que eu estava só. Aproveitávamos o bastante e transávamos quase todas as noites, para mim foi uma maravilha e eu sentia que estava gostando dela, que prometeu me amar a vida inteira.

   Com a instalação de uma base de apoio nessa cidadezinha a empresa resolveu me transferir da capital para essa cidade do interior, pois tinha pretensão de construir novas residências, tanto ali como em outras cidades da região. Para mim foi uma bênção, pois já estava comprometido com Jandira e já estava apaixonado por ela. Um ano se passou, no entanto a obra atrasou um pouco, mas nos meses seguintes as casas começaram a ser entregue e por um milagre consegui uma para mim, com descontos mensais em meu salário. Noivei com Jandira dois anos depois e com mais dois anos nos casamos e nos tornamos felizes.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 10/04/2022
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