APRENDI A DEIXAR DE TE AMAR
O tempo me deixou muitas marcas, me fez sofer com muita facilidade, me pegou desprevenido para o amor, coisa que não entendia muito bem, mas tudo acabou de uma forma que foi boa para ambas as partes. A vida me ensinou coisas que eu não queria aceitar, eu me achava dono de mim e proprietário das minhas ações, não ouvia conselhos e isso foi a causa de muitos sofrimentos que poderiam ser evitados se eu tivesse refletido melhor e mudado meu pensamento. Desde criança que eu sempre fui uma criatura tímida e sem muitos conceitos formados sobre a vida, a minha vivência sempre foi pautada pelo respeito e pela educação com as pessoas, independente de idade ou posição social, o importante era a boa convivência e a paz, principalmente dentro da família.
Eu tinha meus quase vinte anos quando conheci Lívia, uma moça extrovertida de seus quatorze ou quinze anos, fazíamos parte de um grupinho que adorava se divertir em bailes e festinhas, a febre da época, e o que importava era a nossa alegria. Com o tempo eu fui me apegando a ela e percebi que era correspondido em minhas intenções, foi aí que começamos a namorar. Em poucos anos já estávamos noivos e o casamento foi marcado, nos envolvemos com tanto amor que eu me sentia só quando não estava ao seu lado, eu a amava profundamente, não conseguia ficar muito tempo afastado dela. Enfim vieram as núpcias e fomos morar num pequeno apartamento em um bairro distante do nosso, a lua de mel foi uma maravilha, foi em nosso ap mesmo por falta de melhores condições financeiras para gastar e mesmo ainda precisávamos comprar coisas para o lar.
Os anos se passaram e nós não tivemos filhos e Lívia trabalhava em uma empresa de cosméticos, andava sempre elegante e bem vestida, era a paixão da minha vida, eu me dedicava totalmente a ela. Eu havia melhorado de posição no meu trabalho e podíamos então freqüentar restaurantes bons e até viajar nos finais de semana, ela tinha tudo que eu poderia lhe dar além do meu imenso amor. Comecei então a notar um certo semblante em Lívia, ela já não me tratava como antes e sempre reclamava da presença de um filho, afinal já estávamos casados há mais de oito anos e o "problema" ninguém sabia se era meu ou dela. O tempo passou e ela engravidou, foi uma alegria imensa nossa e quando a criança nasceu, uma menina, era a cara dela. Martinha era o nosso mimo e já estava com cinco anos quando a nossa vida mudou completamente, descobri que Lívia tinha um amante e que essa pessoa era um antigo amigo nosso dos tempos de juventude, o que muito me decepcionou. Fiquei triste e aborrecido, mas eu amava demasiadamente essa mulher e não poderia viver sem ela. Conversamos e procuramos viver bem, mas eu notei que a convivência não era mais a mesma, principalmente pelo fato dela não me tratar bem. O relacionamento não tinha a mínima condição de continuar, brigávamos com freqüência e por fim ela mesma decidiu sair de casa levando a nossa filha. Fiquei muito triste, eu a amava e não queria perdê-la e isso me causou grandes sofrimentos, meu emocional foi lá para baixo.
Depois de algum tempo, cerca de uns três meses, eu a encontrei na cidade e percebi que o seu semblante não era bom, conversamos, ela me contou sua história, que não vivia bem e que pretendia voltar. Meu coração quase pula do peito, aceitei de imediato e Lívia voltou para o nosso convívio junto com nossa filha Marta. Minha alegria foi restaurada e tudo voltou a ser como era antes, meu amor continuava o mesmo, talvez tenha até aumentado, tamanho era o meu prazer de tê-la novamente em meus braços. Foram anos de contentamento até tudo começar a desandar, seu antigo amante entrou em cena mais uma vez, o nosso amigo de tempos atrás quando ainda éramos jovens, Paulo, voltava a assediá-la e ela dava toda a impressão de que gostava dele e queria a todo custo reatar a união alegando que a filha era dele, o que me surpreendeu e deixou perturbado. Eu já não via em Lídia aquela mulher digna do meu amor, mas o desejo de tê-la perto de mim era mais forte e eu me submeteria a tudo que fosse possível para tê-la prá mim e até fiz o teste de paternidade, cujo resultado deu negativo, Martinha não era minha filha e sim dele, mas continuei amando-a como se minha fosse, já que sempre me dediquei a ela e lhe dei tudo que estava ao meu alcance.
Martinha já estava então com onze anos, eu sempre a via e ela me surpreendia com o seu carinho, mesmo eu não mais vivendo com sua mãe, o que muito me entristecia. Estava eu começando a me estruturar vivendo na solidão, até então não tinha arranjado outra mulher para viver, alimentava a esperança da volta de Lívia, essa possibilidade me vinha a cabeça sempre, mas com o passar do tempo, como poeira ao vento, o meu amor foi se dissipando, aos poucos foi morrendo e eu não tive outra alternativa senão esquecê-la e partir para outro amor, o que aconteceu em seguida quando encontrei Luíza.