DIANA - DOIS HOMENS, DOIS AMORES

   A lua sempre foi companheira de Carlos e Diana naquelas noites gratificantes de amor, tudo parecia ser uma fantasia, um conto de fadas, mas era pura realidade, os dois se amavam perdidamente, se conheceram quando ambos tinham apenas dezesseis anos, estavam na flor da idade e prometeram amor eterno, cada um tinha no braço o nome marcado da pessoa amada, foi feito com o óleo da castanha de caju. O mundo deles era perfeito, tudo indicava, sem conflitos ou interferências externas. Aos dezoito anos ele precisou servir ao Exército e decorrido o tempo de quartel Carlos conseguiu um simples emprego e o namoro durou alguns anos até se concretizar o noivado, quando eles estavam com vinte e dois anos. Com mais dois anos o casamento foi oficializado e a lua de mel foi em uma cidade litorânia e paradisíaca, tudo saiu às mil maravilhas. Foram morar em um pequeno apartamento cedido pelos pais dele, próximo ao centro da cidade. Mas essa alegria durou pouco, o então dono de casa e já prestes a ser pai foi convocado pelas Forças Armadas para defender a Pátria quando uma guerra eclodiu e o Exército mandou chamar todos os reservistas de primeira categoria. Diana sentiu muito, chorou ao ver o marido partindo para o confronto em outro país, para onde fora deslocado. Nesse período ela já estava com três meses de gravidez e torceu para que o pai de seu filho voltasse logo para conhecê-lo.

   Era a Segunda Guerra Mundial e muitos soldados pereceram nos confrontos. Nenhuma notícia Diana teve de Carlos, seu amado marido. Seu filho nasceu sem a presença do pai e ela segurou enquanto pôde. Colocou nele o mesmo nome do pai. A guerra enfim terminou e ela aguardou ansiosamente a volta do marido. Muitos soldados retornaram vitoriosos ao país, infelizmente muitos mortos e feridos, mas Diana não teve notícias de Carlos apesar de todos os esforços junto aos órgãos militares, porém ela tinha esperança dele ser encontrado, já que buscas estavam sendo efetuadas nos locais onde a batalha aconteceu. Decorrido mais de um anos após a guerra nenhuma notícia teve do marido, que foi dado como morto pela autoridade militar, mesmo sem ter sido encontrado o seu corpo, o que ocorreu com muitos outros soldados. Foi um desespero para Diana que amava o marido e não aceitava o seu desaparecimento. Sempre questionava o Exército para uma busca mais precisa, mas a resposta que ouvia era de que muitos soldados tiveram seus corpos destroçados pelas bombas e tinha também a dificuldade de procuras em países estranhos, já que as tropas se concentraram em mais de um país. Infelizmente a última palavra das autoridades militares era de que Carlos e tantos outros soldados foram dados oficialmente como mortos na guerra.

   Passou-se algum tempo e Diana ainda tinha esperança de encontrar seu marido vivo ou perturbado mentalmente em algum lugar sem lembrar de nada.Todo esse tempo ela passou pensando no marido e não tinha olhos para outro homem, vivia exclusivamente para o filho, então com cinco anos. Mas a carne é fraca e ela sentiu necessidade de ter uma pessoa para conviver e dar continuidade a sua vida, foi aí que conheceu Jerônimo, que lhe deu muito amor e carinho, no entanto ela não esquecia Carlos, ele permaneceu sempre na sua lembrança. Seu novo companheiro resolveu casar e ela aceitou, foram morar em outra cidade e ela teve mais um filho.

   Tudo ia bem, Carlinhos já estava com oito anos e seu irmãozinho com dois, quando Diana teve uma surpresa, seu marido Carlos enfim foi localizado na fronteira do país, havia se embrenhado em uma mata com outros soldados fugindo dos inimigos e ali permaneceram. Alguns companheiros dele estavam feridos e não resistiram, ficou somente ele e mais dois soldados, nem imaginavam que a guerra havia terminado, sobrevivendo com frutas e tubérculos até serem encontrados em uma pequena vila, onde viveram sem notícias do mundo exterior. Carlos, já restabelecido e reconhecido pelo Exército foi procurar sua família e teve a triste notícia: Diana havia se casado e era mãe de outro filho além do seu, pois ficou sabendo assim que chegou. Localizou o novo endereço da esposa e saiu em busca dela, afinal era seu marido. Surpresa Diana o recebeu chorando e sem saber o que dizer, apenas o abraçou e chorou copiosamente, aquele antigo amor veio a tona e ela o beijou como se nada de mal estivesse acontecendo. Confessou para ele que gostava do segundo marido, que o amava, mas que ele, Carlos, era seu maior amor e pai do seu primeiro filho. Jerônimo, o segundo marido, chegou nesse momento e ficou sem palavras, afinal ele foi dado como morto indevidamente e agora aparece vivo, é um direito dela aceitá-lo. Diana não sabe o que decidir e por isso vai ficando com os dois, numa mesma casa e cada um em seu quarto.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 11/03/2022
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