O medo.
Eu tenho medo de me perder em você, tenho medo da sua luz e de tudo que ela carrega. Tenho medo do demais, do que preenche e do que me deixa cega. Tenho medo de não conseguir mais me ver, tenho medo de não conseguir mais me encontrar no meio de tudo que você representa, tanto pra mim quanto pra ti. Não quero ser aquela que vai ser responsável por te apagar ou te deixar aos pedaços. Não quero ser a responsável por sua dor, por que querido, é isso que eu faço. Tudo que eu toco, eventualmente, se fragmenta.
Eu tenho medo do que eu posso te causar. Eu não sei ser luz e muito menos preencher você. Não sei ser mar revolto e que se quebra quando toca em algo. Não sei ser poesia que acalma, acalenta e ama. Não sei ser o brilho nos teus olhos e muito menos o motivo do teu sorriso. Não sei ser nada, nada além de caos e dor. Como posso ser luz se tudo que eu vi, vejo e sempre presenciei foi o caos? A sua luz me assusta. Me assusta ao ponto de não saber distinguir se tudo isso que você me demonstra sentir é mesmo o que está transmitindo. Eu tenho medo da luz. Do claro. De você.
E se você me fazer te amar ao ponto de não saber mais a volta para casa?
E se você me fizer te querer tanto ao ponto de não saber mais me querer?
E se você me mostrar como é estar na luz e eu não souber mais como voltar ao caos?
Tenho medo de você.
Da sua imensidão e da gente.
Tenho medo da sua ida.
Tenho medo de te amar.
A sua chegada foi tão inesperada e do nada que mal me lembro de como era antes de você. Você me fez ver, querer e entender que nenhum amor passado me foi dado da forma correta. Todos levaram um pouco de mim. Do meu ser, do meu âmago.
Por que você não me pede pedaços da minha alma igual a todos os outros?
Por que em vez disso você compartilha a sua comigo?
Não sei mais quem sou sem a sua luz.
Por favor, não a apague.
O lado de cá me parece acalentador.
Enfim, luz.