NÃO ME QUEIRAS COMO EU TE QUERO

   O amor é uma coisa muito complicada, principalmente nos dias atuais, tempo esse que vivemos ao sabor da sorte (ou do azar), com o nível de estresse acima do normal. São muitos os problemas enfrentados numa sociedade que não se preocupa muito com o essencial e sim com os seus próprios interesses. Amar hoje é um papel primordial levando-se em conta a aceitação da pessoa como ela é, muitos não vêem isso e acham que a pessoa amada é propriedade sua e exigem tudo que possa lhes satisfazer. Foi o caso de Rubens, hoje um homem sozinho e triste que prometeu a si mesmo não amar a mais ninguém. A sua forma de amar era diferente dos demais casais, ainda hoje se vê esse tipo de coisa quando a pessoa passa a dominar completamente a outra que está ao seu lado, cerceia até os seus passos e as suas amizades. Rubens era esse tipo de homem que dizia amar Alice e durante alguns anos a teve sob o seu total controle.

   Estava acontecendo uma festinha de aniversário na casa de Alice, sua irmãzinha de cinco anos estava feliz com esse presentinho do vovô. Alguns convidados da pequena Áurea, além de familiares, ali estavam para prestigiá-la, asaim como Rubens, um amigo de um amigo de Alice, que para ali foi como convidado de convidado. E foi nessa festa que o seu olhar se deparou com o de Alice, surgiu então um clima e os dois começaram a namorar. Ele tinha 21 anos na época e ela 19, tudo transcorreu maravilhosamente bem dentro dos conformes, ele até freqüentava a casa de Alice e era bem visto pelos seus pais. Ia freqüentemente ver a namorada, não desgrudava dela, o que causou um certo cuidado dela, que ainda não havia despertado para um relacionamento mais sério. Rubens tornou-se um "calo" para Alice, algumas vezes ela tentava despistá-lo, porém ele insistia dizendo que a amava perdidamente, isso depois de quase dois anos de namoro. Alice, no entanto, gostava dele, não o tanto que ele dizia gostar, Rubens passou a tratar a namorada como uma propriedade dele, o que causou espanto na família dela que não via muito futuro nesse relacionamento. Alice alimentava a esperança dele mudar e se entregou a ele gerando assim uma gravidez. Aos 22 anos ela foi mãe, nasceu Priscila e eles praticamente moravam na casa dos pais dela já que não tinham condições de formar um lar próprio. Ora Rubens ficava com ela sua casa, ora ele ficava na casa dos seus pais e assim foram vivendo até ela não agüentar mais por conta dos ciúmes doentios do rapaz. Depois do nascimento de Priscila eles passaram a brigar constantemente, o que ocasionava separação, mas logo em seguida ele lá estava a procura de Alice.

   Algum tempo se passou e Rubens teve que passar por um tratamento psicológico, ele achava que esse amor era tudo que precisava, nada mais importava, nem a própria filha. Seu caso se tornou tão sério que pensou inúmeras vezes em se matar, não suportava viver sem Alice, ela gostava dele, só não concordava com essa possessão dele, no que implorava para que mudasse o seu comportamento. Mais um ano se passou nessa situação e ele repentinamente tomou uma decisão: pediu para que ela o abandonasse de vez, que o desprezasse, para ver se essa maldita possessão tivesse fim, que ela não o amasse da forma como ele a amava e assim foi feito, Alice já não estava mais agüentando essa vida tão sofrida, tentou esquecê-lo, inclusive com a ajuda dos pais. Só o tempo dirá se ela vai continuar cumprindo a sua parte.