As nove horas de espera

Trecho do conto

A Solidez de Betina (em construção)

Por Áurea Deluz

Foto ilustrativa - fonte: Google

 

.... Uma voz adentra-se ao quarto de Betina, dizendo: - Celta! Fala bofe, você tá aí?

Quem é? - pergunta ela, pálida como uma folha de papel offset.

- É o veado do sétimo andar, querido! O que houve com a sua voz, bebeu óleo de rosa mosqueta, ou o que?

Um instante de silêncio.

- Seu nome? - pergunta Betina. Sua voz sai de seus lábios como se ela estivesse andando no sentido contrário de uma ventania.

- Eu?... Me chamo bicha tarada, meu bem. Gostou do nome?

- Nem um pouco, mas vou falar prá Zé que você veio lhe procurar.

- Agradeço, querida. Tchau, passe muito bem. - diz o rapaz, com ironia.

Betina sentia o estômago revirando como uma onda que vem e volta na dimensão do mar. Às 15h20min, ela já não sabia mais quantas vezes havia conferido o relógio ao seu lado, sobre o criado mudo. É bem provável que após esse domingo frustrante, a moça encontre dificuldades de olhar para alguns acessórios com as mesmas características de tudo o que havia em sua volta. Seu quarto tinha as paredes pitadas de tinta branca, e na de fundo, um quadro em preto e branco com a imagem de um homem negro dando um “soco no ar”. Acima da cabeceira da cama, haviam dois quadros, cujos cenários, um era a continuação do outro: uma longa estrada segue mata adentro e termina no segundo quadro, à frente de uma casa de duas janelas e uma porta entre elas. À esquerda da cama havia um frigobar e, acima dele, um cinzeiro com duas guimbas de cigarro na linha do filtro (...)

 

Aurea de Luz
Enviado por Aurea de Luz em 17/01/2022
Código do texto: T7431671
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