NÃO SEI POR QUE FUI GOSTAR DE VOCÊ
Tudo aconteceu numa noite de Natal, Elza e Helder brigaram por motivos que eu desconhecia, foi apenas mais uma entre tantas, eles praticamente viviam em conflitos intermináveis. Ela era minha amiga de longas datas, ele passei a conhecer depois que começou a namorar Elza. Eu havia saído de casa para uma confraternização com amigos do trabalho em um restaurante da cidade, lá estavam com suas famílias, apenas eu que era solteiro topei a parada e fui, mas antes fiquei com minha família e por volta das oito da noite me reuni com os colegas da empresa. Para minha surpresa lá estava Elza com Helder e de cara percebi que o clima não estava bom. Fiquei com meus amigos, mas ela notou a minha presença ali e ficou inquieta. Depois de algum tempo ela fez um sinal para mim e eu fui até sua mesa. Helder estava bastante irritado, o momento não era oportuno para essa situação incômoda, ela chorava, eu nem sabia o que fazer. Ele nem me disse um "oi", apenas disse para ela: "fique aí com seu amigo", pagou a conta e se retirou. Após a sua saída ela me abraçou desesperada, nesse momento senti algo estranho em mim, algo que me induziu a ajudar essa pobre criatura, fazer alguma coisa por ela. Convidei-a então para ficar comigo na mesa junto com meus amigos, ela aceitou e eu a apresentei a todos. Dali em diante o clima mudou e ala se empolgou nessa reunião.
As coisas acontecem sem que percebamos os seus significados, muitas vezes tento entender mas é praticamente impossível lidarmos com o desconhecido. Quando deixei o restaurante após a confraternização com os amigos do trabalho perguntei a Elza se queria ir para casa, já passava das dez da noite e eu fiquei preocupado com a sua situação, mas ela se mostrou tranqüila e sorridente, havíamos tomado um pouco de cerveja e estávamos ambos ainda com disposição para curtirmos a noite de Natal. Ela me convidou para irmos até a orla onde tinham barzinhos com música ao vivo, ficava bem próximo e fomos a pé mesmo. Ela segurou minha mão e parecemos um casal de namorados. Sentamos em um local reservado e pedi uma cerveja com petiscos, Elza estava bastante alegre, nem parecia que tinha brigado com o namorado, mas o clima entre nós tornou-se "quente" e eu não resisti aos seus carinhos, momento em que beijei-a ardentemente na boca e fui correspondido. Minha amiga estava completamente em meus braços entregue a esse devaneio criado por ela mesma. Perguntei por Helder e ela respondeu que não lhe interessava mais. Fui objetivo com ela, apesar de estar atraído pelo seu encanto, afinal era uma boa moça e eu a conhecia muito bem. Surgiu ali então uma paixão, meu coração palpitava, eu me sentia muito bem junto dela, essa noite de Natal foi uma das melhores em toda a minha vida. Já passava da meia noite quando a deixei em casa, beijei-a com prazer e nos despedimos.
No dia seguinte passei o tempo todo pensando nela, nessa sua reação, no que seria da gente, pois comecei a gostar de Elza, não mais como amiga e sim como uma pessoa que conquistou meu coração. No final da tarde nos encontramos e qual não foi a minha surpresa ao vê-la com Helder. Me bateu um ciúme, mas consegui me dominar, afinal era seu namorado e não podia fazer nada. Eles estavam abraçados e eu perguntei se estava tudo bem. Ela disse que sim ao mesmo tempo em que ele também respondia e até me pediu desculpa pelo ocorrido na noite anterior. Como eu não tinha mais nada a fazer ali tratei de me retirar, mas notei uma certa insegurança no olhar de Elza.
Passou-se algum tempo e não mais a vi, ou melhor, não a procurei, meu coração estava muito abalado ainda, aquela amizade simples entre mim e Elza havia desaparecido, no lugar dela surgiu algo mais especial, algo mais forte que me deixou em uma situação completamente delicada, eu a queria para mim, eu a queria para ser a dona do meu coração e não admitia que isso mudasse. Nas outras vezes que eu a encontrava estava sempre com o namorado e eu torcia para encontrá-la sozinha para poder desabafar, para por para fora o que passou a existir dentro de mim, eu estava completamente apaixonado por Elza e ia ser muito difícil esquecê-la, como amiga não mais aceitava.