Nunca te prometi um " pra sempre"

Nota da autora: Esse é o primeiro capítulo de uma série de livros que pretendo ir postando por aqui( semanalmente ou mensalmente) rs a depender da inspiração, somada ao tempo livre dividida pelo meu cansaço.

Nome do Livro : Nunca te prometi um " Pra Sempre"

Esse conto romântico, narrado por duas personagens diferentes, se passa em um universo não muito distante do nosso, em um cenário pós guerra no ano de 1954 . Conta a história primeiramente sobre o prisma de Veronita, uma jovem órfã que tem seu destino ligado ao de uma jovem rica chamada Layla ainda quando crianças. Após um período curto de tempo os destinos de ambas se separam novamente e elas só se reencontram anos mais tarde. Agora o que parecia ser uma grande amizade, vai lentamente se transformando em amor.

Segue então aqui o Cap 1 dessa hist(...)

Ps: espero que gostem

Primeiro Capítulo

Lugar nenhum 6:40 da manhã

Um raio de sol adentrou meu subterfúgio vindo direto de algum lugar la fora, passando pelos buracos na madeira velha, que fora pregada lá muito antes da minha chegada. O ano era 1954 e o mundo havia sido devastado pela guerra. Agora esse lugar inabitável se tornará minha casa, uma proteção contra a dura solidão do inverno, um esconderijo.

Eu me chamo Veronita e tenho agora exatos 11 anos, 5 meses e 16 dias, mas eu nem sempre fui órfã ou tão pouco nasci de chocadeira como alguns dos meninos do meu bairro gostavam de implicar, não, na verdade no começo da minha vida eu era alguém muito diferente do que o espelho velho do andar de baixo insiste em refletir.

Quando fecho meus olhos, quase posso me lembrar de como as coisas eram antes, eu nasci em algum lugar longe de tudo aquilo, cercada de amor e carinho , mas em uma família bem pequena, e deve ser por isso que eu odeio o inverno, sendo bem sincera eu acho que nunca vou me acostumar a ele.

Devem estar se perguntando como eu vim parar aqui e o por que?

Bom, eu gostaria de saber ao certo o que aconteceu naquela noite para que então eu pudesse explicar melhor, no entanto, tudo do que me recordo é de perceber que já não tinha mais o calor de antes, ele sumira, emprestando seu lugar ao frio da solidão, e eu me vi vagando pelas ruas sem ter mais um lugar para chamar de lar, até que finalmente encontrei essa velha fábrica abandonada, em alguns dias eu gosto de imaginar que existe um motivo pelo qual eu esteja aqui ou que as portas ainda vão se abrir de repente e um casal bonzinho vai atravessa-las me fazendo despertar de um terrível pesadelo, ela me tomará em seus braços e me confortará estendendo seu calor até mim, me dizendo que me ama e por outro lado ele me dará uma bronca, dizendo firme que estavam preocupados, para então depois unir-se a nós duas em um longo e caloroso abraço, fazendo todo aquele frio finalmente ter tido um propósito.

Mas quem eu estou enganado? Todos os dias eu espero e todos os dias nada e as noites a dor em meus ossos causada pelo frio fica quase insuportável, mesmo assim, eu ainda não pedi a esperança de reencontra-los, em alguns dias eu me pergunto se conseguiria conhecê-los se os visse na rua ou se eles mesmos poderiam se lembrar quem sou.

Ser uma garota sozinha na cidade tem lá suas vantagens, eu não preciso tomar banho todos os dias, nem dormir a hora que mandam, apesar de haver dias, onde eu gostava de fantasiar, imaginar só por um segundo que seja, que alguém se importava.

- Vai tomar banho Veronita! - Falo a mim mesma, interpretando um papel.

- Mas por que? - Pergunto, fazendo a segunda voz.

- Agora já chega menina malcriada, vai dormir. - Digo novamente em um tom de afirmação.

- Está bem.- Faço cara de irritada. - Boa noite mamãe, boa noite papai.

- Boa noite filha, nos te amamos.- Respondo e então, tão rápido quanto posso corro novamente para dentro do mundo dos sonhos.

Mas quando o outro dia batia sorrateiro na janela de novo, já era hora de tentar arrumar algo que comer, as vezes o senhor Bitercut jogava meia dúzia de pães para seus cachorros no Jardim, se eu correr rápido o suficiente talvez ainda tenha me sobrado alguns da noite passada ou poderia ir à feira, torcer para alguém de bom coração me comprar algo.

- Vamos à feira hoje Sr. Calado! - Digo,me dirigindo a um velho urso de pelúcia empoeirado que encontrei no lixo, de certa forma tínhamos muito em comum, já que ambos tínhamos nos perdido de casa, embora ele insistisse em permanecer em silêncio, por isso o nome.

Pois bem, pego minha mochila que eu mesma fiz com um pedaço de pano velho que encontrei e o meu fiel escudeiro Calado.

Outra coisa boa de se estar sozinha é que você é quase como um super herói, invisível para todos, digo quase, porque na semana passada um cachorro parou para me lamber na rua e sua dona rapidamente o puxou pela coleira afastando-o de mim, ela nem percebeu que eu estava ali e acho que esse é meu super poder.

Hoje a feira vai estar mais cheia do que o de costume, vai haver um evento onde as pessoas da cidade trazem suas famílias e acho que eles se reúnem em suas casa para comemorar e comer juntos observando a neve pintar de branco todo o contorno de tudo.

E difícil pensar quando seu estômago ronca alto, implorando por comida.

- Calma tagarela! - Ordeno. - Eu já vou providenciar seu jantar.

Do outro lado, mais afastado de onde eu esperava,tentando cativar a atenção de alguém que pudesse me dar comida, percebi que havia uma menina que caminhava ao lado dos pais, o homem que ia na frente, um pouco afastado da mulher voltou e carregou a menina no colo fazendo cócegas em sua barriga. Que família perfeita! - Pensei.

O que eu não daria para ter aquilo de volta. - Uma lágrima escorreu do meu rosto depressa, não sei se pela sensação nostálgica ou a fome que insistia em apertar o meu estômago naquela hora.

- Calma! Tem que esperar ver se alguém nos compra algo, esfomeado.

- Digo acariciando a boca do guloso.

- Tá com fome, pirralha? - Um garoto uns dois anos mais velho se aproxima de mim. - Esta é a barraca do meu pai e não queremos ratos por aqui. - Continuou o belo garoto franzino,que de Belo não tinha nada de fato.

-Será que você tem algo aí pra me dar? Eu e o senhor tagarela estamos com fome. - Peço.

- Não vou repetir garota, seu lugar não é aqui, ratos não se misturam com a gente, não é isso Tonny?- Comenta ele para outro garoto gordo.

- Sim, xo seu rato imundo,está afastando os clientes. - Ele diz e logo em seguida se volta para atender dois casais de pessoas bem altas.

Engulo seco, eu não entendia todo esse preconceito do mundo com os ratos, afinal lá na fábrica tinham vários e eles nunca me fizeram mal algum.

Aproveito que eles estão distraídos por um instante e começo a encher minha bolsa com os legumes e frutas da barraca, sem que eles vejam, eu certamente não gostava de roubar,mas eles mereceram. - Pensei.

Mas quando eu estava quase terminando de encher minha sacola de mantimentos, o grandalhão Tonny gritou para seu irmão mais novo:

- Pega ladrão! - Fazendo todos os olhares outrora distantes, agora mergulharem em mim.

E eles vieram correndo atrás, me forçando a correr mais veloz do que tudo na vida, naquele momento os meus poderes de invisibilidade me seriam muitos úteis, e eu corri o quanto pude na tentativa de despista-los, tive de me meter por entre os espinhos de um canteiro de rosas.

-Ufa ! Essa foi por pouco Sr. Calado. - digo respirando ofegante, enquanto verifico se eles foram embora mesmo.

Finalmente eu vou poder comer! O que está olhando Sr. Calado ? - Pergunto. - Você nunca come, é desnecessário para você.

Estava delicioso, nunca comer foi tão bom e o que é melhor, me sobrou ainda comida o suficiente para uns dois dias, o que é bom, pois agora estou com medo de voltar à feira.

No caminho de volta para a fábrica só um pensamento me consome, será que meus pais estariam vendo a mesma neve que eu? Como seria o rosto deles agora? Aposto que mamãe me faria uma bela torta de maçã e papai me ergueria no colo como o pai daquela menina.

- Aquela menina? -Grito assustada ao ver a menina de hoje mais cedo na calçada da rua fria chorando.

- Ei? Você está bem?- Pergunto me aproximando dela.

Um silêncio se faz...

- Você é muda igual ao Sr. Calado por acaso?- Pergunto de novo.

-Nao posso falar com estranhos.- Diz ela com lágrimas nos olhos encarando o gotejar de água de um pequeno galho de árvore.

- Mas eu não sou estranha, eu te vi lá na feira mais cedo, me chamo Veronita e além do mais, sou criança igual a você e essa regra não vale para crianças.

- Pode ser...Sou layla. -Diz ela, ainda chorosa, relutante em se virar para mim.

- Por que você tá chorando?- Pergunto.

- Por que me perdi dos meus pais, estou com medo. - Responde seca.

-Não fica não, eu também me perdi dos meus pais há alguns anos, mas eu vivo bem aqui, vem comigo?- Insisti.

- Não posso, tenho que ficar aqui se eles voltarem para me procurar. - Explica ela.

- Eu entendo, mas aqui fora está muito frio, eu conheço um lugar seguro do frio da neve, posso te apresentar minha família. - Digo.

Novamente um silêncio se faz...

E eu me viro de costas:

- Está bem, se é assim que prefere,mas cuidado com os lobos. - Alerto.

-Loooobos ? -Ela pergunta assustada.

- Sim!

- Você está mentindo! E minha mãe diz que mentir é pecado.

- Como quiser.

Alguns segundos se passam e eu me afasto devagar.

- Está bem.-Ela vem correndo em minha direção após se assustar com o barulho do vento nas árvores.-Eu vou com você.

- Muito bem.

Vamos caminhando até a fábrica lado a lado, afundando nossos sapatos na Neve branca.

- Bem vinda a minha casa. - Digo orgulhosa.

- Credo! - Ela se exalta. - Isso não tem cara de casa, aqui tem ratos. - Ela se vira pra mim apertando uma cara de nojo, após perceber que um acabará de passar por nós no corredor.

- Mas o que as pessoas têm contra os ratos afinal? -Pergunto enfurecida.

- Você não sabe? -Questiona ela.- Eles tem doenças. - Afirma. - E são sujos.- Ecaaa...

- Mas eles também tem coração,você sabia? - Agora quem questiona sou eu.

- Eles tem?- Diz ela, pensativa. - Mamãe diz que ratos são uma praga e papai vive construindo armadilhas no nosso quintal para pega-los.

-Credo! O que ele faz depois que os pega? - Pergunto.

- Acho que os mata, ora!

- Eca!

-Que seja, são os ratos ou os lobos, o que prefere? - Pergunto outra vez.

Ela faz uma pausa e eu me viro novamente dando de ombros.

- Espera! Fica perto de mim, não me abandona.

-Nao vou! - Afirmo sorrindo e rapidamente vou apresentando a ela o meu humilde castelo encantado.

-Vemmmm...-Sem perceber estou a puxando pelas mãos. - Esses são a Estela e o Igor!

- O que são? - Pergunta.

-São máquinas antigas, talvez de antes da gente nascer, esquecidas aqui por anos. - Digo e ela me encara sem entender, então continuo: - Tem que falar com eles, bobinha.

Ela faz uma pausa e me olha de canto de olho: - Está bem. - Resmunga.

-Olá senhorita Estela, olá Igor. - Cumprimenta ela, se apresentando, mas eu a interrompo:

- Não, não, é senhora Estela, eles são casados a anos, mesmo antes de eu vir morar aqui, mas ela não vai te responder agora porque está brava com o senhor Igor.

- Você tem muita imaginação.- Diz ela.

- E você não tem nenhuma! - Digo irritada.

- Me desculpa. - Volta atrás . - Você foi a única que foi legal comigo, é que eu estou muito triste ainda.

- Tudo bem, talvez o Sr. Calado possa te ajudar.

- Sr. quem? - Pergunta ela.

- Sr. Calado, o meu urso de estimação. - Os apresento. -Mas ele não fala, por isso Sr. Calado, entendeu? Embora seja um ótimo, ótimo ouvinte. - explico.

Finalmente eu tinha alguém além de mim que não era um objeto inanimado para brincar, eu estava tão feliz, como se finalmente Deus tivesse atendido os meus pedidos e me mandado de presente aquela menina linda para me fazer companhia, havia dias onde minha coragem caia por terra e eu passava o dia inteiro chorando, cansada de esperar e agora finalmente algo que eu pudesse me agarrar, não era um pai e uma mãe, mas por enquanto, me bastava.

- Ai! - Exclama ela.

- O que foi? Tudo bem? - Pergunto logo em seguida. - Tem que tomar cuidado com os pregos no chão. - Aviso.

- Não é isso. - Ela me interrompe.

- Então o que foi? - Pergunto curiosa.

- Meu estômago doi! Nunca tinha sentido isso antes.- Layla responde.

- É fome. - Digo sorrindo. - Aposto que você come todo dia.

- Você não? - Ela me questiona.

-Nem sempre da, já fui dormir muitas vezes sentindo fome- Digo abaixando a cabeça, desviando o olhar dela.- Mas felizmente eu consegui roubar muita comida de um garoto gordo hoje na feira, tem o suficiente para nós duas aqui, pega! - Digo estendendo a mão.

- Minha nossa! Exclama ela, você é como aquelas garotas que a gente lê nos jornais, não é mesmo? Não se preocupe. - Diz ela. - meus pais são ricos, eles podem adotar você e aí ia poder ter uma casa e uma cama só sua e poderia comer quando quisesse, sem precisar roubar.

Uma breve pausa se fez e eu queira acreditar nela, um pai e uma mãe,uma família? Era isso que ela estava me oferecendo mesmo? Uma família? - Pensei.

- Eu adoraria, mais aí seríamos irmãs, não seríamos? - Pergunto.

-Acho que sim. - Responde ela pensativa. - Mas não teríamos o mesmo sangue.

- Eu acho que isso seria incrível! - Digo novamente.

Ahhhhh- Ela boceja interrompendo- me de pensar.

- Acho que estou ficando com sono. - Afirma Layla.

- Então vamos dar boa noite. - Digo também sonolenta. - Foi um dia bastante longo, boa noite senhora Estela, boa noite senhor Igor...

- Boa noite senhora Estela, boa noite senhor Igor...- Ela repete em seguida.

- Boa noite senhor Calado.

- Boa noite senhor Calado e boa noite Veronita.

- Boa noite layla.

O sono chega e antes que eu perceba o meu corpo vai ganhando lentidão e apaga pela primeira vez em anos, no braços de outro alguém.

No dia seguinte o frio não está mais brando do que ontem e com certeza não mais que amanhã, mesmo ali, enroladas uma na outra, quase em uma fusão de nossos corpos, eu ainda podia senti-lo dificultando os meus pulmões de respeitarem.

- ahs ahs ahs...- Layla me desperta tossindo alto.

- Você está bem? - Pergunto preocupada.

- Sim, mas acho que peguei uma gripe ontem a noite.

O barulho alto dos latidos dos cachorro do senhor Bitencourt nos avisam que há perigo.

- O que pode ser? - Pergunta ela. - Eles sempre latem assim?

- Não. Tem alguma coisa errada. - Digo. Abaixa! Tem alguém vindo lá fora. - Afirmo novamente agora puxando sua cabeça para baixo da janela. - Vem comigo.

Ela me segue com medo.- Para onde estamos indo.

- Tem um armário aqui nos fundos, é um esconderijo secreto. Podemos ficar aqui, até sabermos o que é.

E assim ficamos lá, encolhidas como os ratos esperando que estivéssemos em segurança de novo. Foi quando a porta se abriu, do buraco da fechadura dava para ver de relance a ameaça, mas dela saíram duas pessoas, um homem e uma mulher , como nos meus sonhos! Mamãe e papai? - Pensei.

Mas bastou uma espiada ligeira, que Layla logo os reconheceu.

- Mãe, pai!- Exclamou ela contente.

- Espera! Aonde você vai? - Pergunto.

- Eles são meu pais, deviam estar me procurando, ela abre a porta e sai em disparado na direção dos dois e quase como eu imaginei eles a recebem de braços abertos, mas eu não saio do meu lugar.

Até uma outra moça adentrar também o meu forte.

- O que estava pensando Layla, onde você passou a noite minha princesa ?- Perguntou o homem de casaco de moletom longo.

- Aqui papai, com essa outra garota! - Disse ela.

- Sabe o quanto nós estávamos preocupados? - Ele esboçava em seu rosto uma preocupação genuína.

- Outra garota? Que outra garota filha? - Agora a mulher se pronunciou preocupada.

- A Veronita papai. - Explicou ela me chamando com as mãos para conhece-los.

- Um pouco relutante e amedrontada eu vigiava aquela cena cautelosa em meu esconderijo, mas a Layla continuava apontando e me chamando, sai da minha caixinha devagar em direção a ela, enquanto todos, exceto ela pareciam me olhar com o olhar semelhante ao daqueles garotos da feira.

- Meu Deus! - Exclamou a mulher, erguendo sua mão a altura do peito - Essa menina está imunda Layla!- Exclamou. - Você tocou na minha filha? - Pergunta ela se virando para mim, ao menos ela podia me ver, agora era oficial! Ser invisível é coisa do passado, eu abaixei minha cabeça ao ouvir suas cruéis e injustas palavras, tentando disfarçar os rasgos em meu vestido e o quanto ele estava uns dois ou três numeros mais largo.

Sem que eu me desde conta, aquela mulher veio logo depois, acompanhada pelos homens de uniforme da polícia.

Mas Layla foi logo perguntando, inocentemente:

- Podemos ficar com ela papai?

O homem encarou-a franzido sua testa.

-Amor, ela não é um bichinho. - Disse ele.

- É. - Afirmou a mãe. - Embora cheire como um.

Certamente aquela não me queria como filha e eu também nunca imaginei minha mãe assim.

-Olá. - a mulher misteriosa caminhou até a minha direção, estendendo sua mão para tocar a minha. - Eu trabalho para o orfanato são Bento e você pode me chamar de senhorita Estela.

- Mamãe! Ela tem o mesmo nome da máquina. - Comenta Layla.

- Ainda por cima é louca, da nomes as máquinas.

Rapidamente eu corro das garras da mulher malvada que quer me prender em um orfanato, corro o mais rápido que posso, mesmo sentindo uma forte dor em meus joelhos, correr já se tornará rotina para alguém como eu e aprendi desde cedo a manter as pessoas distantes de mim, mas não contava com outros dois guardas do lado de fora, me seguraram cada qual por um braço me suspendendo no ar como uma folha de papel e mesmo imobilizada, eu ainda tentei me soltar dando chutes fortes em suas canela.

- Pestinha! - Disse um deles.

- Você não tem escolha criança, nos queremos te ajudar, entre no carro. - Ordenou a senhorita Estela do mal.

- Veronitaaaa! - Gritava aos prantos Layla, quando me percebeu entrando no carro dos policiais, eu estava apavorada, pensei que seria presa, mas ela havia mentido para mim,me feito acreditar que pela primeira vez eu poderia fazer parte de uma família, eu estava tão irritada que entrei no carro de cara fechada.

E enquanto ela chorava,tentando livrar -se de seus pais e correr atrás do carro,eu me mantive imóvel, agarrando forte o senhor Calado e também o forro do banco do carro, sem olhar para trás a voz de Layla foi desaparecendo dos meus ouvidos e nos anos que se seguiram eu tive de aprender com o senhor Calado como fechar a boca e calar meus sentimentos.

Dez anos depois...

Grécia
Enviado por Grécia em 19/12/2021
Código do texto: T7410795
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