LORENA - UM AMOR VERDADEIRO

Eu sempre tive vontade de deixar Lorena, meu coração, no entanto, me dizia para não tomar essa decisão. Para mim estava sendo muito difícil dar um "não" para ela, que era uma pessoa bastante sensível e compreensiva. Estava eu com 26 anos e ela com 21, formávamos um par de causar inveja aos nossos parentes e amigos, todos aprovavam o nosso relacionamento, mas a minha teimosia falou mais alto e terminamos. Motivo? Certamente nenhum, apenas inventei uma história de que eu não tinha "clima" com ela, a "química" não estava funcionando e parti para outro Estado em busca de alguém que me chamou a atenção, alguém com quem eu me correspondia secretamente através de cartas, já que naquele tempo não existia internet. Eu tinha acabado de sair de férias do trabalho e logo que cheguei em Maceió me hospedei em um hotel simples da cidade. Antes de procurar Anita me bateu uma tristeza e uma vontade de voltar, meu coração me pedia isso, no entanto eu não o atendi e procurei viver momentos diferentes com a "namorada" por correspondência.

   Os dias se passaram rapidamente, Anita mostrou-se interessada e tive a oportunidade de conhecer seus pais e irmãos, enfim toda a família, o namoro estava enfim oficializado. Fiquei todo o mês de férias no hotel, nos encontrávamos todos os dias em sua casa, onde muitas vezes almoçava e jantava. Chegou enfim o dia de voltar ao Recife, minha cidade e local de trabalho. Meus familiares me falaram do sofrimento de Lorena, senti um aperto no coração, mas eu estava determinado a ficar com Anita, ela me satisfazia plenamente, inclusive na parte sexual, o que me surpreendeu muito, pois não esperava essa entrega total dela, mas gostei da sua atitude e achei legal, o que me fazia viajar quase todo final de semana para vê-la.

   Certo dia, quando voltava do trabalho, encontrei Lorena bem abatida, porém com um sorriso acanhado no rosto quando me viu. Ela me pediu para voltar e que esqueceria essa aventura que eu estava vivendo com outra, meus parentes falaram toda a verdade para ela que dizia que isso não ia dar certo. Fiquei balançado e fomos para um parque onde vivemos alguns momentos de amor, mesmo eu estando com o pensamento longe. Trocamos carícias e fomos para um motel onde transamos com muita volúpia, ela era virgem e resolveu se entregar a mim, foi uma entrega total e eu praticamente a estava enganando, pois jamais deixaria Anita, nós tínhamos planos de casamento e ela era herdeira de uma boa propriedade no interior de Alagoas. Fiquei com esse pensamento na cabeça e o tempo foi passando, passei a viajar de quinze em quinze dias para Maceió, transava com as duas, imaginava casar com Anita enquanto ludibriava Lorena, essa que me amava de verdade.

   Certo dia viajei para Maceió para mais um final de semana com Anita, chegando lá fui recebido com um ar estranho pela namorada, fiquei preocupado e depois de muita conversa fiquei sabendo que ela estava com outro, era um empresário que comprara parte da propriedade de seu pai e havia se interessado por ela. Fiquei bastante abalado, pois já nutria uma paixão por ela e tudo foi por água abaixo. Voltei decepcionado para o hotel e peguei o primeiro ônibus para o Recife. Durante essa viagem o ônibus sofreu um acidente e alguns passageiros morreram, a maioria ficou com ferimentos graves. Após a batida e o capotamento não vi mais nada, acordei dias depois em um quarto de hospital, meu estado ainda era grave, meus familiares ali estavam, inclusive Lorena, que chorava copiosamente segurando minha mão. Olhei aquela criatura triste e abatida e me bateu uma pena terrível, me senti um nada na sua frente, queria muito lhe pedir perdão, mas não conseguia falar e nem tão pouco movimentar meus membros, estava completamente paralisado e essa situação perdurou por longos meses, quase um ano, ocasião em que tive alta e pude voltar para casa. Lorena estava a todo momento perto de mim e quando consegui dizer algumas palavras foi para lhe pedir perdão, todo esse sofrimento me fez enxergar a realidade e entender que ali existia uma pessoa que me amava de verdade.