ANEILZA, UM NOVO ENCONTRO

Eu era apenas um moleque quando conheci Aneilza, não tinha lá muito interesse nessa garota, apenas nos divertíamos nos finais de semana em bailes, assustados, praia ou outro divertimento qualquer e sempre estávamos juntos com a nossa turminha jovem, todos entre 14 e 17 anos. Mas com o tempo eu notei que ela tinha um certo "olhar discreto" para mim e isso me fez mudar de comportamento, passei a tratá-la com mais atenção, em mim eclodiu uma certa "paixão", o que até me envaideceu, isso num momento em que arranjei meu primeiro emprego aos 17 anos, o que me fez me tornar independente e convidá-la para um cinema ou uma lanchonete, afinal podia pagar a conta sem precisar da mesada do meu pai. Aneilza então se revelou e aceitou o meu pedido de namoro, enfim estávamos namorando oficialmente e daí em diante assumimos um compromisso sério.

   Era verão de 1974, voltávamos da praia num domingo ensolarado e acertamos para assistirmos a um filme no cinema do bairro, uma película que chamou a atenção das pessoas e a afluência foi grande no casa de projeções. Houve um certo tumulto na fila da bilheteria e eu acabei me envolvendo numa confusão que nem comecei, mas tive que terminar. A minha namorada não gostou porque um dos envolvidos era primo dela, o que mais a irritou foi um soco que dei nele, fato que com a chegada da Polícia fui detido. Nem filme e nem namorada, foi o que terminou acontecendo, Aneilza ficou bem magoada com a minha investida, mas na verdade ele tentou tirar onda comigo, pois eu já tinha um certo ciúme dele depois que veio passar uns dias na casa dela, então aproveitei a ocasião para surrá-lo. No final da tarde eu já havia sido liberado e fui para casa.

   Eu passei uns dias meio encabulado e procurando sair só, Aneilza não me deu mais bola e eu tratei de seguir outro caminho. Nosso namoro durou aproximadamente pouco mais de seis meses e depois disso não mais a vi, ela até precisou mudar de bairro porque a casa onde morava era alugada e o proprietário precisou da mesma.

     Passaram-se dois anos e pouco e eu havia arranjado outra namorada e depois outras, até ficar com uma que me casei com ela. Vivemos felizes e tivemos três filhos, um menino e duas meninas. Meu casamento começou a andar para trás e acabei me separando de Catarina e indo morar só. Pouco tempo depois ela arranjou seu par perfeito e foram viver juntos. Minhas noites se tornaram tristes e vez ou outra eu tinha alucinações, eu via em sonhos uma mulher que me oferecia seus braços, porém não me deixava ver seu rosto. Ela chamava com clareza o meu nome e isso me intrigava. Os sonhos se repetiam com freqüência até que consegui descobrir quem era ela: Aneilza, a minha primeira namorada. A partir daí passei a procurá-la em tudo que era lugar, já que no antigo bairro onde morava eu não consegui êxito. Foi um verdadeiro calvário para mim. Mais de trinta anos se passaram e eu nessa situação, mesmo depois de tanto tempo emergiu em mim aquela vontade louca de encontrar Aneilza, não interessava se estivesse casada ou não, nada poderia evitar o nosso contato, para mim era muito importante, pelo menos vê-la e saber que está bem, a sua existência, mesmo ao lado de outro homem, me satisfaria plenamente.

Durou meses, mas encontrei Aneilza, como estava linda, bem mais linda do que naqueles tempos quando namoramos, meus pés pareciam ter sido fixados no chão no momento que a vi pela primeira vez depois desse tempo todo. Ela realmente estava casada, o que me chocou um pouco, mas depois de uma boa conversa ela me explicou tudo bem direitinho, aquele primo dela, que na época brigou comigo, conseguiu fazer a cabeça dela e disse poucas e boas a meu respeito e no auge do desespero ela acabou acreditando. Disse ela também que seu primo, depois de algum tempo, tentou conquistá-la, mas como ela não estava afim acabaram brigando e ele nunca mais freqüentou sua casa. O tempo passou para Aneilza, ela conheceu alguns rapazes e no último terminou casando. O casamento durou bastante tempo e o marido terminou sofrendo um acidente de carro e ela ficou com uma única filha. Nesse espaço de tempo Aneilza começou a sonhar com o antigo e primeiro namorado, nos sonhos ele a chamava para seus braços, o que a deixou muito desesperada, mas tinha fé que um dia iria encontrá-lo para terminarem de viver um grande amor que foi interrompido pelo destino.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 28/11/2021
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