A Menina Himuro

Rio de Janeiro, 2009

A noite da Cidade Maravilhosa todos sabem que é um espetáculo principalmente aos finais de semana por ter seus lugares mais badalados e outros um tanto calmo, tem para quem gosta de Barzinhos tradicionais como na Lapa e suas adjacências , assim como tem quem goste de Museus, Centros Culturais e Teatros em destaque o mais famoso da cidade que é o belíssimo Teatro Municipal. Mas é num Barzinho localizado em Ipanema que começa nossa história, e neste lugar é conhecido por suas deliciosas comidas e uma boa música e muitas pessoas faziam apresentações por ali, e era noite de Rick Cruz ter sua estreia por lá, ele que é um jovem de 22 anos, universitário da UFRJ cursando Fisioterapia, violinista , praticante de artes marciais, além de ser amante de astronomia. Ele estava prestes a realizar um de seus sonhos que era tocar em uma banda de Jazz. Foi convidado pelo dono da escola de música onde estudava, o Sr. Alves, para representá-los no evento que teria no local.

Rick estava afinando seu instrumento e fazendo passagem de som totalmente concentrado no palco, assim que terminou chegaram os outros músicos assumindo seus lugares. Foi então que iria começar o grande, o dono do recinto veio apresentar a banda e falou:

- Boa noite senhoras e senhores, venho apresentar a banda Ipanemas's Jazz contando com um convidado novo, Rick Cruz no Violino , um dos grandes mestres que toca com meu amigo Alves em Nova Iguaçu. Espero que curtam e uma excelente diversão a todos.

O rapaz ficou todo sem jeito e recebeu o carinho vindo da platéia, até que ele avistou em uma das mesas duas moças uma mais velha e outra mais nova , eram orientais, a mais nova o olhou de um jeito tão diferente que ele por um breve instante esqueceu de tudo ao redor, ela tinha um cabelos negros mediano, um rosto bem desenhado e olhos castanhos, de uma beleza ímpar. Estava trajando o que parecia ser um vestido longo, era como se eles tivessem tido química no primeiro contato, ele voltou a sim mas volta e meia olhava para sua mesa. A outra mais velha que aparentava ter uns 35 anos, estava de vestido longo e cabelo solto porém curto.

O show começou e ele foi muito bem, todos gostaram de suas performances no palco e saiu dali realizado, muitos foram cumprimentá-lo, ele olhou disfarçadamente para a mesa da jovem e por incrível que parecesse, a viu desviando o olhar mas dando um risada meio tímida . Ele meio sem jeito, principalmente para chegar nas mulheres decidiu ir até a mesa da moça, mas no meio do caminho foi interceptado pelos seu amigo Rodrigo que disse:

- Parabéns meu garoto brabo, mandou lá em cima do palco - disse Rodrigo.

- Obrigado Irmão, estava um tanto nervoso acredite, mas deu tudo certo.

- Mano, nem pareceu. Mas vem cá que tanto você olhava ali para a mesa das Japinhas, hein?

- O que? Não... É que eu achei que a conhecia de algum lugar e fiquei na dúvida - disse Rick todo sem jeito.

- Sei, você é todo peculiar e você se amarra numa oriental acha mesmo que iria cair nessa. Eu ria toda vez que você olhava para lá ainda pensei '' Gamou mesmo'.'

- É, mas sei lá, pode ser porque achei bonita e atraente.

- Cara, aproveita agora e vai lá na mesa delas ver se gostaram da apresentação, antes que vão embora e você fique de pista.

- É vou lá, mas não me atrapalhe se não fico todo nervoso.

- Vou ficar ali do outro lado, ou melhor vou dar parabéns aos outros músicos.

- Tá bom.

As moças ainda estavam ali ele foi cumprimentando de mesa em mesa até chegar na delas, à medida que se aproximava ficava mais nervoso, suado. Até que ele chegou ao alvo e disse:

- Boa noite, Meninas. Espero que tenham gostado da apresentação .

- Boa noite, a apresentação foi incrível, você é bem talentoso e tem bastante agilidade com as cordas - disse a moça mais nova.

- É mesmo, minha sobrinha não piscava os olhos quando vocês começaram inclusive em você com o violino, ela me contava o quanto deve ser difícil - disse a mais velha.

- Sério? Poxa, obrigado, fazemos por vocês. E sim, o violino é um tanto difícil, tem que estudar muito para ter uma certa agilidade e fazer cair cravado as notas nas cordas, estudava muitas horas por dia, às vezes tinha que conciliar com os estudos do Vestibular mas deu tudo certo.

- Pelo visto faz bastante coisas - disse a jovem.

- Sim, estudo, gosto de tocar meu violino que também não deixa de ser meu trabalho e fotografo as vezes também.

- Nossa vocês são bem parecidos , vou ao toalete e já volto - disse a tia da moça.

- Tá bom.

Assim que a tia da moça saiu eles começaram a desenvolver uma conversa tão agradável que descobriram coisas em comum, A mesma era fã de música clássica, isso explicava que estava ali numa noite daquelas. Ele disse:

- É muito difícil ver pessoas assim diferente nessa idade gostar e curtir músicas desse naipe, não vou dizer que não vá gostar de outras mas é interessante.

- Ah moço do Rio, Sou bem peculiar, gosto de coisas que não são tão comuns assim.

- Somos dois, pois sou assim também meus amigos dizem que tenho gosto um tanto diferente.

- Isso sim é bastante interessante.

- Que mal lhe pergunte, como se chama ?

- Falamos, falamos e falamos mas não nos apresentamos eu me chamo Mei Nakamura e a minha tia se chama Suzanna.

- Muito prazer, Sou Rick.

- Já sabia, pois o moço te apresentou ao público.

- É verdade, nem me liguei, que distraído. Você é daqui mesmo, Mei? - disse Rick todo sem jeito.

- Nasci no Japão mas vim para cá muito pequena e Moro no Rio na casa da minha tia, mas irei voltar a intenção era ficar aqui até um certo tempo e voltar meus pais estão lá e quero ficar perto deles.

- Legal você é bem família e reservada, acho legal pessoas assim.

- Tem coisas que nunca mudam e gosto de preservar, mas e você sempre morou aqui?

- Eu moro em Nova Iguaçu, um pouco distante daqui de Ipanema, vim para apresentação mas não sei quando volto, tenho um amigo que mora aqui e vou ficar na casa dele.

- Deve ser mesmo, não conheço a cidade em todos esses anos aqui e como te falei não sou de sair, hoje que minha tia me trouxe aqui mas gostaria muito de conhecer.

- Poxa, pena que talvez não nos veremos mais, porém gostaria de continuar conversando com você, és uma pessoa muito legal e diferente. Podemos trocar contatos? se não quiser tudo bem vou entender.

- Façamos assim, eu te dou o número da minha tia e conversamos pode ser? Não estou com telefone no momento, gostei muito de conversar contigo também e acho talvez precise de uma boa conversa.

- Tudo bem, ligarei sim.

Rick não acreditou no que aconteceu, pela primeira vez em muito tempo ele conseguiu chegar em alguém e fluiu naturalmente, o mesmo teve muitas frustrações em seus interesses amorosos, quando conseguia se interessar por alguém, a pessoa não era flor que se cheire, as vezes estava interessada em sua amizade ou já gostava de outra pessoa, ele sempre tinha esperança de encontrar uma moça de família ou alguém que mexesse profundamente seu coração, por enquanto estava com o pé no chão pois estava sentindo que poderia ser diferente dessa vez. A tia da moça voltou e eles se despediram, ele foi até o amigo e contou sobre a situação, Rodrigo ficou besta e ao mesmo tempo feliz. E disse:

- Mano, não acredito agora dessa vez vai. Aproveita que vai embora só segunda e chama ela pra sair domingo.

- Não posso fazer isso de cara irmão, conheci a garota hoje e ela não é igual as outras não.

- Velho, uma mina quando flerta com você, ela espera que a chame para sair e com a solução pronta, que mal tem isso ? Se der bom pra ti beleza, senão deixa quieto, confia no pai - Disse Rodrigo.

- Pode ser, vou fazer isso.

Depois disso eles foram embora, de longe Rick avistou Mei e acenou para ela que retribuiu. Ele chegou na casa de Rodrigo não acreditou na noite que teve, estava indo tudo bem, os amigos conversaram até 3:00 da manhã e dormiram. Naquela noite, Rick teve um sonho um tanto estranho que envolvia Mei a mesma estava com ele em uma floresta e eles estavam fugindo de alguém e estavam muito desesperados até que eles se depararam com um homem Japonês com Kimono e um outro parecendo sacerdote dizendo que era para ele se afastar dela a '' Dama do Santuário das Cordas'', ele sem entender acordou assustado e suando, pensou e viu que era só um pesadelo. Ele viu que era de manhã e ficou mais tranquilo, contou o ocorrido ao amigo que estava na sala e o mesmo também achou estranho mas que era só preocupação pelas coisas que já ocorreram e ele ficou muito envolvido com a situação.

Mais tarde ele ligou para o número que a Mei tinha dado para ele, a princípio tocou e chamou bastante até que a tia atendeu e o tratou muito bem e depois passou para a sobrinha, os dois conversaram bastante como se já se conheciam muito tempo, conversaram sobre tudo era como se a moça não soubesse nada da vida ou a educação japonesa era muito rígida a ponto de serem restritos. Depois de muita insistência, ele conseguiu convencer a tia de levá-la para sair no domingo, ela deu o endereço da casa .

No dia seguinte ele foi até sua casa que se localizava no Flamengo, próximo a estação do metrô , era uma casa muito bonita e por sinal bem aconchegante. Ele nem precisou tocar a campainha, Mei já estava se aproximando com a tia do portão passando pelo jardim oriental na frente de casa. Ele disse:

- Como você está bonita.

- São seus olhos, muito obrigado pela gentileza.

- Imagina, está sim.

- Vamos passear então?

- Onde iremos?

- No Rio de Janeiro faremos um tour por ele.

- Nossa, vou sair mais Carioca do que nunca - disse ela toda contente.

- Traga a Mei em segurança hein, senão os pais dela me matam - disse Suzanna.

- Pode deixar serei seu fiel guardião

- Divirtam-se.

Ele agradeceu e foram passear, começaram seu tour pela Lapa, levou ela na Escadaria Selarón onde tiraram bastante fotos, conheceram a Igreja da Candelária, ainda tiveram pique para irem ao Teatro Municipal para tirarem mais fotos e conhecer a história do local, prometeu que faria uma música para ela e tocaria um dia nele. Não se contentando ele a levou na Praia do Arpoador, onde ficaram sentados na pedra vendo o pôr do sol, após os aplausos ela disse:

- Rick, muita obrigada tá por esse momento pelo passeio, pelas nossas conversas ao longo do dia, foi tudo maravilhoso, espero termos mais momentos assim.

- Mei, você é uma pessoa maravilhosa, eu fiquei muito encantado em te conhecer e gostaria de conhecer melhor, isso não é nada comparado ao que...

- Fala.

- Quero te proporcionar. Não sei se acredita mas parece até coisa de outras vidas , sabe? Sou católico mas acredito nessas coisas.

- Acredito e muito minhas crenças sempre pregam isso, e gostaria muito de viver isso com você, me faz tão bem na sua companhia e você é um lorde.

- Mesmo nos conhecendo não tem muito tempo, é como se já nos conhecêssemos há muito tempo, você é muito especial para mim.

- Para mim também. Nunca vivi isso antes.

- Nem eu, sinto que estou começando a gostar de você.

- E eu sinto algo muito diferente em mim e bom ao mesmo tempo, também estou gostando de ti.

- E o que a gente faz com esse sentimento surgindo?

- O que você me diz?

- Podemos descobrir juntos.

- E eu quero…

Não resistindo ao calor do momento dois se beijaram, e ali diante daquela pedra juraram seu Amor. A noite vinha chegando eles foram para a Marina da Glória ver os barcos e ali ficaram conversando e namorando. Até que Rick perguntou sobre sua família, e sobre os seus costumes e pensamentos pois os Japoneses tem sua cultura muito divergente dos brasileiros para muita coisa e teve a preocupação em saber se seria aceito até por ser um " Gaijin'', o que seria estrangeiro em japonês, ele notou que ao fazer isso Mei ficou estranha e desconversava. até que ele disse:

- Desculpa Mei, não queria te chatear.

- Não tem problema só que não gosto de falar muito de mim, sou meio estranha.

- Só queria saber de seus pais pois um dia irei conhecê-los e você disse ser bem família queria saber mais.

Mei deu um outro suspiro e ficou meio preocupada como se eles fossem tiranos demais. Rick insistiu;

- O que foi Mei, Seus pais fizeram algo para está assim?

- Não... É que... Se eles souberem que estou saindo estarei muito encrencada e de verdade

- Mas o que que tem isso? Sei da rigidez oriental mas assim também não, você tem 19 anos e já é adulta.

- Eu sei, mas não é bem assim

- Sua tia é muito mais maleável do que eles.

- Se eles souberem que minha tia deixou eu sair e com alguém nós não poderemos nos ver mais entende? Quero viver isso mas tem coisas que não permite.

- Só me conta o que está acontecendo.

- Acho melhor irmos para casa.

- Tudo bem, não vou insistir.

Chegando na casa dela, ele a deixou em segurança mas notou que a casa estava escura, sua tia não estava em casa , ele se ofereceu para ficar até ela chegar, com medo ela deixou. Eles ficaram na sala até então, passaram-se as horas e nada de Suzanna chegar, Já iam dar 23hs. Até que Mei disse:

- Esqueci que ela tinha falado que ia demorar um pouco e me disse para trancar a casa que estava com a chave reserva, podemos ficar no meu quarto? Gosto de ficar lá, essa casa me dá medo às vezes.

- Tudo bem, ela não vai encrencar não?

- Eu digo que estava com medo.

Fecharam a casa e foram para o quarto, Rick notou que a casa era um tanto sombria e fria à medida que andava no corredor e tinha alguns amuletos e dizeres em japonês, mas o mais estranho era que ao chegar perto do quarto da Mei, sentia um calafrio e uma sensação de pavor, ela perguntou se ele estava bem e o mesmo disse que sim. Ao entrarem sentiu o oposto uma paz, seu quarto era cheiroso com aroma de Cerejeiras, Mei sentou-se na cama e disse:

- Fica aqui comigo?

- Vou sim, não precisa temer eu vou te proteger.

- Rick, eu quero ficar com você, só tenho alguns temores disso.

- Sabe, nunca tive outra pessoa e nem nada parecido como o que estamos tendo e está sendo maravilhoso, só precisa confiar em mim e se permitir.

- Pelo menos por hoje me permito e dou uma chance a mim de ser feliz.

Eles se beijaram novamente e o medo de Mei ali já não existia mais, a intensidade entre eles era tão grande que ali tiveram sua primeira vez e foi como jamais esperavam, era como se já se realmente conheciam há vários anos, toda interação, toque e desejo um pelo outro. Depois disso ficaram ali conversando, ele pegou o seu celular e colocou a música " Corcovado" do saudoso Tom Jobim e ele disse:

- Esse é um momento que vou guardar por toda minha vida.

- Pra mim também e essa música fala muito sobre nosso sentimento até então.

- Quero tocar ela pra você no meu violino diante da bela vista que tem aqui do Corcovado.

- Iria gostar muito, achei que isso não existiria para mim.

- Por que não? O que é bom e bonito deve ser vivido, como te disse se permita.

- Me permiti a algo tão bom e foi com você. Não queria voltar ao Japão, quero ficar aqui com você.

- Então não vá, Eu já estou prestes a terminar minha faculdade e já tem algo em vista muito bom que facilitará a gente e até lá vamos vivendo nosso momento.

- Queria que fosse assim tão fácil, vamos nos recompor, acho que minha tia deve está chegando, mas antes queria que um dia tocasse também a ''Ária na Corda Sol '' de Bach, ela acalma meu coração.

- Claro, será um prazer apaziguar seu coração e além disso amo essa música.

- Perfeito. Vamos descer logo.

Passaram- se 20 minutos e ela chegou, eles desceram ao ouvir barulho do portão. Ao entrar em casa se espantou de Rick está lá e achou nada legal isso pois mal se conheciam, ele concordou se desculpou e foi embora. Bastou ele sair que Suzanna chamou a atenção de sua sobrinha:

- O que pensa que tá fazendo Mei? Eu tento ser legal com você aliviar sua barra e me apronta uma dessa, sabe que já estou encrencada por deixar você sair com ele e não só isso como te levar pra sair depois de todos esses anos.

- Desculpa, tia, sei que fui longe demais, só que essa é minha vida, tenho direito de ser feliz.

- Eu tenho você como uma filha, se seu pai descobrir que você saiu, sabe que estamos muito ferradas, não concordo com as coisas que ele diz desde muito tempo mas ficar com você ficar aqui foi uma maneira de se livrar do quem por aí e é uma forma de tirar isso da cabeça do meu irmão, eu era igual a ele viver contigo esses anos criou um laço entre nós e não gosto do que eles tem em mente e não aceito, se pudesse não deixaria voltar mas não posso.

- Eu gosto dele de verdade e ele de mim, mas não quero isso pra minha vida.

- Depois conversamos sobre isso. Acho que viver no Brasil me deixou muito longe de minhas raízes .

Rick chegou na casa de Rodrigo e achou tudo muito estranho, o fato de Mei sempre se esconder e o fato de sentir aquelas coisas na casa dela. Contou para seu amigo que suspeitou também e disse:

- Irmão namoral, quando falou do sonho achei paranóia mas agora dizendo essas coisas começo a me preocupar.

- Cara, ela é muito submissa e tá sempre com medo.

- Antes de embarcar nessa veja pra não dar ruim na sua vida.

- Independente disso, o dia foi bom pra caramba tudo, eu estou gostando dela.

- Vai com calma, a cultura deles é bem diferente da nossa, não pode chegar assim desse jeito, com eles o buraco é mais embaixo.

Ao dormir Rick teve outro sonho estranho, onde estava sendo perseguido por homens de branco iguais sacerdotes dizendo que ele tinha ido longe demais e o mal já estava feito e era o culpado, ele questionou o porquê e eles apontaram para o leste onde viu uma onda gigantesca indo na direção deles. O rapaz acordou de novo assustado e começou a orar pedindo proteção, a Resposta veio em seguida, a tia de Mei ligou dizendo que gostava muito dele e tava preocupada com o futuro da sobrinha e que era para eles se afastarem por um tempo até para ficar tudo bem entre eles e torcia para ficarem juntos, explicou que seus pais tinham uma superproteção com ela e não admitia que ela tivesse contato com coisas mundanas, " Fanáticos religiosos", pensou ele.

Passaram-se semanas, meses e nada. Tentou vê-la às escondidas mas sempre tinha alguém da família chegando e saindo da casa da tia de Mei, até que na última vez depois de muito tempo ele viu Mei no quintal da tia toda de branco e foi conferir, era ela mesmo, ele a chamou, logo entrou se beijaram e mataram a saudade. Até que Mei disse:

- Tava com muita saudade de você, não deu para entrar em contato nem nada, eu tentei mas não deixaram.

- Mei, temos que dar um jeito qual o problema de sairmos e namorar? Penso em você dia e noite desde o último encontro.

- Não está sendo fácil para mim também.

- Imagino.

- Mas enfim, queria te contar duas coisas: uma boa e outra ruim.

- Me fala a ruim primeiro que a boa vai suavizar.

- Vou voltar para o Japão amanhã.

- Ah não e como ficamos?

- Eu vou dar um jeito de voltar, pode ter certeza, quero ficar com você e termos uma família.

- Nossa, é a primeira vez que te vejo decidida, e como saberei que voltará mesmo?

- Mudei muita coisa principalmente por quem gostamos e sim eu vou voltar nem que seja a última coisa que faça nessa vida.

- Cruzes, não diga isso te quero viva, mas qual é a boa?

- A boa é que …

Quando ia falar vinha chegando alguém e ele teve que se esconder nos arbustos do quintal, e Mei correu sem ser vista para o quarto, eram três homens japoneses com algumas bolsas e um outro com uma caixa, pararam na varanda e observaram se tinha alguém seguindo. Deu para Rick ouvir um pedaço da conversa um dizia:

- O momento está se aproximando e nada pode dar errado dessa vez - disse um.

- Nem pense nisso, aconteceria uma catástrofe se não der certo - disse o outro.

- Espero que a Himuro Mei esteja fazendo a parte dela, eu falei para o Sakyu que era um erro confiar ela aos cuidados de Suzanna.

- Mas é tradição familiar, espero que ela tenha seguido as ordens, ficar no Brasil por causa dos pais que migraram para cá não é era uma boa idéia pois poderia se corromper mas...

- Espero que tenha seguido sim, senão vai ficar ruim para ela - disse o terceiro.

- Desde o início era para a Pequena Himuro ficar no Japão.

Rick ficou sem entender nada e assim que entraram e ligou escondido para Rodrigo, dizendo tudo o que ouviu. O amigo disse:

- Mano, foge daí e esquece essa garota, ela é problema, sai fora.

- Será que ela mentiu sobre o nome? Eu ouvi claramente chamar de Himuro.

- Mei Himuro? O nome dela não é Mei Nakamura? Cara, Vaza se omitiu é porque tem algo grave, vai que ela é da Yakuza.

- Eu não acredito mas ela tá com problemas, gostaria de ajudar.

- Não se mete, sai fora, cara que macumba japonesa foi essa que ela fez pra tu ficar doidão.

E foi o que ele fez esperou a poeira abaixar e fugiu de lá com cuidado depois disso ele tocou sua vida, embora não esquecesse de sua Mei e do pouco que viveram, mas a vida é assim, ele se formou se tornou um grande profissional estava fazendo apresentações com a orquestra da escola de música mas sempre tinha esperança de ver a sua bela gueixa por algum lugar, uma vez que ela disse que voltaria. Um certo dia, ele voltava para sua casa em Nova Iguaçu , já não ia mais com tanta frequência no centro do Rio optou por trabalhar na sua cidade, só ia ao Rio para participar de pesquisas científicas. Foi quando ele viu uma japonesa no outro lado da calçada parecida com Mei, ele se espantou e quando tentou atravessar o ônibus impediu , ao passar já não estava mais lá. Seguiu e foi embora pensativo.

Ano Agora é 2011 , mais precisamente em Março, Rick já era um renomado musicista e neurocientista, sua vida melhorou muito seu astral tava melhor, fez novos amigos mas sem esquecer os velhos, no auge dos seus 24 anos eles recebeu um convite para se integrar ao Projeto Aquarius onde os músicos mais tops tinham a honra de participar. Além disso, ele já fazia composições autorais de Minuetos, Chaconas e Sonatas, considerado um prodígio por alguns, mas o que chamou a atenção de muitos foi a música " Minha Bela Cerejeira Mei " composta pelo mesmo, a melodia era rebuscada , triste em um momento e feroz em outro terminando com uma suavidade e lindeza nos seus acordes finais, não teve um que se rendesse a essa música.

O jovem participou teve o prazer de todos ouvirem e lembrou dos momentos graciosos que teve com sua Mei, e pensar que passou também por maus bocados, lembrou que ela pediu para tocar " Aria na Corda Sol'' de Bach que fazia ela ficar calma. Ao fim do concerto, ele foi cumprimentado e aclamado por todos, seus amigos e pais foram parabenizá-lo, Depois dali foram comemorar no barzinho em Ipanema onde começou tudo e era como se nada tivesse mudado. Por ventura, ele pensou que poderia esbarrar com Suzanna, a tia de Mei ,mas era impossível nunca mais soube deles, a noite foi boa e todos seguiram para suas casas.

Naquela noite, fazia tempo mas Rick sonhou com Mei pedindo socorro a ele pois não conseguia respirar pois estava sendo sufocada e a medida que ele se aproximava era como se não saísse do lugar e o desespero dela era notório. Quando conseguiu respirar balbuciou " Meu... Tem... Futuro... Voltar...Viver... Cuid.." sua mãe o acordou pois eles estava agitado e chorando e ela dizendo que era só um pesadelo. A Tv estava ligada pois seu pai tinha saído cedo para o trabalho e sua mãe sempre gosta de passar o café vendo o jornal matutino, até que plantão do jornal anunciou que houve um Terremoto ou senão o maior da história do Japão, o sismo teve magnitude de 9.1 graus na escala Richter, além tsunamis e a Usina de Fukushima que tinha sido explodida e o país estava em estado de calamidade. Ele começou a chorar e preocupado com Mei ainda mais pelo sonho, foi quando ele ligou para Rodrigo e o mesmo tinha acabado de saber e disse que tinha algo para contar, ele sem entender, ouviu:

- Mano, senta aí e respira então, você lembra que achou estranho o lance da Mei ser chamada de Himuro?

- Sim, pensei que ela tinha mentido.

- Não, Irmão. Levantei a ficha dela e você não sabe da maior, o nome dela é Mei Nakamura Himuro.

- Até então só verdades.

- Pois é, o pior vem agora, Himuro é uma família que tinha no Japão, onde eles a cada 50 anos faziam um ritual para selar o Karma do mundo, e tinha que escolher a cada 50 anos uma mulher jovem para ser dada como sacrifício e ela não poderia ter contato com ninguém, segundo a lenda ela era estrangulada e seu sangue usado para selar o portal de não sei das quantas mas se isso não acontecesse eles pagariam com a vida e o mundo também, era conhecida como '' Dama do Santuário das Cordas''.

- Jesus Amado, que coisa horrível quem submete a um inocente e parente, por isso que ela vivia fugindo e a superproteção, era tudo por causa disso. - Ficou espantado e desolado quando ouviu tudo isso.

- Será que ela tá viva irmão?

- Sei não...Peraí.

Na mesma hora, Rick viu o telefone tocar em outra chamada com o número de Suzanna, foi espantoso para ele pois fazia tempo que não tinha mais contato . Ao atender a outra ligação ele quase infartou era Mei, dizendo que conseguiu escapar antes da catástrofe chegar até ela e tinham muito que conversar, estava no Rio na casa da tia só que ela não estava em casa e nem sabia que tinha chegado ao Brasil, queria encontrá-lo na Marina da Glória perto dos barcos. Ele ficou com medo mas decidiu ir, não contou a ninguém e partiu, quis resolver logo essa história. Ao chegar, a viu toda radiante e bela como se fosse a primeira vez. Eles se beijaram e se abraçaram, ficaram tão contentes por não acreditarem que isso fosse acontecer novamente. Ele disse:

- Mei, o que aconteceu e como você conseguiu vir e escapou do terremoto? Eu fiquei chorando pensando que tinha morrido.

- Meu amor, eu fugi a tempo antes que me condenassem só lembro de ter desmaiado no templo e depois todos tinham sumido e fugi até pegar minhas coisas, grana e arranjar um jeito de me enfiar no vôo.

- Você mudou e muito, tá bem carioca e já criou nossos migués.

- Por você e por nós, como te disse voltaria nem que fosse a última coisa que fizesse.

- Que história é essa que você tem uma família que faz rituais, não caia nessa não hein.

- Não caí e fugi a tempo, até porque eu decidi minha vida.

- E sua tia?

- Ela tá bem, passou por umas turbulências mas sobreviveu.

- Ufa, ela é meio doidinha mas é gente boa.

- Ela sempre foi uma mãe para mim. Amor, você me levaria naquele barzinho onde nos conhecemos?

- Claro, Hoje?

- Sim, quero aproveitar nossa companhia e namorarmos um pouco.

- Continuar de onde paramos.

E foram ao Barzinho de Ipanema, lá conversaram, Rick atualizou Mei das coisas, falou dos projetos e mostrou a gravação da música que fez para ela que amou muito. Depois disso, foram ver o mar e diante dele ficaram abraçados, na mesma hora em silêncio ele fez uma oração agradecendo por está em paz, Logo após, Rick a levou embora. Ao chegar no portão de casa da tia, ela disse:

- Koishiteru... Watashi no Ai

- Como é?

- Disse que te amo, meu Amor.

- Essa é a primeira vez depois de muito tempo que diz me amar e em Japonês, agora me senti e Amo você com cada célula do meu corpo.

- Me conforta saber disso, fico feliz que tenha dado tempo. Só me prometa que serei sempre, seu Amor?

- Meu lindo e puro Amor Oriental.

Depois disso eles se beijaram e ela entrou dizendo '' Até'' ele sem entender nada retribuiu e seguiu em direção ao metrô, até que seu telefone tocou novamente e era um número desconhecido mas resolveu atender. Para sua surpresa era Suzanna surpreso ele disse:

- Suzanna? Quanto tempo mas que número é esse que não conheço?

- É o meu número que estou desde que me desfiz do outro, como você está ?Faz um bom tempo.

- Estou bem e espero que esteja também, fiquei muito intrigado agora. Estive a pouco com a Mei e ela mais cedo me ligou desse do seu antigo número.

- O que? A Mei? Impossível... Mei faleceu, esses dias, foi encontrada morta aos arredores de uma estrada na saída de Tóquio.

- Como? Pare de brincadeira, Suzanna eu acabei de sair com ela e estava bem.

- Era justamente por isso que tinha te ligado, se quiser podemos conversar amanhã.

- Tudo bem, pode ser. Aonde te encontro?

- No Aterro do Flamengo, dentro do Jardim do Catete.

- Tá Legal, eu ia para casa mas vou para a casa do meu amigo.

A tristeza tomou conta do coração de Rick, ele ficou confuso e sem entender o que tinha acontecido, se perguntando se estava com uma assombração ou algo assim, achou que iria enlouquecer depois de ter sanado seus gatilhos, se perguntando se isso não ia ter um fim. Não estava distante da casa e voltou, quando chegou lá ele viu o lugar meio que abandonado, ficou mais intrigado porque não reparou antes. Ligou para Rodrigo e perguntou se poderia ficar em sua casa essa noite e o mesmo não pensou duas vezes. Chegando lá entrou e sentou no sofá e relatou ao amigo sobre o ocorrido e ele disse:

- Rick, que história maluca é essa velho. Sempre te falei que essa menina era estranha, não falava nada porque gostava dela e tudo mais, só que não queria te ver sofrer tanto que quando descobri os lances dela com alguns amigos que tenho e são do Consulado, fiquei pasmo mas não quis te falar.

- Cara, talvez até teria tentado alguma coisa e salvar ela deste destino horrível.

- A gente tenta meu amigo, mas não tem como salvar o que está destinado para ser, tanto que o Akira me disse que ninguém gosta de falar disso lá no Japão.

- Mas por quê?

- Ao que parece pensaram que existiam muito poucos deles e isso era como lenda urbana, tinham medo dessa família.

- Poderiam ter ao menos confiado em mim que iria a polícia.

- Isso não estava sob sua jurisdição, por isso não disse, pra você não surtar ainda mais pelos sonhos não ia arriscar. O que pretende fazer agora?

- Não sei, amanhã acabo com esse mistério de vez.

Por incrível que pareça, Rick voltou a ter uma noite tranquila, uma paz tomou conta do seu coração e sentiu que não havia mais medo e nem temor. Ao acordar no meio da noite ele foi fechar a janela pois estava entrando um frio, levou um susto quando viu no quintal no meio da madrugada, uma espécie de procissão lembrando aqueles rituais Xintoístas, e viu uma Japonesa parecida com Mei, e de repente um homem sacou uma espada, o mesmo surtou cortando todos presentes, o rapaz se espantou não quis ver mais. Olhou novamente e não viu mais nada, " Miragem" pensou e voltou a dormir.

Assim que levantou ligou para Suzanna dizendo que logo estaria no local combinado, ele tomou seu café ,ajeitou suas coisas e saiu, Rodrigo já tinha ido trabalhar e Rick estava de folga. Ele se arrumou e seguiu em direção ao Aterro do Flamengo, chegando no local entrou pela lateral do palácio do Catete onde dava a uma área arborizada com lagos, grutas e trilhas. Logo viu Suzanna sentada no banco e se aproximou. Ela disse:

- Está melhor Rick? Senti você um tanto eufórico ontem.

- Acho que levando, estou muito impactado com isso tudo e tipo, família que faz rituais milenares, espírito que volta, é muita coisa para mim.

- Entendo... Eu nunca aceitei da Mei ter que carregar essa responsabilidade mas acontece que esse ano faria 50 anos da última cerimônia, te juro eu tentei tirar ela dessa, meu irmão era uma pessoa muito taxativa, respeitada, tido como um líder da nossa família , levava isso a sério assim como toda família.

- E você onde entra nisso tudo?! Por que não me falou sobre isso que ajudaria, dava um jeito.

- Eu fui encarregada de proteger ela até o dia, mas não concordava. A culpa é meio que minha por dar o gostinho dela viver uma noite como uma pessoa normal, foi então que se conheceram e tudo veio a modificar tudo mas enfim.

- Diga.

- A Mei faleceu depois que foi descoberto por um dos sacerdotes que esteve aqui, que te viu fugindo e quando ela estava na Mansão onde aconteceria tudo, algo estranho ocorreu e tudo começou a tremer, e logo o sacerdote confessou o que viu. Meu irmão ficou louco e matou todos naquele lugar, mas Mei conseguiu fugir depois dele dar uma pancada na cabeça e sangrar, só que ele escorregou e caiu na própria Katana, e morreu em seguida. Ela pegou rapidamente seus pertences e fugiu, quando chegou na estrada me ligou dizendo tudo o que aconteceu, chorando e meio que estava prestes a desmaiar, mas depois caiu a ligação, no outro dia me ligaram do Necrotério do hospital me informando de sua morte.

- Meu Deus, perdeu muito sangue e tentou mesmo assim lutar contra sua sina até o fim.

- O mais curioso é que esse terremoto e tsunami, foi porque o ritual não aconteceu e falhou. Com isso abriu caminho para essas coisas acontecerem e sendo assim, milhares de japoneses morreram devido ao karma pesado que não foi selado, eu tive que fugir antes que me encontrassem pois fui a culpada mas ela não merecia isso.

- Eu não acredito nisso mas respeito, tínhamos tantos planos até de construir uma família.

- Rick, ela não te falou mas pediu que contasse só caso não sobrevivesse, Mei estava grávida por isso sumimos por um tempo eu quis que tirasse mas já estava em desenvolvimento e se meu irmão soubesse iria querer nos matar e tudo mais, então dei cobertura a ela para que tivesse a criança sem ninguém ia saber, disse a eles que iria fazer uma preparação que duraria 10 meses. Deixei a criança em um Convento até tudo passar, mas sempre estava indo visitar, minha sobrinha é linda precisa ver.

Rick ficou espantado ao saber que era pai e chorou de alegria pois depois de tantas pancadas, algo bom surgiu do amor dos dois. Ele disse:

- Mas porque vocês não me falaram eu ia proteger até o fim, bom... a criança deve está com 2 anos, suponho.

- Sim, eu fui buscar e está na minha casa quer vê-la?

- É claro, e como ela se chama?

- Ária.

- A música que ela gostava.

- Sim, preciso te entregar isso, ela me pediu em vida para te entregar.

- Uma carta? Afinal, como ela pôde entrar em contato comigo e mesmo assim passarmos o dia juntos e tudo mais.

- O espírito dela deve ter vindo se despedir de você, na nossa crença o espírito que morre com pendência de algo ele volta para cumprir e talvez ela tenha vindo ter seu último momento. Eu vou retomar as minhas práticas religiosas e orar para encontrar a paz.

- Agora vai, encontrei nosso tesouro.

- Venha.

Ele leu a carta no caminho que dizia :

" Meu Amor, a coisa boa é que Temos uma linda filha espero que ela tenha um Futuro diferente do meu , mas tendo um homem como você na vida dela, para guiar tenho certeza que ela será uma linda mulher com uma brilhante estrada de luz sei que não vou voltar para viver isso, mas a olharei de onde estiver, queria viver para que pudéssemos ser uma família, Cuide- se minha filha , meu botãozinho de cerejeira e você também meu Lorde.

Mei Nakamura Himuro. "

Ele estava no metrô e ao terminar foi difícil conter sua emoção, no vagão em que estavam alguns olhavam mas não entendia, foi como se através de lágrimas e amor as correntes que pudesse prender Mei na Terra fossem partidas. Ao chegarem na casa de Suzanna localizada no Méier, seu coração estava pulando de euforia, ao entrar viu a babá cuidando de uma menina linda com o cabelo escorrido de olhos puxados e toda cheia de amor com a babá. Ele viu a cena e imaginou como seria com Mei. Suzanna a chamou e disse que queria apresentar um amiguinho. Assim que ele chegou perto dela disse:

- Olá Pequena, Ária estou muito feliz por te conhecer pessoalmente

- Aligatô moço, é Obrigado em japonês

- Olha só, pequenininha mas já esperta.

- Igual ao pai - disse Suzanna rindo.

O dia foi agradável todos se curtiram, depois de um tempo Suzanna contou para Ária a verdade sobre Rick, ela estranhou de início mas logo se deram super bem, ele passou a buscar a menina com frequência, seus pais ficaram surpresos por terem uma neta caída de paraquedas, mas o amor dos avós foi muito maior. Rodrigo torceu o nariz ao saber, mas depois ele quis ser o padrinho da menina. Ela crescia e cada vez mais se parecia com a mãe, se interessou por piano e violino, além do canto, Rick adorou a ideia e matriculou a menina onde aprendeu tudo de música.

Dez anos depois, Rick com seus 34 anos e Ária com seus 12 anos já estava se tornado uma bela mocinha dona de uma inteligência admirável. Rick recebeu um convite para tocar no Teatro Municipal em um ato de uma peça organizada por um grupo de estrangeiros e ele também conseguiu um jeito de colocar sua filha junto.

No dia do concerto ele estava pronto para entrar no palco, ao seu lado estava Ária. Ele perguntou:

- Nervosa filha?

- Um pouco, é a minha primeira vez aqui

- A do seu pai também, faça apenas o seu melhor e se divirta.

- Vou tocar para a mamãe, sei que ela iria amar esse lugar.

- Tenho certeza que já trouxe ela aqui mas não dentro. Preparada filha?

- Estou.

- Então vamos fazer arte, meu botãozinho de cerejeira.

Eles entraram no palco e a casa estava cheia, seus amigos, familiares e fãs de um bom espetáculo. Rick tocou ‘`Ária na corda Sol'' sendo espala da orquestra e a menina na orquestra acompanhando, depois eles fizeram um dueto homenageando a Mei com a música autoral. Logo em seguida a pequena tocou a música " Sangatsu Kokonoka" no piano ,do grupo musical Remioromen. Naquele dia, era "9 de Março", o suposto da sua morte de sua mãe e por coincidência era o que dizia o título da canção que executou. Ao fim do espetáculo todos aplaudiram de pé e deram flores a eles. Foi então que Rick olhou para o fundo da plateia e viu uma silhueta branca lhe olhando e sorrindo, não tinha dúvidas, de que era Mei e não perderia isso Pai e filha juntos, quer que seja onde estivesse, ele sorriu e não a viu mais.

No dia seguinte, Ária e ele foram à missa de 10 anos da morte de Mei na Igreja da Candelária, ao terminarem eles seguiram para casa em Ipanema, onde viveram suas vidas em paz, ele trabalhando com pesquisa e na orquestra e ela estudando. À noite eles foram convidados a tocar no Barzinho de Jazz que o projetou, aos domingos. Em uma das noite de Domingo no recinto, eles fecharam Tocando "Corcovado'', Rick tocando violino junto dos músicos da banda e Ária cantando em dueto com o músico local.

"[...] Quero a vida sempre assim com você perto de mim

Até o apagar da velha chama [...] "

FIM

Cavaleiro Menestrel
Enviado por Cavaleiro Menestrel em 18/11/2021
Reeditado em 21/11/2021
Código do texto: T7388546
Classificação de conteúdo: seguro