Fim de Tarde
E foi assim nosso último papo. Sem choro, sem sinto muito, sem até breve.
Já sabíamos que tinha acabado mas faltava o ponto final.
E foi assim naquele fim de tarde.
Naquela praça onde nos conhecemos.
Naquela praça que testemunhou tantas promessas e juras de amor.
Naquela praça que já tinha assistido entre nós uma despedida com promessa de volta.
Naquela praça que já tinha ouvido você me falar de seus “grilos”.
Naquela praça que assistiu tantos beijos e abraços cheios de carinho e paixão.
Naquela praça onde caminhamos abraçados conversando sério ou falando banalidades.
Naquela praça onde rimos e brincamos como crianças.
Naquela praça que tinha pra nós tanto significado e tantos simbolismos foi que a gente colocou os pingos nos “is” e o ponto no final da reta.
Esta hora de dizer adeus é sempre doída. Mas entre nós já não havia mais o entusiasmo e nem precisava deste ponto final. Ele já estava subentendido. Já havia um ponto e vírgula que causava uma extensa pausa na nossa história. Tão grande que a história ficou inacabada por falta de inspiração.
Foi assim a nossa história.
Cheia de dúvidas e certezas.
Cheia de enigmas e filosofia.
Cheia de Freud e traumas
Cheia de desprezo e carinho
Cheia de ofensa e perdão.
Cheia de despedidas e voltas.
Cheia de paixão e ciúme.
Cheia de declarações de amor eterno e de ódio mortal.
Uma história fantástica com personagens reais, humanos, com defeitos e qualidades. Personagens contraditórios e opostos.
Um querendo amar, se abrir, se entregar sem medo da vida que pulsava.
Outro querendo se fechar, fugir dos sentimentos, do amor.
Um querendo se entregar à vida, crescer, se aprimorar.
Outro cultivando os defeitos, os traumas e as revoltas.
E foi assim nosso último papo. Sem choro, sem sinto muito, sem até breve.
Demos as costas e partimos.
Sem lágrimas, sem dor, sem sofrimento.
Cada um por um caminho,
Cada um para seu infinito,
Cada um com seus novos sonhos,
Cada um buscando novas emoções…