As Voltas da Vida

Diogo é um rapaz muito bonito e inteligente, além ser um ser humano muito amigável.

Ele mora em uma cidade muito movimentada, quase uma metrópole, onde cursa o segundo semestre de Medicina, na mais conceituada universidade.

De férias e sem amigos pra curtir esse período, pois os seus resolveram viajar, Diogo resolve passar uns dias na casa de sua tia Marlene, na cidade vizinha de onde mora. Cidade essa, em que Diogo passou alguns anos de sua infância, e onde se apaixonou pela primeira vez. Renata, era o nome dela, filha da merendeira da escola onde ele estudava. Ela era de origem humilde e ele um menino de classe média alta, mas para Diogo, mesmo tendo uma vida de luxo, nunca ligou para essas diferenças.

Aos onze anos, quando seu pai conseguiu um emprego melhor em uma cidade próxima, Diogo precisou se mudar com sua família, e deixou pra trás Renata, a qual nunca soube da paixão platônica que o menino tinha por ela...

Anos se passaram, e nessas férias de Diogo, ele resolveu voltar a pequena cidade, apenas pra rever seus parentes e curtir o lugar que marcou sua infância. Mas o destino reservaria grandes planos para ele...

Renata estava na praia com seus amigo Victor, e sua amiga de infância Ângela, um sábado de sol perfeito para se banhar. A frente deles, estava uma adolescente curtindo um banho e mar. De repente, eles percebem a moça se afogando, a correnteza a havia levado um pouco fora da margem. Victor logo saiu correndo em direção à moça e conseguiu trazê-la de volta à areia. Porém, no salvamento, Victor também se afogou, e ficou tentando cuspir a água do mar que tinha engolido, nada grave.

Ângela pede para Renata fazer os primeiros socorros na moça, uma vez que ela, era estudante de medicina. Porém Renata fica estagnada com a situação e não consegue fazer nada.

Do meio da multidão que se formou, surge Diogo:

- Afastem-se pessoal, sou estudante de medicina! - disse o rapaz que logo foi se ajoelhando para socorrer a moça.

O rapaz realiza a massagem cardíaca e respiração boca a boca. Depois de algumas tentativas, a moça consegue acordar colocando para fora a água que estava presa em seus pulmões.

Diogo pede a jovem que procure um posto médico para se certificar de que está tudo bem. A moça então, agradece e é levada por algumas pessoas.

Olhando para ele, impressionada com com sua beleza, e meio sem graça, Renata se desculpa por não ter conseguido fazer nada.

Ângela sorrir dando bronca na amiga dizendo ironicamente, que irá falar com seu professor.

Renata rir de canto de boca, mas sem tirar os olhos de Diogo com uma leve impressão de que ela o conhecia, ele retribui o olhar, e tem o mesmo sentimento...

Victor corta o clima:

- Ei, também fui herói, eu que a tirei do mar.

Eles riem, menos Victor que claramente ficou incomodado com a presença do rapaz.

Ângela então, apresenta todos e pergunta a Diogo se não gostaria de se encontrar com eles à noite, em um bar na orla, onde haverá uma pequena festa em alusão a semana de aniversário da cidade. Diogo nem pensa duas vezes e aceita.

A noite cai e Diogo vai ao encontro deles.

Chegando no barzinho, logo avista o trio que já estava em uma mesa.

- Pensei que não viria - disse Ângela, em tom de brincadeira.

- Tive um contratempo na casa de minha tia.

- Você mora com sua tia? -Indaga Victor, sorrindo sarcasticamente.

- Não - Responde Diogo, que continua - Moro na cidade ao lado, estou apenas passando umas férias aqui.

- Você mora na cidade ao lado? pergunta Renata, com ar de surpresa.

- Sim, faço medicina e trabalho na empresa de meu pai "A Pegasus", já ouviram falar?

- Nããão!!! - Exclama Ângela com muito entusiasmo - seu pai é dono da Pegasus? Meu sonho é conhecer aquele lugar.

Pegasus era a maior empresa de tecnologia de toda a região. Ângela, estudava Designer de games e estava precisando fazer estágio para concluir a faculdade, ela era apaixonada por tecnologia e a Pegasus era, sem duvida, o melhor lugar para estagiar e alavancar qualquer curriculum.

- Olha, sei que a gente está se conhecendo agora, nem temos intimidade, mas seria demais pedir que você falasse com seu pai sobre a possibilidade de um estágio, por favor.- disse a moça quase que implorando ao rapaz.

- Ângela, você tem muita sorte, o responsável pelos estágios na Pegasus, sou eu. Então, claro que posso conseguir isso pra você - disse Diogo.

Ângela comemora, com muita felicidade a notícia e propõe um brinde.

Ao lado de Diogo, Renata ainda estava com aquela sensação de conhecê-lo de algum lugar. O papo continuou noite a dentro. Renato acaba dizendo, na conversa, que frequentava um colégio daquela cidade chamado Frei Augusto Ramon, ainda quando criança:

- Eu estudei lá, desde o primeiro ano até nos mudarmos.

Renata então pergunta:

- Qual turma você era quando foi embora?

- Da professora Clarice, a Tia Clara! - o rapaz disse.

- Não acredito!

- O que foi?

- Ela era minha professora também - disse Renata com um sorriso fácil. - Sabia que o seu rosto me era familiar.

Diogo então consegue recordar-se da moça:

- Sim! Agora estou lembrado de você, sua mãe era a Marta, da cantina, não é?

- Isso mesmo - concluiu Renata.

Diogo não queria dizer que sempre foi afim de Renata, ele achou que poderia soar meio infantil dizer que sempre teve uma "quedinha" pela moça. A conversa continua e eles relembram algumas aventuras do tempo do colégio. E os drinks, fazem o humor da conversa ir ficando cada vez mais acentuado.

Victor e Ângela em um outro lado da mesa, também conversavam sem interromper os dois antigos colegas. Porém era notório que Victor estava incomodado, com o futuro médico.

O namorado de Ângela, tinha uma queda por Renata, ele a conheceu depois de já está namorando Ângela, a qual conhecia desde criança, e como suas famílias eram muito amigas, Victor não tinha coragem de terminar com Ângela para tentar algo com a melhor amiga dela. Mas, todo rapaz que se aproximava de Renata, Victor dava um jeito de fazer com que o pretendente, não conseguisse evoluir para uma relação, usando, as vezes, até mesmo de mentiras para conseguir isso.

Victor era o típico valentão da escola, e agora adulto, era aquele rapaz que sempre dava um jeito de tentar diminuir os outros, com sarcasmos, constrangimentos, ironias...

A hora de fechar o bar se aproximava, e eles já meio alterados, resolvem parar. Levantam de sua mesa e Ângela diz:

- O Victor vai levar a gente pra casa, se quiser ele pode te dar uma carona Diogo. Não é Victor?

- Posso? - disse Victor, que ficou surpreso e desconfortável com a pergunta.

- Na verdade, eu prefiro ir andando, quero aproveitar essa lua aqui na praia. Respondeu Diogo.

- Tá vendo, oferece a carona dos outros e o cara nem quer - disse o namorado de Ângela com um tom de raiva.

- Não se ofenda, amigo. Só quero mesmo aproveitar ao máximo minha antiga cidade. Eu iria até perguntar a Renata se ela gostaria de me acompanhar? - Pergunta Diogo olhando para Renata e sorrindo.

Renata ficou toda desajeitada com o convite do rapaz e como uma voz tímida disse:

- Ah, pode ser...

- Não acho uma boa ideia isso, você nem o conhece direito, Renata - disse Victor meio que atrapalhando a conversa deles.

Ângela então intervém:

- Deixa disso Victor, eles estudavam na mesma escola, e ele já nos contou bastante sobre sua vida. Pode ir amiga, qualquer coisa é só ligar. Cuida dela Diogo! - concluiu a amiga dando uma piscada para Diogo.

- Pode deixa, ela estará em boas mãos.

Os casais se despendem e seguem em direções diferentes.

Enquanto andavam pela praia Diogo começou a sentir algo estranho, sua mão estava suando e o coração com uma leve acelerada. Parece que ele estava nos tempos da escola onde, sempre que via Renata, acontecia isso, ele sentiu-se com dez anos de idade, novamente.

Os dois andaram por toda a extensão da praia, conversando sobre a vida. Foi quando Diogo surpreende Renata:

- Eu posso te confessar uma coisa, Renata?

- Pode, o que?

- Eu lembro muito de você nos tempos do colégio. Muito mesmo!

- Sério? - disse ela, muito surpresa.

- Sim! No primeiro dia de aula você estava vestida com uma saia jeans, uma blusa de unicórnio, uma jaqueta rosa e uma bota preta, e ainda com duas maria chiquinha no cabelo - disse o rapaz com um leve sorriso.

- Meu Deus! Nem eu mesmo lembro como estava vestida.

Renata rui depois disso, mas em sua cabeça estava pensando que aquilo poderia ser apenas uma maneira de o rapaz tentar impressioná-la.

- Pois é, não sei por que nunca esqueci disso - conclui Diogo.

A moça não quis continuar a conversa por achar mesmo que aquilo seria apenas um pretexto que o rapaz usara pra tentar impressiona-la. Renata era uma mulher muito sagaz, já tinha tido experiências, mesmo que indiretamente, vendo os relacionamentos de sua mãe. Ela era capaz de distinguir quando um homem estava querendo apenas impressionar uma mulher. Era isso que ela achou que Diogo estava querendo fazer, na cabeça dela, ele não lembrava do primeiro dia de aula e muito menos da roupa que ela usava.

Depois de muito papo, e mais de quarenta minutos de caminhada até a casa de Renata, que se passaram muito rápido devido ambos estarem gostando da companhia, eles finalmente avistam a casa dela.

- Bom, chegamos - disse ela com uma certa tristeza na voz.

- Sua casa ainda é do mesmo jeito que era quando fui embora - disse o rapaz tentando puxar assunto para não deixá-la de imediato.

- Sim, minha mãe não gosta muito de mudanças.

- Então é isso, boa noite. Disse o rapaz com uma certa tristeza.

Os dois se abraçaram e quando Renata foi dar um beijo de despedida em Diogo, os rostos deles foram para um mesmo lado, quase acontecendo um "selinho". Os dois se olharam e muito envergonhados se desculparam.

Diogo então, pra quebrar aquele clima pergunta a Renata se ela poderia emprestar o celular para ele ligar para sua tia e avisar que estava chegando, uma vez que seu celular estava descarregado. A moça então concorda. Porém, o celular dele na verdade, tinha carga. Ele pegou o celular da moça e ligou para seu próprio número, assim quando chegasse em casa teria uma chamada perdida do número da moça, assim poderia salvar o contato e mandar mensagem. Essa foi uma estratégia que ele pensou para poder falar com Renata caso não conseguisse mais a ver pessoalmente. Depois de ligar, Diogo diz que sua tia não atendeu. Ele agradece a moça e vai embora.

Renata entra em casa, vai até o quarto de sua mãe, que já estava dormindo, pega um álbum de fotografias antigas e busca a página que estavam fotos de quando criança. Ela então acaba achando uma foto na pracinha da cidade, a foto foi tirada no dia em que Renata foi a primeira vez à escola. Ela lembrava disso, por que sua mãe havia prometido que ela se comportasse no colégio, a mãe a levaria, depois da aula, na pracinha para brincar e tomar sorvete. A mãe de Renata sempre contava essa história. Na foto, a moça estava sentada em um balanço, com a mesma roupa que Diogo havia dito, e até mesmo com as trancinhas no cabelo. Renata ficou em choque, o rapaz de fato, lembrava a roupa que ela estava vestida. Isso fez a moça começar a pensar nele. De repente o celular vibra, era Diogo. A tática dele tinha dado certo:

- Boa noite, Renata - dizia a mensagem.

- Boa noite. Conseguiu meu número com a Ângela, foi? - respondeu ela.

Então Diogo explica como fez pra conseguir o número dela, o que faz mais uma vez ela se impressionar com ele.

Ele então muda de assunto:

- Recebi uma mensagem do meu pai e terei que voltar depois de amanhã.

- Poxa! Muito rápido suas férias.

- Mas gostaria de sair com você amanhã se não for incomodar.

- Não é incomodo nenhum. Podemos sair sim!

Eles combinam o lugar e Diogo aguardará esse encontro como nenhum outro. De fato aquele sentimento que ele tinha nos tempos do colégio, estava reaparecendo.