Um Dia de Sítio – Muito Bem Com A Vida
Conto Poético Em Versos.
O sol bate à porta,
Deixo-o que entre,
Pássaros na horta,
Voam velozmente.
Amontoam-se nas plantas,
Surgem pelos vários lados.
Nas magias que encantam,
Meus olhares encantados.
Depois revoam para o alto,
Escondem-se no arvoredo.
Melodiosos em cada salto,
Entoam desdenhando medo.
Borboletas pousam às flores,
Salientes e diversificadas.
Pairam embrulhando cores,
Saltitantes, batendo asas.
As outras cobrem o espaço,
Igual, das casas, as telhas.
Empolga entre eles, o laço,
Da beleza: Flores, abelhas.
Sugam das flores, o pólen,
Qual sabedoria do papel.
Saciadas, instantes, somem,
Por entre os azuis do céu.
Cada momento que passa,
Floresce no encantamento.
Mundo vira-se qual brasa,
Calando quem é tormento.
Respira-se alegria,
Sons da felicidade.
Amanhece, no dia,
Ecos da mocidade.
Onde balança a esperança,
Içada nos ventos nos galhos.
Na medida, que se alcança,
Malogrando os espantalhos.
Onde perpetua convicção,
De que no todo, tudo é belo.
Quando se usa o coração,
com amor, por dom singelo.
O cão, espanta os cavalos.
Relincham, ao perceberem.
Mascam em pastos vagos,
Alheios para sobreviverem.
Prossigo até a palhoça,
Seguem no meu trilho.
Trabalho da nobre roça,
Divido-lhes bom milho.
Ao posto e não violenta,
Na espera, dona malhada.
No entanto, bem atenta,
Vou tirar o leite da vaca.
Me olha muito desconfiada,
Mas segue e logo se apruma.
Por gostar da minha toada,
No batuque que fez espuma.
O vento assopra e leve,
Indica a soneca: aceito.
Longe do sol que serve,
Desarmo logo, no jeito.
O cão põe sua língua para fora,
Da água, roga, nos dentes ele pede.
Conheço bem quando implora,
Sentindo hora, que lhe força a sede.
Abafo o que lhe era de mágoa,
Mesmo não aparentando brabo,
Depois de consumido em água,
Por gratidão, chacoalha o rabo.
Abasteço, também, da bica,
No gosto da água, límpida, pura.
O sabor que compõe a liga,
Na veia, com a essência da cura.
Dotes da natureza,
Perfumes do campo.
Nos ares da pureza,
Sob o céu de manto.
O sol no alto fervendo,
Penso: Nada impede.
Deito-me, e fico lendo,
Ajeito na falada rede.
Entre os pés de laranjeiras,
Às sombras convidativas,
ladeados pelas palmeiras,
Insinuando serem cativas.
Ainda me sobra um regaço.
Sinto-me leve, bem descansado.
E adivinhem o que eu faço?
Vou correndo, ao avistar o lago.
À beira sem nada, sem o casco,
Salto num só pulo e me afundo.
Às águas que ficam num rasgo,
Avanço ao sentir outro mundo.
Oh! vigoroso relaxante,
Pelo suor e por ser calor.
Meu toque, alucinante,
Deveras, de Deus amor!
O dia se arrefecendo,
Avisa ao entardecer.
Os bichos atendendo,
A senha do recolher.
Posiciono-me em alerta,
Porque o sol se vai de vez.
Que se percam na certa,
Antes, vou recolher a rês.
Montando no Penano,
Rodando fazendo o cerco.
Reunindo e encaixando,
Cada qual, em cada beco.
Pássaros, abelhas, insetos,
Membros diários e aqui seu fã.
No geral, agora, nos tetos,
Faz começo, coaxares das rãs.
Na espera pela novo aurora,
Repita o sol, capaz, imperativo.
Embora na hora e vem hora,
Descortinando o tom negativo.
Um martelar, raios e trovejadas,
Indicando, as certas, das chuvas,
Tomado o lugar, na madrugada.
Colocam, nas copas, às escutas,
Também, atenta, as bicharadas.
Esses ventos, diferente!
Sopram, brabos, nos galhos.
Atemorizam até a gente,
Que dirá nos abrigos falhos!
E o novo clima, já se anota,
O amanhã virá molhado.
A vida se mostra em quota,
Mas se vive o outro lado.
Nada de ficar triste,
Compõem-se novo riso.
Nas razões ela existe,
Que já vem do paraíso.
Para planta é o refresco,
Pois em agonia e na sede.
Livrando do caos infesto,
Proliferando na sua rede.
E embora, que lhe pareçam lesados,
Chuva vem, mas válida, amiga serva.
Mesmo se sentindo desconfortados,
Convertam-se, no reverso da moeda.
O aceite é demais necessário,
Tanto o fosco, quanto a colorida,
Será eternamente cabeçalho,
Do tema: Muito bem com a vida.