1948 O adeus
1948. O Adeus
O homem estava em pé, usava um casaco verde escuro fechadl, a boina de mesma cor cobria os olhos cinzas e frios como o tempo chuvoso em Londres. A calça era verde oliva e as botas inglesas marrom. Esquentava as mãos nos bolsos do casaco.
Ele estava ali a quase uma hora olhando para l túmulo na sua frente. Tinha uma foto de uma mulher uniforme de piloto ao lado de seu Spitfire. Eleonora Stormheart. Nascida em 1914. Morta em 1942.
Uma lágrima escorreu dos olhos do homem. Um chuva fria e fina caía no cemitério de Brookwood. A grama molhada estava num tom verde vivo. Um verde vivo num lugar morto, pensou.
Por que, meu amor? Essa guerra maldita...tanta morte...amores que não voltaram para casa...como... nós...
Respirou fundo, tocou com a ponta dos dedos a foto na lápide, acariciou lentamente e como sentindo uma dor recolheu os dedos. Depois, enfiou a mão no bolso e tirou a presilha de cabelos olhou ppr um tempo e colocou ao sobre a grama, próxima aos lírios que ele trouxera.
Eu estou oficialmente morto. E assim permanecerei...sem identidade, sem pátria...ah, Eleonora...
Respirou fundo e secou os olhos. Demoraria muitos anos para ele voltar a ser quem era. Endireitou o corpo e bateu continência. Beijo a ponta dos dedos e depois tocou a foto.
Adeus...meu amor...voltaremos a nos...ver nas Highlands...
Se afastou do túmulo, devagar.. Se encolheu dos pingos gelados.
O Austin 1946 preto estava parado na estrada, antes de abrir a porta se voltou e olhou na direção do túmulo. Tirou a boina e alisou a cabeça lisa sem um único fio de cabelo. Depois balançou a cabeça e entrou no carro. Deu a partida e saiu de Brookwood.
Por mais que passasse os anos e outros amores surgissem ele nunca mais seria o mesmo. A guerra o mudou. O seu corpo afundando junto com o Spitfire no Pacífico foi doloroso. Mas, se afogar e morrer não era nada perto da dor de perder seu amor. Sua Eleonora.
O bolso do casaco a foto de Eleonora sorrindo aquecia- lhe o peito.