Como ela o conseguiu - PerfeBleu

Como que poderia? William não tinha mente para a paixão, para ser mais exato, ele não tinha mais condições psicológicas para suportar se apaixonar de novo. Ainda permanecia em seu coração as memórias, das noites inteiras que ele passou acordado se perguntando o que havia de errado consigo mesmo. O Porquê sempre que gostava de alguém, tudo parecia dar errado, e ele acabava sem ver a pessoa que gostava pelo resto da vida. E fora isso, não importava o quanto se esforçasse para que as suas amizades não terminassem, porém os laços sempre acabavam sendo desfeitos, de uma maneira ou de outra.

Era um garoto amargo, desiludido e frustrado, com tudo o que o amor significava e que houvera sido real em sua vida. Não acreditava que era possível encontrar algo como a alma gêmea, ou o amor de verdade.

Tamanho era o impacto dessas observações, que ele jurou para si mesmo que nunca mais se apaixonaria por ninguém. Escolheu viver um celibato forçado contra toda e qualquer forma de passionalidade em sua vida.

Por causa dessa situação emocional delicada, a chegada de Alessandra foi mais violenta para ele do que todas as bombas e granadas detonadas na Segunda Guerra Mundial. Como uma supernova explodindo bem ao lado do seu quarto. Sua reação quanto a ela foi tão adversa, que começou a evita-la de todas as maneiras possíveis e em todos os lugares plausíveis. E embora não admitisse, sabia que aquela novata, que timidamente entrara pela sala e que houvera sentado em sua frente, tinha o potencial de fazê-lo reviver todo o sofrimento que ele havia jurado nunca mais sofrer.

Ocorreu porém, que pouquíssimos segundos após a chegada dela na sala. Seu coração já estava totalmente tomado por uma paixão que nem mesmo William percebeu. Achava que ainda estava sob controle dos seus próprios sentimentos, quando involuntariamente já apegara a garota.

A coincidência ou a falta de acaso, colaborou da seguinte forma para que ela se aproximasse dele, embora ele fosse a criatura mais relutante do mundo para estar perto dela:

Um dia, Alessandra em carne e osso se dirigiu a William. Ele parecia tão assustado e incomodado com a presença dela que começou a tremer e a tontear, ansiando nervosamente sair de perto daquela garota.

Ela vestia um jeans, sapatos básicos, e aquele seu clássico óculos que ora tirava e enfiava no bolso, e depois tornava a usa-lo novamente. Ela tinhas umas folhas na mão. "Provavelmente do trabalho do Rodrigo", concluiu William. Ela sem perceber o nervosismo de seu colega, apenas pediu educadamente ajuda enquanto ele evitava fazer contato visual:

— Olá William, pode me ajudar com o trabalho de Geografia? — E logo abriu um sorriso em seu rosto para tentar parecer mais simpática.

— Pois não moça, acho que a Raquel seria de melhor ajuda. Por que não pediu a ela? — Disse William tentando passar a responsabilidade para outra pessoa, e ainda evitando fazer contato visual. Na verdade, ele tinha a sensação que o mínimo contato com ela poderia deixa-lo apaixonado, e por isso procurava sair de perto dela o mais rápido possível. Alessandra respondeu com um sorriso ainda maior:

— Mas ocorre que foi ela quem te indicou... Ela disse que você é o melhor nessa matéria. — Ela mexeu nas mechas, as colocando atrás de suas orelhas, e completou o capturando com seu olhar persuasivo. — Seria muito incômodo ser minha dupla nesse trabalho?

Para William, o que estava acontecendo ali era muito óbvio. Um roteiro que ele já estava cansado e de cabelos brancos de ver se repetir: A menina bonita que ele se interessa, por algum motivo injustificável, decide puxar assunto sem mais nem menos, e quando ele abrir o coração para a amizade, ela vai dar um jeito de despedaça-lo ou simplesmente abandona-lo.

— Desculpas Alessandra... — Ao dizer o nome dela, revelou que já a conhecia antes dela se apresentar. — Mas eu já tenho uma dupla, porém, acredito que o Felipe está sem ninguém, e ele é bem inteligente também. Conversa com ele...

Alessandra fechou o sorriso e abaixou a cabeça decepcionada, o que deixou William de coração apertado e hesitante para mudar de ideia. Mas ela parecia decidida a procurar outro parceiro, porém, antes que fosse embora, disse algo que o deixou com o coração mais apertado ainda.

— De qualquer forma, eu sou relativamente boa em matemática e línguas estrangeiras, se você precisar de mim para qualquer coisa, pode contar comigo. Posso te considerar um amigo, certo? — Completou ela com um sorriso, dessa vez sincero, em direção a ele. William balançou a cabeça mergulhado em culpa por não ter ajudado, e disse:

— Sim... Somos amigos...