A Primavera de Renata

Já estava resolvido. Parar de fumar sempre foi uma das minhas metas para esse ano, porém às circunstâncias me fizeram dobrar o número de maços. Todos os dias ando até o jardim nós fundos de casa. Me sento no balanço e passo minutos ali, fumando e passando minha vida a limpo. Aonde foi que errei? Por que estou aqui? O que estou fazendo da minha vida? Por que não dou um basta nisso tudo? O cigarro termina e acendo outro. O sol já foi embora e eu estou aqui, me balançando e ouvindo o som do barulho das crianças lá dentro de casa. Que se dane!

O portão da garagem abre. Apago o cigarro na sola da sandália e o jogo na grama. Espalho a fuma e fingo sorrir. Miguel acena pra mim e eu simplesmente não encontro forças para lhe devolver o gesto. O nosso carro entra na garagem e pronto. O inferno vai começar.

— Oi? — disse Miguel me olhando desconfiado. — o que faz aqui?

— Assistindo o por do sol. Como foi no trabalho?

— O de sempre. Muito trabalho e pouco recurso. Como estão as coisas?

— Tudo em ordem.

— Legal. Vou entrar e tomar um banho.

Miguel, meu marido a quinze anos. Tenho com ele um casal de filhos. Taís e Junior, os dois já são adolescentes. Meus amores. Nunca me deram desgosto, porém eu sei que minha filha já possui uma vida sexual bastante ativa com o namorado. Ela diz que não, mas eu sei que sim. Bom, meu tempo sozinha sempre dura pouco. Hora de entrar e voltar para a realidade.

Na hora do jantar Miguel é o primeiro a se servir. Come feito um condenado. Junior é igual ao pai.

— Eita, não mastigue de boca aberta. — disse Tais.

— Isso mesmo, Junior, tenha modos. — completei.

— E aí, pessoal, que tal um passeio de bike em família no fim de semana, lá no parque? Vai ser bom.

— Eu topo. — Comemorou Miguelzinho.

— E você, meu anjo? Pode levar o Gui. — Miguel acariciou o queixo da filha.

— Hum, o senhor e o Gui estão se acertando, não é?

— Ele é um bom garoto.

— Podemos fazer um piquenique, vai ser tão bacana. — Sorri.

— Então está marcado. Passeio no parque em família. — Miguel olhou pra mim.

Me olho no espelho e vejo uma mulher bonita, atraente, forte. Tenho 43 anos, sou formada, somos uma família bem de vida. Sou uma boa esposa. Por que diabos ele fez isso comigo? Por que se deitou com outra? O que eu fiz de errado?

— Oi, posso entrar? — perguntou Miguel já entrando.

— Oi, pode sim. — sigo escovando os dentes.

— Vai demorar muito aqui?

Miguel encostou seu pênis já ereto em mim. Droga.

— Já estava terminando.

Ele me segurou pela cintura e começou a beijar meu pescoço.

— Pensei em você o dia todo, sabia?

Eu não queria. Não queria mesmo, porém também não queria iniciar uma guerra. Resolvi entrar no jogo. Forcei minha bunda contra a ereção. Joguei meus cabelos para a lado. Miguel entendeu o recado.

— Eu também estava louca esperando a noite.

— É mesmo? — gemeu levantando meu baby Doll. Abaixou a cueca e brincou com o seu membro em minhas nádegas. — vamos pra cama.

— Ah, me pega aqui, vamos começar aqui no banheiro. Me pega me olhando no espelho.

Miguel me penetrou. Eu não queria. Segurei na pia. Olhei e vi minha imagem no espelho, desfocada por causa dos movimentos de Miguel. Ele segurou em meus seios e me lambeu as costas. Intensificou as penetrações e ejaculou. Fechei os olhos e o ouvi dizer.

— Ah, Tina, você é demais.

— Tina? — olhei para ele do espelho.

Miguel engoliu seco. É, me parece que voltamos a estaca zero.(continua)

Júlio Finegan
Enviado por Júlio Finegan em 20/07/2021
Código do texto: T7303804
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