A Jóia
Parecia comum. Era banal. Nada se distinguia no todo vulgar para os padrões sociais vigentes. Quantas vezes não vemos o que de intenso se esconde nas pessoas que não suscitam atenção especial? A voz, porém, tremia. Vibrava com uma estranha emoção que os olhos escondiam numa calma de lago. Dançámos. Cada um em seu espaço. Depois, dolente, chegou outra música que pedia mais proximidade, calor, melhor conhecimento. Quando nos despimos havia uma luz baça e o começo, com aroma e pele especiais, espantou a tranquilidade que havia. Onde estava antes o fogo que agora, alteroso, nos tomava? Onde havia, sem sabermos, um tamanho mar e tanta sede? A seguir, exaustos, cada um se vestiu com aparente indiferença. - Voltas? – Ainda não sei, disse.