jOrNaDa NaS ESTEIRAS (obra de fRiCçÃo científica)

Ele praticou exercícios até a exaustão e perdeu 78 quilos de massa corporal gorda. Fez isso em tempo recorde apenas pelo amor da Estela.

É que a Estela o inspirou a lutar, suando duramente, sobre a ESTEIRA.

Lutou com unhas dos pés e dentes de fora em um esforço desesperado caminhando sobre a esteira ergométrica, tudo para produzir um corpo sarado e assim conquistar o amor da sua musa saradona.

Estela e esteira, mulher-máquina... e máquina para o homem que amava a mulher: uma verdadeira combinação que representava a substância dos seus sonhos.

É bem verdade, a última vez em que se comunicou com a Estela pelo Facebook foi há exatos quatro anos e sete meses, pois ela havia parado de atualizar essa rede social desde que se mudara para outra capital. Esse era o pesadelo desse homem apaixonado, pois isso agora poderia muito bem significar o fim de suas chances perante ela, que o havia tratado sempre como a um irmão desde o tempo da formatura na Faculdade que cursaram em comum, quando se formaram em Letras e depois não mais estiveram próximos fisicamente.

Procurou muito entre a rede de amigos do Facebook, mas não havia indicativos de informação sobre o significado do sumiço. E provavelmente até a conta do Zap não ajudava porque passou a surgir uma informação de “desligado ou fora de área” — era o que todos diziam.

Já completamente “entanquezado” na região onde houvera antes uma barriga, o obstinado apaixonado chamou a atenção de uma loja de produtos “fitness” da qual se tornara cliente por cerca de meia década. Recebeu então uma proposta irrecusável de se tornar uma espécie de gerente de vendas e ao mesmo tempo um modelo de porta da loja para atrair clientes.

Moças e rapazes, jovens ou coroas, afluíam como águas de um rio até aquela loja muito bem situada num shopping da região central da cidade.

Certa vez julgou estar vendo a Estela entrando numa loja em frente. Precisava então se desobrigar por instantes para ir até lá, mas a fila no comércio dele era grande naquele dia de promoção em que descontos eram oferecidos a todos que chegassem com encaminhamento de algum médico endocrinologista credenciado.

Ele não era um rapaz alto, portanto aquela moça que tinha visto entrar na loja de frente tinha a mesma estética saradona que a sua musa Estela... e inclusive parecia ter justamente até a mesma estatura, que era ligeiramente maior do que a dele próprio.

Os minutos se passavam e ninguém da loja (dele) parecia dar atenção quando ele pedia para o substituírem por alguns instantes.

Não deu outra! A moça que havia despertado sua atenção começava já a sair da loja em frente e nem um olhar lançou para o lado oposto, de modo a que pudesse enxergar o apaixonado fervoroso.

O barulho era muito e ele teria que gritar o nome dela, numa tentativa de poder conferir se por acaso ela atendia pelo nome amado.

Então, o nosso herói-da-boa-forma gritou:

— Estela! Estela! Estela Benares! Esteeelaaaa...!

Nada de a moça se voltar para o lado do chamado.

Ele reuniu novas forças e soltou o grito mais desesperado que alguém poderia soltar, arriscando-se a criar uma cena constrangedora diante da pequena fila de pessoas que ali compareciam em busca de resolver o mesmo problema que ele havia superado: o do sobrepeso além da margem ou tentar possuir o corpo que a moda escravizante impõe à sociedade.

Pessoas entravam na fila e cobriam o campo de visão dele, que acabou perdendo o controle e passou a empurrar suavemente para o lado aquela gente que parecia ser toda mais alta do que ele.

— Estela Benares! Esteeelaaaa...!

Alguém parecia não ter gostado do empurrão, embora delicado, que ele havia dado e ele... nem aí...! Não iria ter mais jeito a não ser correr atrás, na tentativa de alcançar o seu alvo.

— Estela! Estela, meu amor! (voz quase presa na garganta)

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— Ficou tão lindo e tão sarado, porém mais míope do que no tempo da Faculdade...! Deu um empurrão desse tamanho em mim e não notou que eu sou “esta” daqui do teu lado, a última da fila que você acaba de empurrar? Porque não disse logo que me amava? Eu que fiquei assim mais cheinha para me parecer mais com você, que é o cara por quem eu sempre tive uma queda...! Você nunca notou que eu jamais me comprometi com algum rapaz?

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Para quem leu até o final, uma informação de “fricção científica”, conforme copiei/colei logo abaixo. Qual o primeiro conceito de esteira ergométrica?

Abrindo brevíssimas ASPAS.

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O primeiro conceito

O primeiro conceito de esteira ergométrica foi arquitetado pelo engenheiro inglês Sir William Cubbit, em 1818. A ideia, na verdade, contemplava uma enorme roda com 24 raios estendidos em grandes pás, nas quais os presos realizavam o movimento em degraus, como uma escada. O comprimento da máquina era grande, de forma que vários presidiários podiam ser colocados ao mesmo tempo.

\ Brevíssimas ASPAS fechadas.

Confira as explicações completas em:

https://www.megacurioso.com.br/invencoes/75845-esteira-ergometrica-de-maquina-de-tortura-a-equipamento-fitness.htm

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Da série: “Me acorrentei a você, passei o cadeado e engoli a chave”.