rOmAnCe... entre MiADoS e LaTiDoS

O gato da Dona Yênia inventou mais de uma maneira de tentar desacreditar o velho cão preguiçoso com quem tinha de conviver dividindo o carinho da dona.

Pela briga de preferência em carinho, Bitó (o gato) já tinha feito o cão morder a sua dona justamente quando a senhorinha fazia carinho em Totó (o cão). Foi no dia em que esse gato tomou o osso da boca do cachorro e no momento da perseguição pulou no colo da Dona Yênia fazendo com que a mordida violenta atingisse a pobre mulher que num reflexo acabou pondo a mão no pedaço de osso já roído.

Também o Bitó sabia que o Totó perdia a calma quando via um outro bicho fazer sujeira em cima da sujeira dele no quintal ou no jardim. Então o gato malandrão tascava um “número dois” por cima da sujeira canina e ainda jogava uma terrinha por cima, até ser perseguido pelo cão, que não era bom na hora de fazer curva e acabava quebrando alguma coisa na casa.

Bitó um dia lançou seu maior truque para tentar fazer a Dona Yênia querer se livrar do cachorro. Foi quando a senhorinha, na tentativa de arranjar um outro marido, tinha recebido mais um candidato em casa e ele tinha adormecido no sofá assistindo propaganda da Jequiti e pensando num perfume que compraria para a Dona Yênia.

Bitó esperou que a dona da casa saísse da sala depois de ajeitar uma almofada debaixo da cabeça do namorado. O gato sabia que o cachorro Totó costumava “fazer sala” para as visitas e que ele estaria cochilando ao pé do visitante naquela preguiçosa tarde.

Bitó (o gato) executou duas manobras em uma só, pois sabia que Totó quando se assustava tinha reação de morder sem calcular aquilo que mordia. Então por isso Bitó passou correndo e unhando o lombo de Totó e no mesmo instante o próprio Bitó mordeu o tornozelo do visitante enquanto o cachorro se acordava com um rugido de dor e raiva e ameaçava também já morder sem que percebesse o gato que em velocidade já tinha sumido dali.

O visitante, no entanto, percebeu que quem o havia mordido era um bicho que passou roçando seu pescoço e em seguida parecia uma mancha amarelada sumindo por uma porta.

O namorado novo da Dona Yênia era muito vingativo, mas, em vez de demonstrar o ódio pelo gato, aproveitou as súplicas de perdão que a senhorinha repetia porque ela pensava que o cachorro era o autor do ferimento no tornozelo do candidato a marido.

O homem namorou a Dona Yênia pelo resto da tarde, ficando ela assim achando que ele iria voltar porque parecia apaixonado. Ele exigia dela que, como prova de amor, ela lhe presenteasse com aquele lindo gato porque ele tinha acabado de perder um que lhe foi muito querido e morreu de velho. A senhorinha, sentindo-se aliviada por não ter visto qualquer ressentimento no candidato, cedeu ao seu capricho e o homem deixou sua promessa de nova visita.

Foi naquele dia que o Bitó perdeu as sete vidas nos dentes de um “Pit Bull” feroz, cujo dono nunca mais voltou para namorar a doce e sorridente Dona Yênia.

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Moral da história (estória) ----- Mesmo que você ache que tem sete vidas, cuidado com esse mundo-cão.

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INFORMAÇÃO PARA QUEM LEU ATÉ O FINAL

A expressão “mundo cão” popularizou-se a partir de 1962, quando o filme italiano com esse nome disputou e perdeu a Palma de Ouro em Cannes para o brasileiro “O pagador de promessas”.

( http://academia.org.br/artigos/mundo-cao )