Ealmes - primavera de desejos
Ensaio de elenco:: Tudo e mais um pouco em 18 primaveras
No fim do nono ano, entretanto, tive o
que se pode chamar de "recaída" amorosa. Não admiti nas duas primeiras semanas, mas depois disso, estava óbvio que eu estava terrivelmente apaixonada pelo Xyong, o japonês da sala.
Eu comecei a circunda-lo como um satélite natural em todas as suas atividades sociais, e não demorou muito para que eu achasse seus perfis na internet também.
Como uma menina esperançosa, tinha a ilusão de que magicamente oportunidades surgiriam para que nos tornassemos próximos, o que não aconteceu. Não importava o quão perto eu estava dele, havia algo que me deixava invisível para ele. E eu suspeito que eram aqueles seus olhos puxados.
Sem ajuda nenhuma do universo das ocasiões, apelei para um recurso mais imediato: tomei atitude. Pretendia falar com ele e tentar começar alguma amizade, mas havia um probleminha, descobri numa caminhada pelos corredores de que ele gostava da Maria Alicia e que os dois já haviam até namorado antes.
"Ele não é virgem, você sabe disso né?" Comentou minha amiga sem nenhuma consideração aos meus sentimentos. E ainda adicionou:
- Ele já ficou com a Maria, e estava ficando com uma outra desde então.
- O que você quer dizer com isso? - Retruquei sabendo muito bem o que Mily iria falar.
- Estou dizendo que se você ficar com ele, vai acabar perdendo a virgindade. E você só tem 14 anos, não está na idade de fazer essas coisas.
De repente a palavra "sexo" começou a se repetir muitas vezes em minha mente, até que se solidificou como uma ideia quase paupável.
- Mily, você acha que é muito cedo para ficar com ele? - Perguntei como que nauseada pelos meus próprios pensamentos, e ela me encarou tão brava que parecia me esbofetear.
- Caroline, você está se ouvindo? Ficar com um cara que nem tem responsabilidade com você é praticamente loucura. É algo que deveríamos fazer com alguém que realmente amamos, não com um estranho...
Para ter certeza de que não estava com parafusos a menos, fui questionar diretamente a um homem sobre isso. Meu melhor amigo teria alguma resposta mais lúcida sobre sentimentos, assim eu pensava.
- Jô, você é virgem? - Eu perguntei com uma presença de espírito até então nova. Ele não pareceu se abalar pela pergunta, antes me olhou com naturalidade e respondeu:
- Claro que não!
- Sério?
- Sério, e você por acaso é virgem né? - Ele me perguntou com uma cara desconfiada.
- Sim... Mas estive pensando sobre esse assunto... Conheci um menino que não é virgem e acho que estou gostando dele...
- O que tem de errado? Olha eu não acredito que isso influencie a personalidade de alguém. Conheço muitas pessoas assim que são incríveis e super responsáveis. Eu por exemplo sou de Áries e não tenho a personalidade que os horóscopos dizem que eu tenho. Não fique muito presa a esse tipo de coisa...
Eu me levantei e sai de perto dele imediatamente, com a certeza de que deveria parar de ouvir opiniões alheias.