DE CORPO E ALMA
Por Olavo Nascimento (10/06/2021)
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Por Olavo Nascimento (10/06/2021)
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OBSERVAÇÕES:
Este conto é inspirado no enredo retratado no filme Forever de 1991, um drama ítalo-brasileiro dirigido por Walter Hugo Khouri. Lançado na Itália sob o título de “Per Sempre”, a película conta a história de Berenice que investiga a vida amorosa do pai Marcelo, um rico e poderoso empresário, para sentir-se mais perto dele. Com a investigação, a relação entre eles passa por um forte clima de sedução. Forever marca a estréia de Ana Paulo Arósio no cinema como a personagem feminina principal, coadjuvada pelos atores Renato Master, Cecil Thiré, Carlos Koppa, Vera Fischer, John Herbert e outros.
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-- Eu te amo pai, loucamente de corpo e alma. Declarou-se Júlia momentos antes do desenlace de seu pai Fernando.
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Fernando foi encontrado morto em sua cama pelo seu advogado Laércio, que horas antes havia recebido um telefonema anônimo de mulher não identificada sobre o triste acontecimento. O corpo do empresário estava totalmente despido e manchas encontradas no lençol que o cobria, não deixavam dúvidas sobre a causa da morte: “FERNANDO MORREU FAZENDO AMOR”, anunciou Laércio aos presentes.
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Laércio era um dos pouquíssimos amigos do rico e poderoso empresário que conhecia seus anseios e aquele esconderijo. Um esconderijo dentro de uma mansão com todo conforto e regalias que um “bon-vivant” merece. Um local que servia tanto para seu escritório particular, como para encontros amorosos com mulheres que não paravam de cair na sua rede.
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Júlia que recebera a triste notícia por parte de Laércio chegou mais tarde na mansão, mas não precisava saber de nada. Encontrou um ambiente transtornado com policiais e médicos já com a notícia repercutindo na imprensa falada e televisada. No entanto, diferentemente dos peritos que avaliavam “in loco” a “causa-mortis”, ela sabia exatamente o que havia acontecido com o seu pai.
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Júlia e Fernando nutriam um amor recíproco muito além do permitido entre um pai e uma filha que não sabia a verdadeira história daquele amor paterno. Fernando, na verdade, não era o seu pai biológico e este segredo foi guardado a sete chaves pelo empresário e a mãe da garota. A menina cresceu sobre as rédeas da mãe e os afagos daquele pai que não deixava lhe faltar nada. Júlia, com o passar dos anos, sentia-se cada vez mais apaixonada pelo homem que lhe adotou e a registrou como filha, como se apaixonada fosse. Era tão grande o seu amor pelo “pai”, que ela chegava a lhe dizer constantemente, que o amava desde a gestação da sua mãe. Era um embrião querendo amor ainda dentro da barriga.
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Os carinhos entre os dois eram recíprocos, mas com emoções diferentes. Enquanto Fernando aconchegava a sua filha com o amor de pai atencioso e protetor, Júlia recebia esses afagos desejando muito mais. Ela cresceu agarrada a ele e quanto mais os anos passavam, mais a sua tentação aumentava. Sentia ciúmes da sua mãe e principalmente das amantes que o rodeavam. Com essas chegou a se aproximar de algumas, fez amizades e, sem se identificar como filha, recebia relatos íntimos dos encontros que mexiam com a sua imaginação.
Júlia sonhava quase todas as noites... Sonhava com o pai amando-a intensamente como sua namorada, tanto quanto Gilda, uma bela mulher casada com um amigo dele e que deixou todas as loucuras na cama relatadas numa carta apaixonada que foi interceptada por ela.
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Fernando nunca deixou de comemorar o aniversário da filha assumida e seus eventos importantes. Foram festas inesquecíveis como a de debutante e da formatura da menina. Além disso, em cada aniversário de Júlia, os mimos não faltavam com passeios, viagens e bons presentes. E foi exatamente por comemorar o último aniversário da filha que o desenlace aconteceu como veremos a seguir:
Por saber da admiração que o pai causava e da sua incansável busca por novas conquistas, Júlia quis e exigiu um presente diferente naquele seu aniversário. Ela andava excitada desde quando Jaqueline, uma colega de faculdade que se envolveu com Fernando por ocasião da festa de suas formaturas, contou detalhes íntimos entre os dois, numa estada em Paris regada a muitos passeios e noites tórridas em hotéis de luxo. No entanto, foram os relatos de Jaqueline aos constantes passeios com Fernando à Pedra da Gávea no Rio de Janeiro, quando subiam ao topo da montanha para sentir o som do vento com troca de carícias, que incentivaram Júlia a arquitetar o plano excitante no dia do seu aniversário.
Toda vez que a filha descobria algo sobre a vida erótica do pai, Júlia ficava excitada. Fosse através das queixas magoadas da sua mãe (muitas vezes relatando e identificando as amantes), ou ainda por outras fontes que aumentavam a fama conquistadora do empresário, a obsessão da garota aumentava cada vez mais. E as palavras intensas e lascivas da sua colega de faculdade Jaqueline no último encontro entre as duas, foram o tiro no alvo que não podia dar errado naquele dia.
Com os anseios e todas as informações sobre a vida amorosa do pai, Júlia arquitetou tudo para aquela noite. Algo surreal para muitos, mas inesquecível para ela que seguiu o roteiro e o enredo passado pela colega Jaqueline em suas conversas. Era o dia do seu aniversário e o presente que ela queria do seu pai era exatamente o seu pai.
O dia se iniciou na parte da manhã com uma viagem aérea de helicóptero até Angra dos Reis na região serrana do Rio, almoço no início da tarde em restaurante tradicional da cidade, aconchegado com danças a dois por músicas românticas ao vivo ao som de violinos contratados só pra ela.
Ainda durante a tarde, Fernando trouxe Júlia de volta e não conseguiu recusar o pedido dela para visitar a Pedra da Gávea e receber todas as carícias como se ela fosse a Jaqueline. Ao abrir os seus braços no topo da montanha e dizer pra ela as mesmas palavras relatadas pela colega, Júlia viveu ali os primeiros momentos amorosos com seu pai. Beijos no rosto e afagos nos cabelos incentivaram a menina para continuar em frente.
Ainda seguindo as dicas de Jaqueline, Júlia surpreendeu o pai ao pedir para terminar a noite na sua casa secreta, que até então ela não conhecia. E assim foi feito.
Na bela e confortável mansão, a sedução avançou ao som dançante de orquestras, drinques e carícias tímidas que, esquentaram com o passar dos goles e das sinfonias. E foi nesse ambiente sedutor, com ambos se querendo e fragilizados com tanta bebida, que a cama os acolheu.
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Os beijos mais intensos acompanharam a nudez, com cada um despindo o outro. Fernando pegou a guria nua no colo e a colocou na cama, com todos os desejos e pecados presentes numa entrega quente e sem pudor como ele gostava. E a sua experiência o ajudou a transformar a menina numa mulher gulosa e insaciável gemendo na sua cama. Por outro lado, ela querendo ser possuída, fez dele o macho viril e desejado, sem medir as consequências. A insistência dela para gozar sem parar, excitando o pai com toques e sexo oral para não perder a dureza daquele membro, estava realizando os seus sonhos eróticos naquela loucura excitante. Sonhos estes que lhe provocaram várias noites em masturbação, relendo a carta de Gilda, ou lembrando-se dos relatos de Jaqueline.
Fernando que adorava sexo ignorou quem estava com ele na cama e entrou na onda da garota. Como das vezes anteriores com outras mulheres, não recusou a ânsia dela, tentou se superar, mas não resistiu. O INFARTO FOI FULMINANTE.
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Júlia se apavorou e descontrolada, deixou a horrível cena como estava, se arrumou e foi pra casa. Sua mãe percebeu o descontrole da filha e, após muita insistência, ela esclareceu: -- FUI INFORMADA QUE PAPAI MORREU!
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Nos contratempos e preparativos funerais que se seguiram, muita gente ainda tentava descobrir a mulher que apagou definitivamente as orgias do empresário garanhão. Mas essa mulher cheia de remorsos e sentindo-se culpada pelo desenlace, incrementou mais matéria na mídia sobre o caso quando descobriram o corpo de Júlia despencado da montanha.
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No dia seguinte à morte do empresário, Júlia saiu do velório concorrido do pai, com algumas amantes presentes e colocou em prática o seu plano. Deixou uma carta para a mãe sobre a mesa da sala, pegou o seu carro e partiu para a Pedra da Gávea, último local turístico visitado com o seu querido e adorado pai Fernando. E a triste notícia que abalou a cidade, não demorou a ser divulgada: “Uma jovem mulher morreu, na tarde deste sábado, após cair da Pedra da Gávea, na Barra da Tijuca. O Corpo de Bombeiros foi acionado às 12h40 para tentar resgatar Júlia de 23 anos, que foi encontrado morta no paredão ao lado esquerdo do Olho do Imperador.
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DE CORPO E ALMA
Na carta lida por sua mãe, Júlia contou em detalhes a sua relação carnal com o pai na noite do desenlace, a intensidade na transa e a obsessão apaixonante que tinha por ele. Confessou amá-lo de corpo e alma, pediu perdão para o seu tresloucado gesto, mas não podia deixar a alma dele vagando por aí sem a companhia dela. “Entreguei meu corpo pra ele e agora estou lhe oferecendo a minha alma”.
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ASSIM OCORREU A DESPEDIDA DE DUAS VIDAS, NUMA RELAÇÃO INCESTUOSA PARA UNS E PARA OUTROS NÃO.
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Abraços e agradecimentos por comentário
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