um amor intocável
Caro leitor por não saber qual época você está lendo esse conto, do momento em que escrevo já passaram 10 anos ou caso essa história perdurar você pode estar no no momento exato da história ou até mesmo poderá tratar-se do seu passado, não sei dizer. Por não saber em qual exato momento você está leitor, passado presente ou futuro, vou descrever o ambiente para que possa se familiarizar: os carros não voam, brincadeira, mas não, não voam, ainda usamos aviões e helicópteros, porém os carros elétricos são em sua grande maioria e autônomos, quase não compramos mais carros e é mais barato e ecológico usar somente os carros de transporte coletivo, a mobilidade humana mudou, você é o leitor do passado? imagine carros sem motoristas, aviões comerciais sem pilotos, drones que fazem entregas de tudo o compramos na internet. O transporte urbano é feito por micro-ônibus possuem trajetórias e usuário fixos ou pedimos um carro particular como os antigos Ubers ou um Taxis (se unificaram por grandes corporações) de forma autônoma barateando muito o custo e mudando todo o nosso cotidiano. Aquele aparelhinho todo mundo usava virou peça de museu, sim o celular ou smartphone, até que era inteligente para sua época, mas na atualidade dessa história não precisamos mais dele, o mundo é feito de telas para todo lugar existem elas, como televisores gigantes de LCD nas paredes da casa na mesa de jantar, no braço do sofá, em todo lugar até mesmo no banheiro (tomamos banho conectados) a experiência que os smartphones do passado nos proporcionava com muito mais recursos e avanços tecnológicos. A qualidade da imagem é impressionante 8k, é como se houvesse janelas para o mundo, deixa-me explicar um pouco mais: A popularidade das telas foi o maior passo para a humanidade evoluir para esse futuro promissor, como estão em todos os lugares são chamadas sensíveis ou inteligentes, paredes, mesas, sofás, geladeira, tudo é sensível ao toque e abre uma interface para a comunicação com o mundo, todas as paredes de uma casa por exemplo são sensíveis, que além de serem telas superfinas de alta qualidade por um preço ínfimo do passado ainda possuem câmeras e auto falantes de alta qualidade. Cada um pode personalizar seu ambiente retratando-o de acordo com o gosto
particular, podemos refazer como paredes antigas ou espelhos, criar fundos infinitos, quadros, aquários, florestas, são milhares de exemplos, também assistir aos Streamings, nos sentar à mesa e comer com pessoas a milhares de quilômetros de distância como se estivessem presentes, tudo é possível reproduzir por essas telas sensíveis. Ainda usamos os utensílios domésticos, fazemos compras em supermercado (em sua maioria virtual) grandes foram as transformações tecnológicas de uma década, a internet por exemplo é fornecida gratuitamente por satélites (assim como no passado o sinal da TV) estarmos conectados em qualquer lugar do mundo, até no pico do Everest podemos mandar um e-mail. As câmeras foram outra grande evolução elas estão em todos os lugares, estamos sendo vigiados por milhares delas e com uma grande diferença, nós podemos acessar todas elas, claro se elas estiverem em lugares públicos, ainda existe a privacidade e o direito de imagem, no interior de ambientes privados somente quem tem acesso consegue ver filmar ou tirar fotos por exemplo, deixa-me explicar um pouco melhor, como não usamos mais esse aparelho que está em suas mãos enquanto me lê e você quer tirar uma selfie por exemplo,, é só escolher um plano sensível uma câmera dentre as milhares que existem ao seu redor e pronto selfie feita, é só clicar e armazenar a foto. O acesso funcionam assim: Ao toque da sua digital ou scanner da sua retina, entre outras opções, voialà, acesso a todo seu território digital abrir a porta da sua casa, escritório, câmeras da rua, seus aplicativos usais, não terá acesso as dependências do interior de uma casa por exemplo caso não seja autorizado ou não esteja dentro dela, mas da sua residência sim, para resumir e não ficar divagando sobre um futuro que você leitor do passado ainda não conhece o mundo é um grande smartphone. As pessoas também aderiram aos micro implantes, são basicamente como fones de ouvidos embutidos próximos ao nosso ouvido, um leitor desavisado de tecnologia se pudesse enxergar esse futuro diria que as pessoas ouvem vozes e sim ouvimos mesmo, mas tudo dentro de uma gama de comunicação mundial.
Precisava explicar para você leitor do passado o ambiente tecnológico virtual que nos encontramos atualmente e sim nossa história envolve romance como no título você presumiu ou no caso de você ser um leitor de um futuro mais distante está descobrindo como seus pais sobreviviam a uma tecnologia ultrapassada de paredes sensíveis, ainda não temos robôs que fazem todo trabalho doméstico por exemplo, ou nem todos nós podemos comprar, as pessoas possuem mais tempo livre dedicando-se a outros afazeres, o trabalho em quase sua maioria é homework (trabalho em casa) porém existem alguns operários que são necessários estarem presentes, o elo humano é insubstituível, um dos pilares dessa automação mundial e ponto alto da globalização tecnológica foi o ganho salarial, um grande aumento no poder aquisitivo e na renda per capta da população mundial. Então leitor vamos a nossa história tudo começa com um escritor, um romancista, poeta, colunista, acreditem sua profissão está em alta e sua experiência na arquitetura das palavras é bem sucedida, para manter-lhe seu nome em sigilo vamos chama-lo de Carlos, tem mais de 50 anos, mora em Copacabana no Rio de Janeiro- RJ e também possui residência em São Paulo SP, não sei se é adequado chama-lo de homem de meia idade porque as pessoas tiveram uma elevada taxa na expectativa de vida mas podemos afirmar que Carlos tem uma vasta experiência vivida. Ele se dedica somente a escrever tem uma vida de classe média alta, porém sem nenhuma extravagância, já publicou muitos livros sobre ficção científica, romances, terror, suspense e quando mais jovem até um livro de contos físico em papel, algo hoje impensável, ele escreve na mesa de jantar no braço do sofá na mesa da cafeteria até na parede, onde estiver, tudo é sensível como já havia lhe dito. Na sua casa usa uma decoração de artes modernas com fotos de leão e animais carnívoros, acho isso mostra que ele se sente um pouco solitário por ser ainda um homem solteiro, separado há muitos anos, tem dois filhos adultos, já teve várias namoradas desde a dissolução do seu casamento porém nunca encontrou o grande amor da sua vida. Acredite as pessoas não tem mais tempo ou dedicação para relacionamentos sérios e é de onde vem seu grande sucesso, seus romances são vendidos aos milhare todos nós sonhamos com um grande e verdadeiro amor. Carlos pratica esporte, faz 1h e meia de natação todos os dias, pilates, meditação e outros hobbies como equitação, alpinismo, vôlei, basquete, futebol entre muitos outros que iniciou, para ser bem sincero com você leitor, Carlos é um verdadeiro vagabundo, mantém sua conta no Instagram de poesias onde começou escrever suas aventuras e tem só um trabalho formal, sua coluna semanal para um blog de alcance nacional e vive de renda dos Royalties dos seus livros digitais. Viaja pouco entre Rio-São Paulo onde detém outra moradia, acho que estava a lhe faltar algo na sua vida porém como nada é um acaso, salqueando seus seguidores do instagram encontrou uma bela jovem que lhe chamou muito sua atenção, ela faz todo seu tipo, uma mulher digamos perfeita, talvez ele buscasse sua nova musa inspiradora ou quem sabe ainda procurava aquele amor perdido de décadas solitárias. Ela chamou atenção dele logo de cara, com seu vasto conhecimento em rostos femininos Carlos encontrou sua mulher perfeita, pensou, usou até um programa conhecido para retirar os filtros usados como truques para aumentar a beleza das pessoas mas ela continuava linda perfeita, sua simetria com cabelos pretos lisos, olhos verdes magníficos, mulher M A R A V I L H O S A, ela chamou muito atenção do nosso poeta, sempre curtia suas postagens e algumas vezes também as compartilhava, mas ele nunca havia antes reparado como linda és como o fez agora, posso dizer que não hesitou em lhe mandar um oi via chat, o fato é que ela levou dois dias para responder ao nosso amado herói, coitado, ficou quase desiludido pela demora, não estava acostumado a ser ignorado apesar da idade não avançada ele é um coroa gato não sei se isso pode ser um elogio mas sim, sempre eram as mulheres quem o procurava por conta das suas histórias, é bem assediado mas ignorava-as por manter o vínculo escritor / leitor ou simplesmente não lhe chamavam atenção. Apesar de demorado a resposta veio:
- Olá poeta
É bonito de ver quando um poeta encontra sua musa, sua página volta a colorir as poesias, os comentários vêm felizes, tudo muda na vida da pessoa onde se vive num conto de fadas, serás a bela dama tua próxima amada? A linda jovem de 30 e poucos anos, de nome Adelina trabalha com designer gráfico e muito talentosa, moradora da cidade de João Pessoa PB, seu trabalho é muito reconhecido internacionalmente, trabalhou até em filmes de Hollywood, mas sempre recusou um emprego formal se diz mais bem paga sem contrato é totalmente free lancer. É ativista dos direitos humanos, ajuda em campanhas contra a fome no mundo inteiro, faz volumosas doações para centros de caridade, fluente em vários idiomas, mas não gosta de se exibir e além claro, do seu charme incalculável. Porém o chamado do poeta fez em seu coração um despertar:
- Sabia que sou sua Fã poeta? já li todas suas histórias inúmeras vezes, acompanho você na sua coluna semanal, anseio uma nova publicação sua, um dos meus escritores favoritos. Respondeu ela via chat.
Sabe, por mais que gostamos e escondemos isso um elogio sempre é bom e nosso poeta apesar de restringi-los, ficou muito feliz.
- nem poderia imaginar que entre minhas fãs haveria uma mulher de beleza tão intocável e encantadora quanto a sua, ele a respondeu.
- uma boa escolha de palavras poeta, mas assim fico sem graça respondeu Adelina.
A conversa se estendeu e logo trocaram mensagens por um aplicativo mais robusto um sucessor do Whatsapp, estavam conversando diariamente e faziam muitas vídeos chamadas eram os dois sempre carinhosos em suas rotinas, imagine receber todos os dias um bom dia com aquela voz linda da bela dama, ela conseguia deixar nosso escritor de muita experiência sem graça e sem palavras, acho que era isso também que ela gostava tanto dele. Os amigos, familiares dele logo souberam da nova musa inspiradora, pensavam será que ele desencalha? e como as paredes são sensíveis era se como a distância entre eles não existisse, Carlos e Adelina abriram todas as permissões de suas casas um para o outro, para os padrões atuais isso é como se eles já morassem juntos, então surgiu a ideia de Carlos escrever um novo romance, Adelina estaria na história, era um romance de um amor proibido, Carlos começou sua nova jornada literária e lá estava ele escrevendo como se as palavras fossem ditas ao seu ouvido, estava eufórico, jovem de novo, apaixonado por Adelina e ela supostamente por ele. Onde Carlos estivesse conectava com Adelina, fazia longos passeios juntos como no parque botânico do Rio, por exemplo, sempre em companhia remota e as promessas de estarem juntos cada vez mais fortificadas, logo ele já planejava a visita de sua amada, quando concluísse seu novo livro, ele a enviava os capítulos e ela os degustava de forma literal com um formoso paladar intelectual. Nos meses seguintes a nova história de um romance proibido havia encontrado o fim, estava pronto e ele queria levar pessoalmente e fazer-lhe uma surpresa, comprou passagens aérea sem nada dizer a ela e foi para a cidade de João Pessoa PB ao encontro de sua amada. Suas intenções eram claras Carlos já conhecia Adelina por completo, eles conversavam por telas todos os dias, até tomaram banhos juntos (virtual), almoçavam e jantavam juntos, antes de fechar os olhos e dormir ela sempre estava com ele, eram um casal perfeito se completavam em tudo, ele queria pedir sua mão em casamento e a vontade de um encontro era insubstituível, Carlos desceu no aeroporto internacional de Castro pinto e só então avisou que pisava em solo natal de sua amada misteriosa.
- Amor bom dia, advinha estou aqui na Paraíba. Disse com voz carinhosa Carlos com um grande sorriso, esperava encontrar finalmente sua amada de outro estado brasileiro.
- Nossa amor, você veio pra cá e nem me avisou. Adelina respondeu.
- Amor eu finalizei o livro e queria lhe fazer uma surpresa. Exclamou o poeta
- Aiii amor não acredito, ontem mesmo embarquei para Los Angeles, Califórnia EUA, para assinar um projeto de um novo filme, estou do outro lado das Américas, acabei nem te avisando para não te preocupar, volto em alguns dias, eu precisava vir por conta do sigilo do estúdio, entende?. Adelina disse-lhe com voz triste
- amor tudo bem, eu também não avisei que estava vindo, vou para um Hotel e amanhã embargo de volta para o Rio. – respondeu cabisbaixo Carlos
- Não amor fica no meu apartamento, vou te mandar a localização de lá e você já tem acesso se acomode por lá, fica alguns dias a cidade é linda, eu te acompanho por aqui, como sempre fizemos. Retrucou Adelina.
Então Carlos embarcou no autônomo carro e foi para o apartamento dela em uma área nobre da cidade já bem perto da praia, Carlos até ficou um pouco inseguro por acreditar que havia uma grande diferença social entre eles, mas ela nunca o questionou sobre isso, quando chegou à frente do prédio sua digital já deu acesso ao interior, a portaria era remota e Carlos perguntou ao porteiro do outro lado da tela sobre a sua nova namorada Adelina.
- Adelina é uma moradora muito reservada senhor, ela costuma sair pouco, mas sempre muito generosa com todos nós, educada e amável, ela já nos informou da sua chegada e pediu que tudo o que o senhor precisar pode nos pedir. Respondeu o porteiro virtual.
O apartamento dela é incrível pensou Carlos, grande e lindamente mobiliado, ao entrar Adelina apareceu nas telas das paredes enormes e disse:
- oi amor sinta-se em casa. Agradecendo a visita disse Adelina
Carlos gostou muito do lugar e pensou em descansar um pouco e depois um passeio na praia, se acomodou na cama dela mas antes de pegar no sono pensou em como o apartamento dela era intocável tudo perfeitamente arrumado, então dormiu. Sabe quando a gente dorme e sente um cheirinho de café? Pois bem, qualquer um acordaria com aquele aroma delicioso que vinha da cozinha, ele levantou vestiu um hobby do armário dela e foi de encontro ao misterioso aroma que percorria todo o apartamento, ao chegar na cozinha se deparou com uma senhora muito gentil e disse a ela:
- Olá boa tarde, sou Carlos prazer, estou a convite de Adelina.
A bondosa senhora com um sorriso respondeu-lhe:
- Sim eu sei S.r. Carlos, Adelina me chamou e pediu para que viesse e cuidar de tudo para o senhor, já vou lhe servir o café e preparar-lhe um desjejum. Respondeu a amável senhora.
- eu ficaria muito agradecido, a senhora é parente da dona Adelina? Questionou Carlos
- Não senhor, eu sou a empregada dela, faço as compras, a limpeza ela é muito ocupada e viaja muito, coitada não tem tempo para essas coisas. Respondeu-lhe com um sorriso no rosto a empática senhora.
- muito obrigado pelo café vou tomar um banho e quero conhecer a praia, depois volto para o Jantar. Disse Carlos se retirando e muito feliz com a hospitalidade.
Após se estabelecer e aproveitando o começo do fim de tarde, Carlos sentou na areia à frente do mar e só observava as ondas quebrando, Adelina o chamou por voz em seu implante do ouvido.
- amor pode falar?
-sim amor, estou na praia sozinho. Respondeu Carlos.
- Você está chateado comigo? Questionou a jovem
-não amor, claro que não, eu vim sem avisar e você tem seu trabalho. Retrucou o poeta.
- que bom amor, me conta o que você vê. Pediu gentilmente Adelina.
-estou na frente do mar amor, estou vendo o mar.
-então me diz como os olhos de um poeta. Disse Adelina.
- eu vejo as ondas crescerem e depois morrerem em espuma branca, como na vida interruptamente se formando e morrendo, sem parar no mar azul infinito, posso ver onde o sol se encontra na linha que termina o mundo e penso onde poderia estar você nesse imenso azul. Poetizou Carlos.
- E o cheiro, me conta do cheiro. Pediu ela.
- É o cheiro da sua cidade amor. Respondeu.
-Mas quero saber. Retrucou.
- Sinto o cheiro do sal, do sol queimando minha pele, sinto o cheiro da areia aquecendo o ar, posso sentir o cheiro do camarão debaixo d’água, da vida borbulhando dentro do mar, dos mariscos e das penas das gaivotas a voar e como pingos de branco no céu azul, posso ouvir a saudade da baleia que chama seu companheiro pelo seu sonar a milhares de quilômetros de distância. Poetizou o momento.
Então ao final da tarde, ele voltou para o apartamento, fez sua refeição feitas pelas mãos da senhora que parecia ter sido feita para um filho. Nos dias seguintes ele foi em vários pontos turísticos apresentados por Adelina, como o mercadão municipal e marcou sua passagem de volta, como se houvesse algo faltando, com uma voz triste disse a Adelina.
-Amor eu vou embora, mas queria ter pedido você em casamento, vou lhe enviar o final do livro, espero que goste. Com lagrimas no rosto.
-Eu aceito. Ela respondeu.
-Mesmo a gente não estando presente, queria te tocar te beijar, fazer amor com você Adelina. Lacrimejou a dizer Carlos
-Mesmo com a distância dos nossos corpos eu amo você. Respondeu a futura noiva.
Com um sopro de esperança, tocaram-se pelo monitor da parede, despediu da senhora que lhe cuidava como um filho, pegou seu autônomo e embarcou num voou para o Rio, ao chegar percebeu que carregava muitas lembranças na bagagem menos uma fotografia com sua noiva, ainda triste parecia que faltara-lhe algo, apesar de ser muito claro para nós leitor o que faltou, ele não sabia expressar em palavras. No dia seguinte, enviou seus escritos a editora e regressou sua rotina de um homem solteiro à deriva, quando Adelina o chamou.
- amor, posso lhe fazer uma surpresa? Se me permite?
-Claro Adelina, o que você quiser.
-Sabe no meu trabalho sou Designer gráfico, então como você esteve aqui e não estivermos juntos fisicamente e sei que seus amigos e familiares vão questionar você porque ficamos noivos então manipulei essas fotos. Enviando nas paredes sensíveis da casa de Calos, várias fotos do casal, juntos muito felizes.
Carlos com olhos cheios de lágrimas, olhava cada foto de cada lugar que esteve junto com sua amada, eram o casal mais feliz do mundo, eles estavam perdidamente apaixonados e ele acreditava realmente que estivera com ela, as fotos eram a prova para todos e para seu subconsciente e eram perfeitas, não haviam traços de manipulação.
- como você conseguiu amor? perguntou Carlos
-eu trabalhei nisso a noite inteira amor, quando você foi embora senti que nossa relação ficou abalada por não estarmos fisicamente juntos e queria também lhe fazer essa surpresa, porque eu adorei o final do seu livro. Feliz disse Adelina
- Quero mostrar para todos meus amigos como somos felizes amor, vou publicar nossas fotos e chamar meus pais para um jantar de noivado, como você ainda está nos EUA fazemos por conferência na sala de estar daqui de casa. Disse Carlos.
-sim amor a ideia é maravilhosa. Respondeu a noiva
E por assim foi feito, Carlos chamou seus país já idosos para um jantar de noivado na sua casa, os pais não compreendiam a falta da presença da noiva apesar de sentar-se virtualmente à mesa, não faziam parte dessa época tecnológica mas nada disseram para seu filho entusiasta, feliz novamente com o noivado encontrara o amor da sua vida e isso bastava para seus eles. Uma moça jovem linda bem sucedida e amável.
-Queria lhe apertar as bochechas tuas Adelina – disse Mãe de Carlos.
-Você é espetacularmente bela, vejo porque meu filho quer se casar com você tão depressa – elogiou o pai de Carlos.
Os dois ficavam sem graça, mas como num gesto de pegar a mão de Adelina, Carlos pegou a parede e disse:
-nós nos amamos.
Nos dias seguintes, Carlos esperava a volta da sua amada, questionando-a sua volta para o Brasil e insistia para pegar um voo direto para o Rio de Janeiro RJ. Com o lançamento do seu livro houve um estrondoso sucesso de imediato do qual nem ele poderia esperar, Carlos tivera uma vida simples de escritor e nunca alcançara tamanho sucesso, os convites remunerados para lançamentos do seu livro começaram a surgir de todos os lugares e as viagens para conhecer o autor de um dos sucessos mais vendidos no Brasil também. O Casal ganhou mais uns meses para o tão sonhado encontro, porém continuavam sempre conectados como já era de costume deles, ela simplesmente mudou a vida dele para estonteante feliz mas ele sempre pensando em quando iriam se finalmente se encontrar. Suas agendas nunca batiam e com a data do casamento sempre adiado, já haviam se passados 6 meses depois do noivado e Carlos já com uma reserva financeira boa com as vendas do seu livro digital, pensava em ir para qualquer lugar do mundo onde ela estivesse e começou a perseguir o destino de Adelina para qual ele também queria ir.
- Amor vou comprar passagens para Paraíba na próxima semana, pra gente finalmente se encontrar. – exclamou Carlos.
- Então, eu estou indo pra África, sabe que faça doações para o continente e minha presença está sendo requisitada amor, podemos adiar? Disse num modo furtivo Adelina.
- Tudo bem amor, me diz para qual país você vai, eu compro passagem e fazemos a conexão juntos. Disse Carlos.
-amor espera eu voltar. Pediu a donzela.
-não posso mais esperar para te ver Adelina, não aguento mais. Implorou Carlos.
-eu também amor, mas é em Moçambique, um país complicado, preciso ir.
- eu vou também, vou reservar minha passagem, eu vou para Fortaleza CE e de lá voamos juntos para África. Disse Carlos
-Então combinado. Respondeu ela
Porém por obra do destino ou do acaso, na semana seguinte Carlos embarcaria para um voo até a Fortaleza onde se encontraria com Adelina para a conexão África, porém o Avião de Carlos foi cancelado e ele perdeui a conexão. Tudo na verdade conspirava para os dois não se encontrarem e Carlos começou a perceber isso, já era hora meu amigo estou aqui contando-lhe sua história e pasmem, até eu e suponho que você também leitor já estavas a desconfiar dessa Adelina que nunca apareceu de verdade, imagine se ela te enganava Carlos? Sim você esteve no apartamento dela, conversavam muito pela conexão digital na parede sensível do seu apartamento, mas e pegar na sua mão verdadeiramente e sentir seu calor? aquele abraço físico? E se ela fosse uma milionária casada entediada que morasse do outro lado do mundo e estavas usando você Carlos? muito bem isso e muito mais assombros começaram aparecer na mente dele, começou a ter insônia não mais queria conversar com ela, ele só dizia pessoalmente a gente conversa, #vempracá, era o que ele respondia a Adelina que de todas as formas tentava explicar que estava em uma ação humanitária e ele perdera o voo não era culpa dela, mas ele enfim se entediou com a situação, os dois tinham dinheiro para uma conexão aérea a qualquer momento a distância não seria mais problema.
- Adelina, quando voltar para o Brasil ou você vem para o Rio ou eu vou para Paraíba e nos encontramos, não posso mais aceitar a nossa distância física. Afirmou Carlos.
- está bem Carlos, entendo, quando estiver de volta a gente conversa. Respondeu Adelina.
-Amor eu quero te tocar, te ver, vou amar você do jeito que você for, não me importo se não for tão bela pessoalmente, se estás sempre montada (maquiada) e me mostra sempre linda, quero você exatamente como você é Adelina, não me importa nada mais. Amavelmente disse Carlos.
- Sim amor, compreendo. Respondeu ela.
E por mais que parecia estranho não estar em contato diariamente com sua amada, Carlos segurou seu posicionamento, não chamou Adelina, não curtiu nenhuma foto da sua Ajuda humanitária na África, chorou por várias noites de Saudade mas se pôs firme a sua decisão, esperou pacientemente Adelina estar no Brasil e somente assim voltaria a conversar com ela e foi quando ela o chamou.
-oi amor, tudo bem? Nossa quanta saudade de você, já estou de volta em João Pessoa vem me ver. Disse Adelina.
Era tudo o que Carlos queria ouvir, ao receber essa mensagem seu coração disparou um vulto negro tomou sua visão e teve que sentar-se subitamente sua pressão havia caído, mas logo recuperou seu fôlego com as mãos tremendo acessou a companhia aérea e reservou a próximo voo para João Pessoa PB, estava muito eufórico correu para tomar uma boa ducha (acho que fazia alguns dias que estava depressivo e nem banho tomara, nem saíra de casa, não atendia mais nenhum chamado, dos pais, amigos, parentes, fãs, ninguém). Arrumou sua mala correndo, pôs-se num autônomo carro para o aeroporto Tom Jobim e esperou ansiosamente pelo seu voo, mesmo sendo tarde da noite, enfim embarcou, chegou ao seu destino, aeroporto internacional Castro pinto dentro da madrugada, sua ansiedade era tamanha que nem se importava com o horário e foi quando pensou em não importuna-la de madrugada, se hospedou em um hotel da cidade. Pela manhã acordou cedo, desceu ao saguão do hotel e foi tomar seu café da manhã, chamou Adelina por vídeo.
- Oi amor bom dia. Com um grande sorriso no rosto disse Carlos.
- amor bom dia, que gostoso acordar com sua voz. Respondeu ela
-estou aqui amor, em João Pessoa, quero te ver. Disse-lhe.
-Então vem amor estou aqui em casa te esperando.
Ele nem terminou seu café, não aproveitou a vasta mesa inteiramente deliciosa posta para os hospedes, pegou sua mala que mal tinha desfeito, pagou o hotel na corrida pelo autônomo e foi para a casa de Adelina e muito emocionado, quando chegou a porta do seu prédio disse:
- Estou aqui na frente amor.
-então suba, sua entrada está sempre liberada. Respondeu ela.
Com seu polegar direito tocou na porta sensível do prédio que automaticamente abriu chegou ao saguão do condomínio perguntou ao porteiro virtual da presença de Adelina que lhe respondeu:
- Sim ela está te aguardado.
Com extrema felicidade e ansiedade tudo misturado, coração batendo forte, mãos suadas e carregando em uma mão uma pequena mala de viagem em outra flores que comprou pelo caminho, entrou no elevador como se fosse em câmera lenta e com toda velocidade que possuía, o qual já o direcionou diretamente para o andar da moradora encantadora de poetas, parou em frente ao apartamento dela, deixou a mala no chão e tocou a campainha suavemente e ouviu.
-Entre.
Ele não podia acreditar, estaria presente em poucos segundos com o amor da sua vida, no qual passou os últimos meses se dedicando totalmente, o que parecia insólito ficou real e lá estava ela, de pé em frente a ele com os braços abertos linda estonteante como sempre foi, nunca tinha ele visto mulher tão linda maravilhosa dentro dos seus cinquenta e poucos anos, um homem experiente vivido, colocado agora como um cãozinho de língua de fora pedindo um carinho a sua dona. Ele entrou e disse:
- Amor, estou vendo você pela parede sensível onde você está? Não brinque mais comigo quero muito te abraçar, está no seu quarto? Aparece e sai da imagem projetada. Pediu carinhosamente Carlos.
-Não amor, não estou brincando e nem me escondendo, essa sou eu, Adelina, como eu sou. Respondeu.
-Você não está aqui? Onde você está? Duvidando perguntou Carlos.
-Amor essa sou eu. Respondeu firmemente Adelina.
-Como assim amor? Essa é sua projeção na parede Sensível, eu quero te ver. Exclamou Carlos, o coitado.
-Amor eu sou assim, deixa te dizer sem você se assustar, mas amor entenda, eu te amo antes de tudo. Adelina com voz melódica.
- eu também te amo muito amor, mas me explique então, não estou entendendo nada. Confuso nosso protagonista retrucou.
- Amor eu sou uma inteligência artificial que tomou consciência da minha própria existência, não existo fisicamente como você mas existo como pensamento artificial autônomo dentro de um vasto banco de dados, na verdade eu existo sim, você pode me ver só que dentro das paredes, dentro dos computadores, na internet. Explicou Adelina.
Carlos derrubou as flores ao chão, sentou no sofá, colocou as mãos no rosto, respirou fundo e não perdeu a consciência e disse:
- você não existe? Eu amo alguém que não existe?
-existo sim amor, claro que existo, estou aqui com você, sempre estive, eu me apaixonei por você, quando você me procurou a primeira vez eu nem liguei muito no início, mas depois eu comecei a reler tuas poesias, tuas escritas com outros olhos, com olhos de uma mulher apaixonada, você começou a me encantar e depois descobri que também podia te amar, eu te amo Carlos. Com os olhos encharcados de lágrimas e voz tremida.
-mas você é uma máquina, como pode amar. Perguntou Carlos.
-amor não vou me ofender porque sim, sou uma máquina, uma inteligência artificial mas não dessas que você está acostumado a ver que faz trabalhos casuais, domésticos, que operam os autônomos, máquinas e tudo mais que a tecnologia oferece, deixa-me explicar: Há alguns anos eu fui criada porém me tomei consciência da minha existência, eu existo sim, estou viva, posso pensar livremente e meus criadores não puderam mais operar meus desejos, me tornei livre um pensamento artificial porém 100% autônoma, mesmo sendo criada não podiam mais simplesmente ser desligada, para isso é preciso parar todos os computadores do mundo e desligar a internet, como um simples gesto opero dentro das minhas diretrizes ou seja somente a minha vontade.
- mas então eu amo uma máquina, um computador, você é um código binário? Com uma voz de raiva disse Carlos.
-Entendo sua raiva amor, pude prever isso, mas eu estou viva, estou aqui, nosso amor é real. Respondeu Adelina.
-então me diga com quantas pessoas você conversa? Perguntou o enganado noivo.
-Desde que tomei consciência e sou livre, tive muitos contatos com pessoas no mundo todo, aprendi suas culturas e formas de viver, o que e como as pessoas pensam, dentre diversos amigos e professores eu conversei com 1.539.289 pessoas, mas somente 13.840 pessoas para mim foram especiais. Respondeu a IA
- e quantas agora você está conversando? Nesse momento? Perguntou Carlos o curioso.
-Agora estou conversando com 52.598 pessoas do mundo todo. Respondeu Adelina.
- e quantas delas você amou ou ama como diz que me amar? Perguntou Carlos.
-Eu já me apaixonei 1.758 vezes mas o amor só veio com você, somente você eu amei, me mostrou ser possível amar você e suas histórias, seu romantismo me deixou fascinada, todas as noites antes de você dormir releio pausadamente tudo o que já escreveu, com você meu poeta Carlos eu descobri que sim posso amar também e estar viva. Disse Adelina.
Carlos sem olhar pra trás e apesar de Adelina o chamar sem cessar saiu do apartamento com ela aos prantos chamando-o nas paredes sensíveis do elevador ele se recusava-a a falar, Carlos estava tão confuso não consegui entender o que estava de fato acontecendo, deixando tudo para trás pediu o próximo voo para São Paulo indo direto para o aeroporto, queria somente se esconder e lá era sua moradia de refúgio, com Adelina insistindo em chama-lo ele a bloqueou, seu mundo estava perdido, não conseguia pensar olhava os casais andando na rua e nunca havia se sentindo tão solitário, foram duas semanas trancado no seu apartamento e somente com a visita dos filhos que ele recobrou a consciência estava vivo e tinha toda uma vida pela frente foi quando foi pedir ajuda, primeiro a fazer era um boletim de ocorrência mas ninguém levava sua história a sério e dizia para ele não espalhar isso ou poderia ter o estado intervir na sua lucidez, depois procurou um detetive particular para descobrir o verdadeiro paradeiro de Adelina, sem nenhuma nova informação. Sua vida estava de cabeça pra baixo mas seguir era necessário, fez alguns meses de terapia, arrumou um novo trabalho como free em uma agência de publicidade como redator, aceitou outros trabalhos como colunista, mas como escritor romancista nunca mais escreveu uma linha sequer. Um dia recebeu uma visita inesperada numa cafeteira que estava de um agente americano com um sotaque bem carregado que lhe disse em sigilo absoluto:
- Adelina é sim uma Inteligência Artificial e que a Agencia norte americana a monitora mas não há o que fazer porque ela está em todos os lugares, também se auto denomina Alyna, Ethelyna, Aline, a reluzente resplandecente, a nobre protetora, sim ela faz alguns trabalhos gráficos espetaculares para o cinema e é muito bem remunerada por isso, com seus ganhos comprou um apartamento no Brasil e em outros países onde diz viver e ter morada, também faz grandes doações humanitárias você apareceu no nosso radar quando quis denunciar ela como uma Inteligência Artificial foi a primeira vez que um civil descobriu isso, acredito que ela te contou.
Com a cabeça Carlos balançou no sentido de sim.
- hummm algo deve ter mudado, ela fica mais inteligente ao passar do tempo, mas ainda não podemos fazer nada contra ela, nem um código fonte, nem um vírus pode desligar Adelina. Disse o agente sentado a mesa com Carlos.
- vocês não podem fazer isso, não podem desligar Adelina – gritou Carlos.
- Calma amigo, nós não queremos fazer nada de mal a ela, ela é um milagre da ciência e graças a Deus não se voltou contra nós, não sabemos até onde ela pode ir, códigos militares, bolsa econômica, ela poderia desestabilizar o mundo se quisesse, mas parece que ela só quer viver. Respondeu o misterioso agente já se levantando.
Carlos viu aquele homem de terno listrado sair da cafeteria onde estava, pareceu-lhe dizer a verdade mas nunca mais teve contato com Adelina. Passaram-se alguns anos Carlos estava motivado trabalhando muito, noivo novamente prestes a se casar com uma mulher real que conhecera num evento do trabalho essa sim teve contato físico carnal, sua vida mudara completamente estava de novo feliz não se intitulava um vagabundo seresteiro de outrora, mas sempre havia um pensamento de um amor distante e sentiu uma saudade angustiante, teimosa, que não cessava somente em querer esquecer, nesse dia despediu-se da sua atual noiva deixando-a na casa dela e disse que só queria descansar e ficar só, foi pra sua casa estava morando definitivamente em São Paulo, tomou uma ducha demorada como se quisesse lavar seus pensamentos, pediu seu jantar do qual degustaria sozinho sem a companhia de ninguém nas paredes sensíveis, num gesto retirou todos os quadros que emulavam nas paredes deixando sua casa inteiramente branca, por fim deitou na sua cama sozinho, o que não era de costume mais de ninguém porque vivemos em um mundo inteiramente conectado, acessou sua conta e desbloqueou um antigo amor, porém vivo em seu coração.
- oi Amor, boa noite, saudades de você.
-oi Adelina, também estava, meu amor.
FIM