ROMANCE PRIMAVERIL

Era Primavera, a estação das flores, dos amores, da fragrância das gardênias pelo ar. Era momento de elegância, de sensibilidade, como o desabrochar de uma flor ou o gorjeiar de um pássaro a voar. Elisa era uma jovem sonhadora que vivia suspirando pelos quatro cantos da casa, ainda alimentava um amor do passado, um sentimento que havia se perdido ao longo do tempo, mas que ela insistia em encontrar... Uma garota que precisou deixar a sua terra natal, ainda adolescente, para dá continuidade aos estudos. Até o término do Ensino Médio ela morava com seus pais em um pequeno vilarejo do Nordeste, lá onde o vento fazia a curva , local onde os seus avós continuam morando. Elisa era apaixonada pela natureza, ela passava horas recordando o momento que conhecera Eugênio. Precisamente, o seu primeiro encontro com o garoto, o dia em que eles se conheceram e se apaixonaram. Elisa olhou para um canto qualquer do quarto, e retrocedeu no tempo...

Há anos atrás, ela foi passar um final de semana com seus avós maternos na sua cidade de origem... Durante toda viagem, a garota olhava o deslumbrante cenário pela janela do trem, seus olhos percorriam do verdejante campo até os altos montes, as brancas nuvens viajavam ao léu e destacavam-se no azul do céu; por lá o aroma era de poeira, mato e terra molhada. De repente, a menina avistou o pequeno vilarejo onde nascera. Seus olhos brilhantes se encheram de lágrimas, pois ela tinha saudade dos seus avós. Logo, ela viu o avô encostado à velha marquise de um armazém, era a última estação e retorno do trem. De repente, algo chamou a sua atenção, um jovem rapaz em cima do telhado de uma das casas, salpicava um beijo para ela, a garota retribuiu com um suave sorriso e logo depois, a cena sumiu de seu quadrante de visão. Pela janela ela acenou para o velho José, seu adorável avô, que retribuiu com um largo sorriso estampado no rosto. O trem deu um apito longo e estacionou bem em frente ao avô da garota, que correu ao seu encontro.

A jovem Elisa desceu apressada do trem, abraçou o avô, e foi logo perguntando pela sua avó:

- Que saudade, vovô José! Sinto muito a falta de vocês, que às vezes chego a chorar de tanta emoção. Vovozinho, como vai à vovó Laura?

Seu velho avô passou os dedos na alva cabeleira, e respondeu-lhe:

- A sua avó ficou preparando sua sobremesa preferida, um bolo de cenoura com calda de chocolate.

- Uau vovô, que delícia! Respondeu-lhe Elisa.

Os dois saíram abraçados em direção ao vilarejo principal. Chegando ao destino, a garota aproveitou o momento em família, e logo depois foi descansar um pouco... já era final de tarde quando Dona Laura entrou no quarto, que a garota descansava, e quebrou o silêncio:

- Elisa, vá se arrumar que vamos para uma quermesse na Praça do coreto.

A garota olhou para sua avó, e respondeu-lhe:

Ah, que saudade das quermesses! Pois vamos, quero matar muitas saudades.

Era noite quando elas chegaram ao local do evento. Todo cenário estava enfeitado e iluminado. Muitas barraquinhas coloridas com as principais e tradicionais comidas, e jogos de diferentes modalidades. Uma barraca, em especial, chamou a atenção de Elisa, a barraca do beijo, e para sua surpresa quem estava no comando era o jovem que havia salpicado um beijo para ela, pela manhã em sua chegada. A garota vacilou, mas se aproximou em seguida. Sabe-se que (barraca do beijo é uma atração festiva onde a pessoa que comanda a barraca beija quem ali vem por dinheiro, frequentemente para levantar recursos para uma entidade religiosa da comunidade, ou ainda por caridade). Elisa colocou algumas moedas na caixinha de coleta e fechou os olhos esperando seu beijo no rosto, porém Eugênio beijou suavemente os lábios da jovem que desabou de tanta emoção. Logo depois, ele disse-lhe:

- Oi, menina linda! Sou Eugênio. Nunca te vi por aqui!

Elisa enxugou uma lágrima que rolava em sua face rosada, e respondeu-lhe:

- Olá, sou Elisa! Estou passando um final de semana com meus avós. Mas, já morei nesse vilarejo. Eugênio deixou outra pessoa cuidando da barraca e foi passear com Elisa. Eles passearam e ficaram juntos durante toda a quermesse, como também o final de semana. Assim, eles se apaixonaram de imediato. Um amor à primeira vista. Ficaram se comunicando por meses, mas depois as mensagens pararam. E Elisa nunca mais o esqueceu. Ela voltou ao seu ritmo normal, porém sempre viajava no tempo à procura de seu grande amor.

Um certo dia, Elisa chegou mais cedo da faculdade e ficou surpresa quando sua mãe falou que um certo Eugênio estivera à procura dela, e prometeu que voltaria logo mais à noite... já era noite quando Eugênio voltou para falar com Elisa. A mãe da garota foi até os aposentos da filha e disse-lhe que Eugênio a esperava na sala. A jovem Elisa tremia da cabeça aos pés quando ficou cara a cara com o único amor da sua vida. Ele se aproximou de Elisa, pegou sua mão e, disse-lhe:

- Elisa, não adianta reconstruir o passado. Vamos viver o presente e construir um futuro juntos. Você quer casar comigo? Porque eu nunca deixei de te amar.

A garota olhou bem dentro dos olhos do rapaz, e respondeu-lhe:

- Eugênio, eu te amo! Claro, que quero casar contigo.

O rapaz beijou-a intensamente e foram construir uma vida juntos.

O tempo passou rápido... Elisa e Eugênio se casaram, tiveram filhos e foram muito felizes.

Uma história com final feliz! O verdadeiro amor não se perde no tempo, pelo contrário, se fortalece ao longo do tempo.

Elisabete Leite
Enviado por Elisabete Leite em 19/04/2021
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