Esquina, epifania e doença
Felipe C.S
30/03/2021
Instagram: @felipecsoficial
Era noite, o céu estava cheio de estrelas brilhantes e nós caminhávamos juntos. Eu a acompanhava até em casa. Enquanto ela falava eu só conseguia prestar atenção em seu sorriso – era o conforto que eu procurava – e em seus olhos – era o único brilho que eu enxergava. Ela tem um olhar hipnotizante, grande e belo como um par de turmalina paraíba, que estava ali, bem na minha frente. Um sorriso encantador, que é impossível descrever em palavras... Ela é divertida, ela é inteligente e a sua delicadeza faz com que eu me sinta melhor.
Então, chegamos na esquina da casa dela. Nesse momento ela me abraçou forte e, minha consciência se expandiu: só conseguia sentir o toque dela, a pele branca e macia e o cheiro do perfume. Naquele momento, parei de raciocinar, não conseguia controlar meu cérebro. A Terra parou, e fui levado a um lugar confortável, um lugar dentro de mim mesmo que ninguém havia entrado antes. Esse lugar era o único que eu me sentia confortável, agora ela está aqui comigo. Ela, com sua delicadeza, doçura e beleza conseguiu atingir lugares que ninguém nunca conseguiu. Quanto mais forte ela me abraçava menos racionalidade eu tinha. Eu só queria que aquele momento durasse eternamente... Consegui viajar todo o Universo sem sair daquela esquina, pela primeira vez na minha vida, tive a verdadeira noção do belo. Aquele perfume delicado fazia com que, eu, me sentisse embriagado. Esse é um perfume que não se vende em loja, é um perfume que só ela tem e que nem uma outra jamais terá. É um perfume natural de uma flor rara e angelical. É, na verdade, um perfume puro, indescritível... meu Deus! Só pode ser algo divino, não consigo entender.
Então termina o abraço, ela se despede e vai embora. O tempo passa, mas não tem um dia da minha vida que eu não lembre desse momento. Sabe, já estudei toda a literatura existente sobre a temática e, mesmo assim, me sinto tão perdido quanto no início. Mas a melhor definição que achei para amor vem do grego “páthos” paixão, que também significa patologia, ou seja, paixão enquanto uma espécie de doença. Sim, meus caros, estou doente...
Essa doença está me levando ao delírio de acreditar em utopias, logo eu, um cético. Basicamente, essa doença me fez sentir perdido e fraco. Perdido porque já fiz tudo que podia ser feito, e mesmo assim continuo no perdido nesse labirinto. Entendem? Sabe aquele momento que não importa o caminho que você pegue sempre volta para o ponto de partida, então, isso que eu quero dizer. Fraco porque pela primeira vez eu perdi, isso chafurdou minha mente de tal modo, que agora não consigo mais organizar. Não, eu não sou um Zé ninguém de um lugar qualquer, pois tenho um repertório intelectual e mais conquistas acadêmicas que a maioria das pessoas. Eu sei que isso parece um pouco arrogante, mas se serve de consolo, eu nesse momento, me sinto um idiota esperando para que talvez um dia realize minha utopia.