PRIMEIRA PAIXÃO

era uma manhã, mas não como uma outra qualquer de terça-feira. ele acorda atrasado, como sempre, para ir à escola. reclama da hora em que acordara, faz cera antes de tomar o banho. terminou o banho, era manhã chuvosa e o frio o abraça como um amigo com saudades de seu cumplice de aventuras, ele vai ao quarto, ainda com a cama desajeitada pela noite dormida, busca sua camisa branca - é de costume começar o ano letivo indo com camisas brancas -, sua calça jeans escura e seus sapatos do futebol, ele, então, se veste e volta para tomar seu café da manhã, já posto na mesa por sua adorada mãe. termina-se o café. hora de ir. era o primeiro dia do ano letivo e ele fora às suas obrigações estudantis com uma tromba sem tamanho. chegando ao ponto em que pegaria o ônibus para se conduzir até a escola; uma escola grande e com muitos alunos, dizia-se ser uma das melhores da cidade. ainda no ponto, alguns colegas se encontram e começam a conversar uns com os outros; uns ainda tímidos preferem o santo calar da boca. o jovem em questão, no auge de tua puberdade, e, ainda, infantilidade, presente vê sua condução chegando. nesta manhã ele seria vítima de uma temida doença mental: a paixão. o veiculo para e as portas se abrem, ele entra dentre os últimos estudantes e não acha mais cadeiras sobrando - a viagem vai ser em pé. o jovem é um garoto sério, mas de bom coração, risonho, curte esportes, principalmente futebol, que decerto ainda é a preferência mundial dos jovens garotos do mundo. ele para, mais ou menos, no meio do ônibus e segura-se nos ferros acima da cabeça e a condução começa a encher de alunos e de pessoas normais indo ao trabalho ganhar o seu pão, era uma rota com muitos pontos. não demora e ele vai sendo obrigado a ir para a parte traseira do carro e isso foi o que o levou a vê-la sentada na penúltima cadeira mas não do lado da janela...sim, a garota por quem ele se apaixonara: cabelos pretos e longos e esvoaçantes e lisos, com uma mexa um tanto avermelhada em sua franjinha, olhos castanhos que se confundiam com os olhos de uma felina, sua boca formada pelos lábios rosados tão chamativos e suculentos como morangos, ela tinha uma voz doce e meiga, uma tonalidade capaz de o transportar para o lugar que ele desejasse, assim ele a enxergou, de fichário com personagem de desenho animado, calça preta e, também, blusa branca. deste momento em diante ele não pararia de observá-la durante todo o trajeto, ela era realmente linda e cativante. o cativou. o tomou pelos pés e mãos. se fez presente, a partir daí, a sua primeira paixão.

Gleidston de Aragão
Enviado por Gleidston de Aragão em 18/03/2021
Reeditado em 18/03/2021
Código do texto: T7209677
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