QUANDO O AMOR DIZ ADEUS

Saymon estava impecável no smoking preto. Uma gravata no formato de borboleta enfeitava seu pescoço. Os sapatos estavam polidos e brilhosos. Ele estava sentado num bar movimentado no centro de Munique. Algumas horas mais cedo, ele ligou para Heidi, a mulher que por anos fora sua confidente e melhor amiga. Saymon queria encontrar-se com ela; ele estava ansioso, em poucas horas seria um homem casado.

Evelise, uma moça de boa família e bem-educada, era a mulher que desposaria Saymon. Os noivos se conheceram em Stuttgart, quando Saymon foi fazer uma visita a sua mãe naquela cidade. Evelise era filha de uma amiga da mãe de Saymon. O romance deles aconteceu rápido e em dois anos de namoro decidiram casar-se.

Heidi entrou no bar e avistou Saymon. Ela notou seus olhos fundos e sua pele pálida. Apesar da aparência fantasmagórica, Heidi achou-o encantador no traje de casamento. Encaminhou-se apressada para ele:

— Nada bem para quem vai se casar daqui a pouco. — Heidi sorriu para encorajá-lo.

— Confesso que estou assustado, Heidi.

— É normal ter medo, Say. Você vai assumir uma grande responsabilidade, mas tenho certeza que irá se sair bem.

Os dois amigos ficaram um momento se encarando. Os dois eram inseparáveis, porém sabiam que tudo estava para mudar. A partir do momento em que Saymon dissesse “sim” no altar, a amizade deles não seria mais a mesma. Ele teria uma nova melhor amiga e companheira, alguém que receberia toda a sua atenção e seu amor. Heidi estava feliz pelo amigo; no entanto, sua alma gritava desesperada. Ela o amava mais do que supunha ser capaz. Seu coração estava partido, seu doce Saymon daria seu carinho e dedicação para outra mulher. Tivera anos para dizer o quanto o amava e o desejava para si, porém o medo fora seu maior inimigo. Agora era tarde, ela não pediria para ele ficar, não seria justo. Apenas o fitou e imaginou como seria se ela não fosse covarde. A vida era um rio correndo apressado, e Heidi via seu amor ser levado pelas correntezas.

— Você não pode chegar depois da noiva; vá ligeiro, Herr Saymon. — Heidi afagou o rosto do amigo.

— Irei te ver lá, Fräulein Heidi? — Perguntou esperançoso.

— Quem sabe!

Fitaram-se por mais alguns momentos. Saymon terminou a bebida em um só gole e saiu do bar.

Heidi pediu uma Weihenstephaner e deixou o álcool lhe aplacar o espírito inconsolável.