AMOE E AMBIÇÃO - XLII
XLII
A tarde daquele domingo na cidade de Santa Luzia se bandeava para os lados da noite, quando a trupe de dona Carminha e de seu Zé da Guia decidiram que já deveriam retornar à casa.
O bate papo em volta da mesa do restaurante mais famoso da cidade ficará na memória da família de Genilsom. Foi uma conversa para aparar algumas arestas e clarear os mal entendidos. Dona Carminha saiu do restaurante com outro pensamento a respeito de Zefinha. Até passou a compreender melhor o uso das roupas tão diferentes das suas. Mudar de idéia não é um ato negativo. E ela havia lido isso num dos cadernos velhos do filho: “Só os idiotas não mudam”. Mesmo sem se lembrar do nome do filósofo, autor da frase, ela repete sempre que possível. Inclusive não se cansa de encher, com essas palavras, os ouvidos do marido, diante do seu estado de quase inanição, afundado no sofá da sala. Só que seu Zé da Guia finge não entender a frase. O amor que ele dedica à preguiça é quase um sentimento religioso. Algo comparável à fé.
Genilsom deixa seu pai e sua mãe em casa e segue para S. Luiz. O dia seguinte será de muito trabalho lá na redação do jornal. Os quarenta minutos que separam Santa Luzia de S. Luiz colocaram muitas reflexões nas cabeças dos três que usufruíam um ar refrigerado top de linha daquele carrão, no retorno a casa.