O Sol e o Vento

      Chegávamos à encosta da colina. Encostamos os carros em uma clareira e aguardávamos nosso guia nos levar até onde iria começar a nossa caminhada. Nosso grupo era composto de homens e mulheres, casais, que se conheciam a muitos anos. Participavam deste passeio anualmente. Com o intuito de fortalecer, cada vez mais, o elo de amizade. Nós nos conhecíamos, cada traço, cada fala, compreendendo as intenções a um olhar.
Nós começamos a andar, eu estava um pouco magoado por ter me separado a alguns meses do amor de minha vida, aproveitei para deixar tudo de lado e caminhar até ficar sem fôlego; junto a pessoas que amo e me amam sem as preocupações de manutenção, agrado para não perder a amizade. Amizade que era ligada como um forte concreto.
     Na metade do caminho paramos embaixo de um grupo de árvores. Sentei e fiquei olhando para o horizonte, perdido em pensamentos. Neste período ocorreu um estonteante momento. Uma mulher corria à beira de um riacho, no momento não sabia se era bonita ou não, pois estava muito distante. Seus cabelos esvoaçavam como se tentassem ganhar vida. Corria de biquíni e eu percebi que o sol refletia em seu corpo que parecia ter luz própria. Estranhamente meus amigos se afastaram quando perceberam que eu estava viajando naquela visão. Ela se deitou jogando o cabelo na face, girando a cabeça para o lado. Esticou uma perna enquanto dobrava a outra. Não consegui me deter e caminhei até ela, era como um impulso que me levava a fazer esta tolice de tentar falar com uma completa estranha. Caminhei temeroso até chegar bem próximo e percebi que era Raquel, minha esposa. Sentei ao seu lado e como enamorados a beijei olhando em seus olhos e falei: – Por que demorou tanto.
     Próximo ao rio em uma pequena elevação meus amigos sorriam feito loucos, uma grande amiga chorava, então percebi que fora lançado em uma grande armadilha pelas pessoas que mais amo. Eles me jogaram de volta para os braços de meu verdadeiro amor, entre o sol e o vento.