Com você é paixão - 1
Talvez se eu não tivesse visto sua mensagem, ou não tivesse atendido o celular, isso não estivesse acontecendo agora comigo e com você. Teria nos poupado. Mas naquela noite, você não imaginaria a dimensão da saudade que eu sentia e de como eu precisava de você, nem que fosse apenas pra te ver. Toda aquela chuva não foi suficiente pra você desistir daquela ideia e quando você passou pela porta e vi seu rosto, entendi que nem toda água do mundo te impediria de ter saído da sua casa naquela noite.
A janela emitia o som característico da chuva, do alto do apartamento via as ruas de São Paulo se tornarem rios. Pensei "o que a gente tá fazendo? Que loucura." O coração palpitava conforme os minutos iam passando, logo você chegaria no prédio, há quanto tempo não nos víamos? 2 anos? Menos? Mais?
Eram onze da noite quando vi seu carro estacionar, e vi você atravessar a chuva em direção ao prédio. Trinta segundos depois e o interfone tocou. Mais alguns segundos e você estava na minha porta. Você e eu, nos encarando, depois de 2 anos. Você tinha o rosto cansado, os mesmos olhos grandes e castanhos, me encarando da mesma forma como naquela época. Te abracei.
Não falamos nada, não haveria naquele momento gramática que expressasse o que tinha no meu peito. No que estávamos nos metendo? Que chance isso teria de se tornar algo? Tudo o que temos é a vontade de ter um ao outro. E por que esse sentimento é tão forte? Quantas vezes na vida eu senti isso por alguém? Essa necessidade sufocante.
A partir daquele momento nada parecia real, eu me sentia embriagada e podia sentir que o mesmo exalava de você, o sentimento era similar a matar a sede depois de dias sem água.
Nos esbanjamos. Cada centímetro meu tinha cada centímetro seu. Era um precipício e nós nos jogamos, sem temer chegar ao chão.