Eu Sou Um Tanto Estúpido (Miopia)
Eu sou um tanto estúpido. Sei que é o que estás pensando. Vai em frente, diga. Faço questão de assinar embaixo. Sabe... Há boatos que as águas da chuva do Himalaia tem atingido o solo menos frias este ano, e... mesmo as gaivotas mais desbravadoras, aquelas mais livres, têm se arriscado menos ao pairar sobre o mar. Deve haver algo estranho no ar, não sei, não sou capaz de dizer certamente. Não enxergo bem gaivotas ao ponto de distinguí-las das nuvens, ou gotas de chuvas do Himalaia a ponto de distinguí-las de lágrimas. Mas é fato que há nuances incontáveis, quase que indistinguíveis, entre céu, terra, e sub-solo. Eu sei. Numa dessas nuances está meu mundo finito, cronometrado. E, ainda assim, minha tenra, porém, tenaz nuance parece fora do alcance das mãos. Eu pareço meio... absorto. Isso até tu pegares teu caminho de sempre até a casa. Mas, dessa vez, noutro horário. E eu, que encarava meu telemóvel, metade estático, metade apático, levantei minha cabeça em dois angulos diferentes, em duas frações de momento diferentes, para ver se talvez te reconheceria. O fiz desajustado. O fiz rápido. O fiz apenas por quê tenho miopia.