Flores para Guinevere

O dia dos namorados se aproximava na escola e as meninas estavam um tanto ansiosas planejando para quem enviariam as cartinhas.

— Alessandra, você vai mandar cartinha para o Felipe?

— Eu vou ter que colocar meu nome por acaso?

— Sim, senão não teria graça...

— Então não... Você sabe que eu sou muito tímida para fazer isso. E se ele não gostar de mim? Estou esperando uma hora melhor para me aproximar.

— Se você não fizer, sabe muito bem que eu vou fazer por você né?

— Guinevere, você não tem ninguém para enviar cartinhas não? Ou quer somente fuçar na vida alheia?

— Os meninos dessa escola são muito bobos, não achei nenhum com a minha vibe...

— Como sempre você é descolada demais para os outros, correto? Você não é a única menina de cabelo pintado aqui sabia? Acho que tudo o que você precisa é de um Emo que saiba astrologia.

— Ahh verdade, todas as pessoas precisam de um Emo que entenda astrologia, é o grande sentido da vida. Mas e aí, você vai topar enviar a cartinha ou não?

— Ual, não demorou muito para voltar ao assunto. Eu prefiro não... Mas você está esquecendo uma possibilidade.

— Hm?

— Estamos pensando em enviar, mas e se nós recebermos? O que pode ser que aconteça. Como iremos reagir? Eu sinceramente não sei como reagir se alguém me der alguma coisa...

Antes que Guinevere pudesse descordar de Alessandra, Valéria entrou na sala segurando duas rosas e as entregou na mão de Guinevere.

— Toma, e aqui também tem uma cartinha. Antes que você pergunte quem foi, saiba que eu não posso revelar em hipótese alguma.

— Ai meu Deus, eu não acredito que isso aconteceu... Quem foi o infeliz?

— Lucas da outra sala. Mas lê a cartinha pelo menos, para ver o que está escrito.

— Ah sim, aqui está dizendo hmm, blá blá blá gosto de você, blá blá blá amor verdadeiro. Quer ouvir mais?

— É uma declaração de amor, ele pediu para namorar?

— Por incrível que pareça, não... Acho que ele não tinha esperanças no final das contas. Viu Sam? Os garotos daqui são bobos demais. Se declaram sem esperança de ficar com a garota...

— Suicídio...

— Hm?

— Suicídio amoroso - Completou Alessandra. — É uma forma de amor platônico, ele provavelmente espera que você o procure, e caso você não goste dele, então sua indiferença é resposta mais que suficiente. Você diz que é bobo mas na verdade é até bem pensado.

As aulas estavam quase acabando e Alessandra ainda não recebera nada de ninguém. No último minuto do segundo tempo, Felipe, o garoto que ela gostava, se aproximou e puxou assunto:

— E aí, você não é a novata?

Ela balançou a cabeça positivamente porque as palavras ainda lhe faltavam.

— Achei muito chique quando você falou Francês e Inglês durante aquela aula, quanto tempo você demorou para virar poliglota?

— Obrigada, não costumo ser elogiada assim haha (sorriso sem graça). Mas eu não domino totalmente o Francês, ainda preciso treinar muito para dominar a "Grammaire"...

— Ual, seu sotaque é tão bonito, ficou realmente parecendo uma francesa. Sabe, eu sempre quis aprender outra língua, você não me ajudaria a melhorar meu inglês?

O coração dela tremulou de alegria e timidez, sem pensar duas vezes ela aceitou:

— Eu tenho bastante tempo livre depois das aulas, se você quiser eu posso te ajudar sim...

— Ah claro, então depois nós conversamos isso melhor. Só para confirmar, seu nome é Alessandra né?

— Isso! E o seu é Felipe, isso?

— Ual, já sabe meu nome haha (sorriso bobo), e última pergunta Alessandra. Você recebeu, por acaso, algum cartãozinho hoje? Ou enviou?

— Nossa, na verdade eu não ganhei nenhum, e eu também não enviei cartãozinho hoje...

— Sério? Uma menina como você deveria ficar lotada de cartõezinhos... Só para não dizer que não ganhou de ninguém, aceita se eu te der um cartãozinho?

— Ual, não precisava se incomodar, mas eu ficaria grata...

Ele deu um cartãozinho na mão dela e então se despediu pois o sinal já houvera tocado. Quando Alessandra virou o cartãozinho, para sua surpresa seu nome já estava escrito lá.

"Que malandro..." pensou ela enquanto ainda estava parada processando o que acabara de acontecer.