Te encontro no Hall ( Afro futurismo )
Te encontro no Hall.
Na mama África, a caminho da glória Banoo e Cativ chegam na cidade em seus automóveis ultravelozes riscando o chão com traçados que lembram Sun Ra, com ele aprenderam a se apropriar do que eram, viviam o amanhecer sem se preocupar com o que virá.
Sun regia suas ações, eram a inspiração que os tragava para um mundo regado a Outkast e Janelle, cansaram de ser o que queriam que fossem e partiram para mostrar a Mark Dery que há sim uma identidade que lhes pertencia.
Nas ruas, mulheres altas com specchios ao redor do pescoço ou a cobrir seus cabelos trançados; estavam no paraíso, aquela cidade os aguardava para o show de suas vidas, arrebatariam o público e os levaria ao moondance como nunca tinham visto antes, atrás de seu carro - certamente distantes, pois a velocidade que alcançaram não permitiria que chegassem tão depressa- vinha uma caravana de maquinários, mood sci-fi, roupas cybers e tantas outras obras de arte que deixariam o público vislumbrado.
Estacionam o carro na frente do hotel com partes feitas de Grafeno - possuindo paredes extremamente finas - que os receberiam, estavam loucos por um banho de água bem gelada para refazer as forças e encarar aquele dia. O Show seria a noite e o dia ainda amanhecia, mas só para montar a estrutura e maquiar as doçuras que encantariam o público ocuparia todas as horas antes da apresentação.
O exótico dava lugar para o extraordinário, ao êxtase da liberdade de expressão, queriam mostrar autoconfiança e qualidade e não só a beleza corporal que certamente possuíam, mas a voz que lhes era própria não deixaria quietos pés e mãos, queriam ver o suor nos rostos e a alegria em seus passos ao som de suas novas canções.
Sobem o elevador, último andar. Gostam de ver a cidade do alto, é lá que querem estar.
No décimo segundo andar entra uma gatíssima de olhos negros com um visual felino em cores fortes, cabelos lindos e bem trabalhados misturando-se ao casaco de crinas de cavalos deixando exposto apenas um dos seios quase por inteiro e a cocha direita de beleza escultural, tomada de um sorriso que os cativaram a seguiram com os olhos ao deixar o elevador um andar abaixo.
Banoo: Que gata é essa meu amigo, que loucura, precisamos conhecê-la.
Cativ: De sair lágrimas dos olhos, deve ser muito famosa, vamos ligar para a recepção.
Passam o cartão de acesso na porta e depois de jogar as mochilas sobre a cama vão ao telefone, Banoo vai direto ao assunto:
-Bom dia gostaria de saber quem é a gata que subiu os elevadores com uma roupa muito exótica há pouco.
É a SandLos, realmente muito bonita. Canta nas noites, dizem ter uma voz maravilhosa.
- Obrigado pelas informações.
Os dois correm para os chuveiros, são três suítes em alto estilo com ornamentação egípcia e lençóis em cores fortes.
SandLos faz a mesma coisa perguntando sobre os jovens que subiam pelo arranha céus e fica feliz em saber que fariam show naquela noite, já tinha o que fazer em sua folga.
Pediu à recepção que os atraísse ao hall de entrada em uma hora, era o bastante para ela se arrumar.
No local do show a equipe chega após uma hora e quatorze minutos e avisaram aos dois que em seguida descem ao hall para ouvir a voz da que encantara com sua beleza exótica.
Sentam-se em um dos sofás e a observam. A voz era doce e forte ao mesmo tempo, um rosto fino e sensual, mas o que inquietava Banoo principalmente eram os seus seios, um deles o absorvia completamente, o outro era seu desejo maior naquele momento.
Cativ a olhava, mas ao perceber o entusiasmo do amigo passa a admirá-la com respeito, sabia que ele a conquistaria.
Ao redor do saguão junta-se uma pequena plateia que passa a ouvi-la atentamente, três músicas que eram acompanhadas por algumas vozes tímidas dando ao pequeno show um romantismo todo especial.
Findo o espetáculo e sob aplausos eles dirigem-se a ela.
Bravo SandLos, belíssima voz. Como posso recompensá-la?
Irei ao show de vocês esta noite, dediquem uma música para mim.
Banoo : Serão todas dedicadas a ti, eu garanto. Beijou a mão da envolvente anfitriã e despediram-se, tinham que ir preparar o esperado caminho para a glória naquela cidade, e agora com dupla intenção atrair os olhares da dama que o conquistara tão rapidamente.
SandLos inquietou-se com o charme de Banoo, rejeitara cantadas displicentes por sentir vulgaridade nas palavras, mas Banoo realmente a olhava com doçura, apesar de suas veste exóticas primava por ter uma vida partilhada com alguém muito especial, nada de entrar e sair de relacionamentos, exibia-se, mas não para deixar-se levar por olhos e braços bonitos e sim por sentimentos que a realizasse como mulher, afinal de contas já estava com seus vinte e dois anos era uma eterna sonhadora.
Nas ruas da cidade sul africana que não foram afetadas pela guerra os hotéis, cassinos, viadutos, prédios eram um luxo só. Automóveis eram quase todos movidos a eletricidade já que depois dos conflitos os barris de petróleo decolaram como os aviões que os utilizava.
Robôs eram vistos em todos os cantos, ajudavam até pessoas com deficiência atravessarem as ruas movimentadas, recolhiam sujeiras deixadas por pedestres, mantinham limpas as praças e desinfetavam o tempo todo os lugares mais movimentados.
Alguns deles eram vestidos de policiais e ficavam enfrente a lojas e lugares de movimento intenso, uma lei não permitia que agissem contra humanos, mas só a presença já inibia contraventores, pois difícil era saber se eram robôs ou não.
Adentram ao local do espetáculo e ficam extasiados com tamanha beleza, luzes cobriam todo o palco e plateia, eram intermitentes de acordo com o desejo de quem as manipulava, mudavam de cor e em alguns pontos soltavam fumaças geradas pelo gelo seco.
Antes do almoço estariam treinando os passos das danças em cada uma das músicas, e a tarde seria destinada a maquiagem e cabelos, missão nada fácil para todos os visuais que se apresentaria, um mais fantásticos que os outros, iriam realmente arrebatar os ouvintes.
Banoo: Petro ajuste o foco daquela luz, ela tem que se espalhar um pouco mais a direita.
Cativ: Melindra, os passos estão ótimos, mas vamos precisar de um pouco mais de naturalidade.
Franz: Precisamos de mais um microfone com pedestal para quando Banoo for fazer o solo da música Albani.
Assim foi toda a manhã, ajustes e organização de primeira qualidade, nada de querer improvisar, tudo tinha que ser muito bem calculado. A plateia merecia.
Viviam os grandes músicos e seus pensamentos, à moda Grace é ele por mim e eu por ele, ou com o entusiasmo dele sentir-se em casa na hora do show de modo a afirmar: Já vi este rosto antes. Seria como se estivessem sempre ali a fim de que realmente voltassem. Estavam amando a cidade.
A tarde vestiriam Project Tyrible e Daolondon principalmente.
Todo mundo é alguém era a frase de impacto da equipe, ninguém pode ser menosprezado, tudo é importante, pois o show é a soma de todos os trabalhos.
Após um almoço controvertido passaram a realizar as transformações exigidas para o show.
Luzes apagadas, plateia presente ocupando todos os espaços, inicia o esperado show que abalaria as estruturas do aconchegante Marco Polo Shows.
Na primeira fila, diante das vozes do espetáculo SandLos abrilhantava a plateia. Foram duas horas de pura alegria, mostraram realmente a todos o poder da música Moondance.
Suados, mas felizes como nunca curvaram-se diante da plateia que os aplaudia insistentemente.
Depois, o abraço esperado da noite que logo transformou-se em um momento de romantismo observado por muito que os rodeavam.
Enquanto descansavam ou dormiam o casal passou a primeira noite no apartamento, seu amigo de quarto nem pensou em atrapalhar a felicidade de ambos, juntou-se aos demais. Na semana seguinte teriam outro espetáculo no mesmo lugar, logo que acabaram foram informados que a procura por ingressos era imensa.
O brilho daquela noite os seguiria pelas ruas da belíssima cidade, pelas quais desfilavam a alegria de uma sintonia que só os artistas conhecem, partilha que dá vida aos sonhos que querem realizar.