DUAS CIDADES
No interior do Nordeste duas cidades, de Estados diferentes são juntinhas.
São separadas por paralelepípedos horizontais no meio da rua principal.
Uma, mais antiga, dos anos de 1600 e lá vai história. Os nomes são um o significado da outra.
Ali, os cemitérios são um na frente do outro.
Faustino tinha um grande amor que era do lado de lá. As famílias viviam brigando e impedia o namoro dos dois. Raíza era de origem humilde e Faustino filho de fazendeiro, do tempo dos Coronéis.
Encontravam-se no cemitério, onde ela dizia que ia rezar pela sua mãe que morrera de parto e ele falava que ia rezar pela irmã, que perdera muito jovem.
Todas as tardes eles saiam e davam um jeito de se encontrarem no cemitério para namorar.
O coveiro via aquilo e ficava calado, Era a testemunha, além dos túmulos e as almas ali repousantes.
Certo dia, o Coronel resolveu seguir o filho e o pegou com Raíza em frente o túmulo da mãe. Furioso sacou uma arma e disse que com ela ele não ficaria e acabou atirando e acabando com a vida dos dois.
Foi um horror na cidade e o Coronel se deu conta da barbaridade que havia feito, teve um enfarto e ficou doente em cima de uma cama por muitos anos.
A família de Raíza, jurou vingança e a cidade inteira se comoveu nos velórios.
Dois caixões, cada um com sua família, foram enterrados nos cemitérios da sua cidade, um frente ao outro.
Essas almas nunca deixaram de se amar. Todas as noites se encontram, enquanto todos dormem, os dois passeiam livres pelas cidades, sentam nos bancos das praças, visitam as igrejas, andam nas ruas, namoram e voltam para a morada eterna.